Hepatites virais

As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Trata-se de uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Entretanto, quando presentes, elas podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Dra Claudiani fala sobre as Hepatites Virais. Imagem: Marta Wave no Pexels.

No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.

As infecções causadas pelos vírus das hepatites B ou C frequentemente se tornam crônicas. Contudo, por nem sempre apresentarem sintomas, grande parte das pessoas desconhecem ter a infecção. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico. O avanço da infecção compromete o fígado, sendo causa de fibrose avançada ou de cirrose, que podem levar ao desenvolvimento de câncer e à necessidade de transplante do órgão.

O impacto dessas infecções acarreta aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada às do HIV e tuberculose.

Atualmente, existem testes rápidos para a detecção da infecção pelos vírus B ou C, que estão disponíveis no SUS para toda a população. Todas as pessoas precisam ser testadas pelo menos uma vez na vida para esses tipos de hepatite. Populações mais vulneráveis precisam ser testadas periodicamente.

Além disso, ainda que a hepatite B não tenha cura, a vacina contra essa infecção é ofertada de maneira universal e gratuita no SUS, nas Unidades Básicas de Saúde.

Já a hepatite C não dispõe de uma vacina que confira proteção. Contudo, há medicamentos que permitem sua CURA.

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Cirurgia bariátrica e contracepção.

*Relacionado com o post publicado anteriormente em 09/09/2020

A cirurgia bariátrica requer atenção especial:

Dra Claudiani Branco fala sobre os riscos da cirurgia bariátrica e da concepção.Imagem: National Cancer Institute no Unsplash.
  • A perda de peso após a cirurgia pode melhorar a regularidade menstrual e consequentemente a fertilidade.
  • Há uma necessidade de se adiar a gestação após a realização da cirurgia bariátrica.
  • Consensos recomendam que a gestação seja evitada por 12 -24 meses após o procedimento.
  • Mulheres submetidas à cirurgia bariátrica necessitam de contracepção eficaz e de longo prazo.
  • Métodos como pílulas, adesivo transdérmico, anel vaginal, injetável mensal não são recomendados para pacientes obesas que serão submetidas a cirurgias.
  • Após a cirurgia, a depender da técnica utilizada, medicamentos orais podem ter sua absorção prejudicada.
  • Métodos não orais e que não impactem no risco cardiovascular e peso são novamente as melhores opções, são eles: DIU de cobre, DIU hormonal e implante.
  • Devemos ter certa atenção com o DIU de cobre, pois cerca de metade das pacientes após a cirurgia apresentam anemia que pode ser agravada pelo aumento do fluxo menstrual provocado pelo DIU de cobre.
  • Por outro lado, o DIU hormonal reduz o sangramento menstrual, sendo vantajoso para essas mulheres.

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Vacina Covid-19 para gestante é segura?

Vacinas autorizadas pela ANVISA e em uso no Brasil:

Dra Claudiani Branco fala sobre as atualizações da ANVISA da Vacina de COVID-19 para Gestantes. Imagem: Mohammad Shahhosseini no Unsplash.

CoronaVac

A vacina do Butantan utiliza a tecnologia de vírus inativado (morto), uma técnica consolidada há anos e amplamente estudada. Ao ser injetado no organismo, esse vírus não é capaz de causar doença, mas induz uma resposta imunológica. Os ensaios clínicos da CoronaVac no Brasil foram realizados exclusivamente com profissionais da saúde, ou seja, pessoas com alta exposição ao vírus.

AstraZeneca

Foi desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a universidade de Oxford. No Brasil, é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A tecnologia empregada é o uso do chamado vetor viral. O adenovírus, que infecta chimpanzés, é manipulado geneticamente para que seja inserido o gene da proteína “Spike” (proteína “S”) do Sars-CoV-2. 

Pfizer

O imunizante da farmacêutica Pfizer em parceria com o laboratório BioNTech se baseia na tecnologia de RNA mensageiro, ou mRNA. O RNA mensageiro sintético dá as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do novo coronavírus, que estimulam a resposta do sistema imune.

Janssen

Do grupo Johnson & Johnson, a vacina do laboratório Janssen é aplicada em apenas uma dose. Assim como o imunizante da Astrazeneca, também se utiliza da tecnologia de vetor viral, baseado em um tipo específico de adenovírus que foi geneticamente modificado para não se replicar em humanos. 

O governo de São Paulo decidiu incluir gestantes e puérperas com e sem comorbidade no plano estadual de imunização contra Covid-19, utilizando-se das vacinas Butantan/Sinovac Biotech (Coronavac®) ou Pfizer Biontech: (Cominarty®). 

Sobre Mortalidade Materna

Na análise dos dados públicos do SIVEP GRIPE houve aumento importante da mortalidade materna por Covid-19, no Brasil, sendo notificados até o dia 02 de Junho de 2021, 455 casos em 2020 e 814 em 2021, o que representa 10 mortes maternas por semana em 2020 e 38 mortes maternas por semana em 2021. 

Na comparação entre os anos 2020 e 2021, a mortalidade materna semanal aumentou em 283% e a mortalidade da população geral aumentou em 105%, confirmando os achados do CDC de que gestantes constituem grupo de maior risco de intubação oro traqueal, de internação em Unidades de Terapia Intensiva e de óbito. 

Na análise dos dados públicos do SIVEP GRIPE, relativos ao Estado de São Paulo, observa-se notificação de 78 mortes maternas por COVID-19 em 2020 e 152 mortes em 2021, ou seja 1,7 óbitos por semana em 2020 e 7,2 óbitos por semana em 2021.

IMPORTANTE!

A SOGESP, diante do expressivo aumento da mortalidade materna no Brasil e no estado de São Paulo e dos dados e estudos disponíveis atualmente, recomenda que:

  • Todas as gestantes e puérperas, do Estado de São Paulo, sejam vacinadas contra Covid-19, independente de apresentarem comorbidades;
  • Não seja exigido relatório ou prescrição médica ou ainda qualquer outro documento além daqueles que comprovam a gestação ou o puerpério, assim como ocorre na vacinação contra gripe e outras;

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Você já ouviu falar em HIPERPROLACTINEMIA?

Redução da libido, impotência nos homens e infertilidade nas mulheres. Estes são alguns dos problemas que a hiperprolactinemia, uma alteração hormonal pouco conhecida, pode causar. A descoberta precoce da condição é fundamental para o sucesso do tratamento.

Dra Claudiani Branco fala sobre a Hperprolactinemia e como é o tratamento dessa condição nas mulheres. Imagem:  Jason Yoder no Unsplash.

A hiperprolactinemia é uma anomalia causada pela produção elevada de prolactina, conhecida também como hormônio do leite. A prolactina é produzida pela hipófise, uma glândula localizada na parte inferior do cérebro, que eleva a produção do hormônio durante o período gestacional e pós-parto. A hiperprolactinemia pode atingir tanto mulheres quanto homens em idade adulta e fértil (entre 20 e 50 anos).

QUAIS AS CAUSAS DA HIPERPROLACTINEMIA?

Vários fatores podem levar uma pessoa a apresentar disfunção na produção de prolactina. Entre as causas mais comuns estão:

  • Hipotireoidismo primário (causado por um problema na tireoide que impede a secreção dos hormônios desta glândula);
  • Síndrome dos ovários policísticos;
  • Gravidez e período de lactação;
  • Insuficiência renal;
  • Traumas ou lesões na região torácica;
  • Estímulo dos mamilos;
  • Estresse psicológico;
  • Efeito colateral ao uso de alguns medicamentos.

Para diagnosticar a condição, deve solicitar exame para medir o nível de prolactina no sangue.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS DA PRODUÇÃO ELEVADA DE PROLACTINA?

Os principais sinais e sintomas em pacientes com hiperprolactinemia são:

  • Infertilidade;
  • Falta de libido;
  • Menstruação irregular (oligomenorréia);
  • Ausência da menstruação (amenorreia);
  • Produção de leite sem gestação (galactorreia);
  • Disfunção erétil;
  • Osteoporose;
  • Tumor da hipófise.

QUAIS OS TRATAMENTOS INDICADOS PARA HIPERPROLACTINEMIA?

É necessário descobrir a causa do problema para definir o melhor tratamento. Por exemplo: no caso de ser uma reação medicamentosa adversa, o médico poderá substituir ou suspender o uso do medicamento que pode estar causando o problema. Mas se a causa for um hipotireoidismo primário, pode ser indicada uma terapia para reposição do hormônio da tireoide que está provocando a hiperprolactinemia. De qualquer forma, como se trata de uma anomalia hormonal, é necessário o acompanhamento de um médico.

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Cistos ovarianos

Dra Claudiani Branco explica o que é preocupação ou não com relação aos cistos ovarianos.  Imagem: Matt Reiter no Unsplash.

Cistos no ovário consistem em estruturas de tecido orgânico com formato de bolsa repletas de líquidos ou matérias semissólidas. A maioria deles pode ser considerada benigna e fisiológica. Ou seja, não possuem relação alguma com nenhum tipo de doença.

Em grande parte dos casos bastam poucas semanas para que eles desapareçam sozinhos sem que seja preciso realizar tratamentos.

Mulheres de todas as faixas etárias podem ser afetadas pelos cistos ovarianos, porém a ocorrência deles é mais comum naquelas em idade fértil.

Cistos no ovário podem ser classificados em dois grupos, os benignos e malignos. Os benignos podem ser dos seguintes tipos:

Cisto de corpo lúteo: corpo lúteo é um pedaço de tecido que surge depois que o óvulo é liberado do interior do folículo.

Quando não acontece a gravidez, o corpo lúteo costuma retroceder e desaparecer. Porém, há casos em que algum fluido ou sangue preenche o corpo lúteo e ele continua dentro do ovário.

Esse tipo de cisto é assintomático e costuma afetar apenas um lado do ovário.

Cisto folicular: formado a partir do crescimento anormal de um folículo ovariano durante a menstruação e a ruptura que causa a liberação do óvulo não ocorre.

Cistos foliculares costumam ser resolvidos de maneira espontânea em questão de semanas ou meses.

Cisto dermóide:  é um tipo de tumor benigno que costuma afetar mulheres mais jovens. Conhecido também pelo nome de teratoma cístico maduro, esse tipo de cisto pode apresentar ossos, gordura, cartilagem e pelos em sua composição.

Cisto endometrioide ou endometrioma:  ocorre quando o endométrio, tecido que reveste as paredes internas do útero, se aloja e cresce nos ovários. Quando sangram eles formam áreas císticas de coloração marrom popularmente chamadas de “cistos chocolate”.

Acometem mulheres em idade fértil e gera dor pélvica crônica durante os ciclos menstruais.

Cisto hemorrágico: categoria de cisto funcional que apresenta sangramentos internos resultantes de lesões em seus pequenos vasos sanguíneos. Pode causar dores abdominais do lado em que o cisto se encontra.

Cistoadenoma: tumor benigno de característica serosa ou mucosa. Pode crescer bastante e tornar-se consideravelmente volumoso, a ponto de necessitar de intervenção cirúrgica para ser removido.

Ovários com aparência policística: quando os dois ovários apresentam aumento considerável de volume devido à presença de pequenos cistos na área ovariana exterior.

Condição que diferencia-se da Síndrome dos Ovários Policísticos, pois não apresenta outras complicações fisiológicas e os riscos ao metabolismo e sistema cardiovascular decorrentes da resistência à insulina, características da SOP.

Sintomas

A maioria dos casos de cistos nos ovários não apresentam sintomas, fator que dificulta muito o diagnóstico precoce. Por isso é essencial realizar as consultas ginecológicas e exames de rotina.

Todavia, quando os sintomas se manifestam, costumam ser os seguintes:

  • Dor pélvica após exercícios físicos e relações sexuais;
  • Infertilidade;
  • Desconforto ou sensação de peso na pelve ou parte inferior do abdômen;
  • Sangramento menstrual irregular;
  • Vômitos e enjoos;
  • Dor pélvica durante ciclo menstrual que irradia para a lombar;
  • Pressão ou dor ao evacuar e urinar;
  • Dor vaginal.

Diagnóstico

É possível perceber a possibilidade de ocorrência de cistos nos ovários com o exame pélvico e exame físico abdominal. Entretanto, esses métodos investigativos não são suficientes para confirmar as suspeitas.

Para tanto, são necessários exames de imagem, como o ultrassom transvaginal. Esse é um exame indolor que, geralmente, possibilita a identificação das características do cisto.

As imagens fornecidas pelo ultrassom permitem identificar a composição do cisto e qualificá-lo como simples (preenchido somente por fluidos), complexo (material sólido combinado com áreas de fluido) ou totalmente sólido.

Para avaliar a dimensão dos cistos, a tomografia pélvica pode ser indicada e em outros casos, quando houver necessidade de um exame mais detalhado, é recomendada a ressonância magnética.

Dosagem de Ca-125

É um exame feito para apurar os níveis de Ca-125, marcador sanguíneo que identifica o câncer ovariano e auxilia a definir se um cisto tende a ser maligno.

Válido ressaltar que nem sempre níveis elevados de Ca-125 representam malignidade.

Teste de Gravidez (beta-hCG)

Exame feito para descartar a possibilidade de uma gravidez ectópica (fora do útero), pois os sintomas podem ser bastante similares aos que normalmente acompanham os cistos no ovário.

Tratamentos

Os cistos ovarianos fisiológicos (ou funcionais) são os mais comuns. Muitas vezes eles regridem e desaparecem sem a necessidade de tratamento.

Quando a remissão natural não acontece e as lesões crescem e permanecem por meses, é necessário removê-las para confirmar se não há risco de malignidade.

Outros tratamentos, mais conservadores e indicados para casos menos complexos, incluem o uso de anticoncepcionais orais para regular os ciclos menstruais e, dessa forma, evitar o surgimento de outros cistos.

Para as intervenções cirúrgicas, o método mais recomendado é a videolaparoscopia. Seu caráter minimamente invasivo possibilita uma recuperação rápida e garante menor tempo de internação da paciente.

É fundamental conversar com o profissional da saúde de sua confiança para compreender melhor os mecanismos dos tipos de cistos ovarianos e as possibilidades de tratamentos. Cada caso possui sua especificidade e, portanto, as consultas são indispensáveis.

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Como calcular a data provável do nascimento do bebê

Para calcular a data provável do parto, que deverá ser por volta das 40 semanas depois da DUM (data da última menstruação) é necessário acrescentar 7 dias à DUM, depois contar 3 meses pra trás e depois colocar o ano seguinte.

Dra Claudiani Branco ensina como calcular a data de nascimento do bebê. Imagem: Freestocks no Unsplash.

Por exemplo, se a DUM foi o dia 11 de Março de 2018, ao somar 7 dias, o resultado é 18 de Março de 2018, e a seguir diminui 3 meses o que significa 18 de Dezembro de 2017 e acrescenta mais 1 ano. Por isso neste caso a Data Prevista do Parto é 18 de Dezembro de 2018.

Este cálculo não dá a data exata do nascimento do bebê porque o bebê pode nascer entre as 37 e as 42 semanas de gestação, no entanto, a mãe já fica informada da época provável do nascimento do bebê.

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Período Fértil

Dra Claudiani Branco explica sobre as características do período fértil da mulher. Imagem: Artem Beliakikin no Pexels.

O ciclo menstrual é um processo natural que ocorre de modo cíclico em todas as mulheres férteis. Todo ciclo em que ocorre uma ovulação inicia-se e termina com a menstruação. A menstruação é um sinal que mostra que a mulher ovulou, mas este óvulo não foi fecundado.

A primeira menstruação da vida da mulher chama-se menarca. A última chama-se menopausa.

Por convenção, o ciclo menstrual (ciclo ovulatório) inicia-se no primeiro dia da menstruação, durando, em média, 28 dias e terminando no primeiro dia da menstruação seguinte. Algumas mulheres têm períodos mais curtos de até 21 dias, enquanto outras possuem períodos mais longos, indo até 35 dias. Mulheres adolescentes com menarca recente podem ter ciclos de até 45 dias, uma vez que seu sistema reprodutor ainda está amadurecendo.

O mesmo prolongamento pode ocorrer com mulheres próximas da menopausa, quando já começa a haver sinais de falência dos ovários.

Ao contrário dos homens que produzem seus espermatozoides continuamente ao longo de toda a vida, as mulheres nascem com um número contado de óvulos. São cerca de 450.000 e eles ficam estocados nos ovários, sendo liberados, na maioria das vezes, apenas um por ciclo.

Enquanto os homens são férteis por toda a vida, as mulheres só podem engravidar entre o período de anos que compreende a menarca e a menopausa.

Os órgãos reprodutores das mulheres consistem em dois ovários, duas trompas, um útero e a vagina.

Para facilitar o entendimento, vamos considerar o ciclo normal aquele com 28 dias, começando e terminando sempre no primeiro dia da menstruação.

O ciclo menstrual é regido pelos hormônios FSH e LH, produzidos na hipófise, glândula localizada no cérebro, e pelos hormônios estrogênio e progesterona, produzidos pelos ovários. Todo o processo hormonal tem duas funções: provocar a ovulação e preparar o útero para receber o feto, caso o óvulo seja fecundado.

O que ocorre durante o ciclo menstrual?

  • Durante os primeiros dias do ciclo, o cérebro produz o hormônio FSH que provoca o amadurecimento dos folículos, que por sua vez, passam a produzir estrogênio.
  • Enquanto os folículos vão ficando maduros, o estrogênio age no útero, fazendo com sua parede (endométrio) cresça e se torne um local propício para a implantação do óvulo, caso este seja fecundado.
  • 14 dias antes da próxima menstruação, quando pelo menos um dos folículos já se encontra suficientemente maduro, a hipófise lança na corrente sanguínea um outro hormônio, chamado LH, que dentro de 36 horas provocará a ovulação.
  • Quando a mulher ovula, lança seu óvulo em direção as trompas e o ovário começam a produzir um novo hormônio, a progesterona, que será responsável em manter o útero rico em nutrientes e circulação de sangue, à espera do feto.
  • Se o óvulo não for fecundado, ele se degenera e a concentração de todos estes hormônios começa a cair. Sem hormônios, a parede espessa do útero não tem como se manter, e ela desaba. Isto é a menstruação. Agora, um novo ciclo se reinicia.

Dia da Ovulação

Nas mulheres com ciclo menstrual regular, é possível prever o período fértil, pois em 95% dos casos, a ovulação ocorre nos quatro dias anteriores ou posteriores ao ponto médio do ciclo. 30% das mulheres ovulam exatamente no meio ciclo.

Ou seja, mulheres com ciclo regular de 28 dias têm o ponto médio do ciclo com 14 dias. 30% delas irão ovular exatamente no 14º dia de ciclo. No restante, o dia da ovulação costuma ocorrer entre os dias 11 e 18 do ciclo.

Por quantos dias a mulher permanece fértil?

O óvulo, após a ovulação, tem uma vida útil muito curta, cerca de 12-24 horas. Por isso, se a mulher ovular hoje, o espermatozoide tem um prazo máximo de 24 horas até encontrá-lo.

Como o espermatozoide tem uma vida muito mais longa, cerca de 3 a 7 dias, as maiores chances de fecundação ocorrem quando a relação sexual acontece 24 a 48 horas antes da ovulação. O ideal é que, quando o óvulo chegue à trompa, já exista uma grande quantidade de espermatozoides à sua espera.

Levando-se em conta a vida média do óvulo e dos espermatozoides, na prática, o período fértil acaba por compreender, em média, os 5 a 6 dias antes da ovulação até o dia seguinte à mesma.

As relações sexuais ocorridas dentro das 48 horas antes da ovulação são aquelas com maior chance de gerar uma gravidez.

Estudos mostram que as chances de engravidar de acordo com a data da relação sexual são as seguintes:

  • Até cinco dias antes da ovulação – 4%.
  • Até dois dias antes da ovulação – 25 a 28%.
  • Durante as 24 horas após a ovulação – 8 a 10%.
  • Para o restante do ciclo – 0%

Dicas de como Engravidar

Trabalhos atuais mostram que a qualidade do sêmen é maior quando ocorre intervalo de 2 a 3 dias entre as ejaculações. Por isso, para quem deseja engravidar, indica-se o coito dia sim, dia não, ou pelo menos, a cada 2 dias.

Quando não é fácil prever o dia da ovulação, sugere-se aos casais que queiram engravidar ter relações sexuais três vezes por semana, iniciando-as logo após o fim da menstruação. Deste modo garante-se pelo menos 3 relações dentro do período fértil, com um sêmen de boa qualidade.

A posição em que se pratica o sexo e a presença ou não de orgasmo na mulher não influenciam na probabilidade de concepção. Do mesmo modo, ficar com as pernas para o alto ou qualquer outro tipo de posição ao final da relação sexual também não têm influência nenhuma. Nada indica que ocorra diminuição das chances de fecundação se a mulher retomar suas atividades logo após o fim do coito. Não é por falta de acrobacias ou devido a sua posição sexual favorita que você vai deixar de engravidar.

O uso de alguns lubrificantes vaginais inibe a motilidade dos espermatozoides e podem reduzir as chances de fecundação. Para casais com dificuldade em engravidar, sugere-se evitá-los.

Como saber se estou ovulando?

Existem algumas maneiras de se estimar o momento da ovulação. Como já foi dito, nas mulheres com ciclo menstrual muito regular é possível prever a data da próxima menstruação, prevendo, assim, que aproximadamente 14 dias antes será o dia da ovulação. O problema é que a maioria das mulheres não possui ciclos tão regulares que permitam utilizar essa técnica tão bem.

Logo após o pico de LH que induz a ovulação, a temperatura corporal das mulheres se eleva discretamente, cerca de 0,5ºC, permanecendo assim por mais 10 dias.

Infelizmente esse método é pouco útil na prática. A medição da temperatura é um método bom para saber retrospectivamente se a mulher ovulou recentemente, mas essa subida costuma ocorrer tardiamente em relação a ovulação, não servindo para indicar o momento certo da relação sexual. Como o óvulo tem vida muito curta, quando se identifica a subida da temperatura, este praticamente já não está mais viável.

Outro modo de pesquisar a ovulação é através do muco vaginal. Alguns dias antes da ovulação, o muco produzido pelo útero se altera, tornando-se mais espesso e elástico. Este muco é chamado de muco fértil, pois favorece a mobilidade dos espermatozoides em direção ao útero e às trompas.

Muitas mulheres conseguem detectar essa alteração nas características do seu muco, sendo uma indicação de que a ovulação está próxima de acontecer.

Algumas mulheres apresentam dor no momento da ovulação. A ruptura do folículo ovariano para liberar o óvulo, pode causar uma discreta irritação do peritônio, causando dor no lado onde está o ovário que ovulou. Esta síndrome é chamada de mittelschmerz, que significa dor no meio (do ciclo) em alemão.

Na prática, o modo mais simples para se identificar o período fértil é a dosagem do LH, uma vez que este se eleva 36 horas antes da ovulação. Já existem testes de urina, que podem ser adquiridos em farmácias, para detecção dos picos do LH pré-ovulatórios. É preciso salientar, porém, que existem falsos positivos.

Se você tem dificuldade em engravidar, o ideal é que este processo de acompanhamento da ovulação seja feito por um médico em uma consulta de infertilidade. Através da ultrassonografia o médico consegue visualizar diretamente os seus ovários e descobrir se há algum folículo maduro, pronto para romper-se e liberar um óvulo. O médico também pode estimular a ovulação com medicamentos, tornando o período fértil bastante previsível.

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Anemia e Miomas Uterinos

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre o risco do Mioma gerar anemia. Imagem: Cassi Josh no Unslpash.

O aumento do fluxo menstrual causado pela presença dos miomas uterinos pode levar ao desenvolvimento de quadros de anemia.

Essa condição caracteriza-se pelos baixos níveis de ferro no organismo que podem gerar complicações como, fraqueza, cansaço, tonturas, queda de cabelo e também prejudica a concentração e a memória.

Por isso, é fundamental acompanhar os níveis de ferritina no sangue. Tais marcadores apontam a quantidade de ferro estocada pelo fígado e disponível para o corpo.

Caso seja diagnosticada carência dessa substância é imprescindível que profissionais da saúde investiguem as causas para impedir que a carência evolua para ausência desses marcadores.

Com o diagnóstico correto da anemia é possível orientar o tratamento adequado para o problema.

Atenção especial deve ser dada à alimentação durante o tratamento da anemia causada pelos miomas. Vegetais e frutas, como espinafre, couve, rúcula, brócolis, laranja e limão são ótimas opções para casos de carência de ferritina.

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Dispareunia e Fisioterapia

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre a Dispareunia causada pela Endometriose. Imagem: Keenan Constance no Unsplash.

A dispareunia, caracterizada pela dor durante o contato íntimo, é um desdobramento muito comum das disfunções osteomusculares em função da endometriose. 

endometriose é uma doença difícil de ser diagnosticada. Estimativas apontam que transcorrem cerca de 10 anos entre o início dos sintomas, o diagnóstico correto e, finalmente, o tratamento.

Durante todo esse tempo, a paciente convive com dores severas sem diagnóstico, o que muitas vezes resulta em complicações secundárias como as disfunções psicológicas e musculoesqueléticas.

As alterações ósseas, musculares e articulares representam agravamento e perpetuação dos sintomas da dor. 

Problemas com a musculatura do períneo ou nas articulações sacro-ilíacas e seus respectivos ligamentos também prejudicam as pacientes em sua vida sexual, afinal tais disfunções podem irradiar dores para o períneo ou vagina.

Inclusive, a adoção da postura antálgica (realizada por indivíduos no intuito de evitar ou diminuir a dor) por longos períodos de tempo também podem ocorrer junto com os sintomas citados acima.

O desequilíbrio da musculatura é capaz de aplicar força de alongamento constante sobre os músculos do assoalho pélvico que, por sua vez, pode causar a flacidez desses grupos musculares e intensificar quadros de dispareunia mesmo durante ou depois dos tratamentos da doença.

A fisiologia pélvica é comprometida pelas tentativas instintivas de ajustar o corpo para evitar a dor. Quadris, membros inferiores e a própria pelve, quando desalinhadas, causam danos fisiológicos e disfunções dos músculos do assoalho pélvico.

A Dispareunia

A dispareunia pode ser dividida em dois tipos: dispareunia superficial e a dispareunia profunda. Em alguns casos, pode ocorrer também a dispareunia tardia, que acontece depois das relações sexuais.

Em pacientes com endometriose, principalmente profunda, identificamos geralmente a dispareunia de profundidade. Ela é resultado da inflamação e distensão dos tecidos da pelve que podem causar útero em retroversão fixa, pressão sobre os ovários ou prejuízos aos ligamentos uterossacros e da região retrocervical.

Por causa da dispareunia, muitas pacientes têm sua satisfação sexual prejudicada ou mesmo optam pela abstinência das relações sexuais.

O Tratamento da Dispareunia

Fisioterapeutas especializados em saúde feminina podem indicar diferentes métodos de tratamento para as pacientes com disfunções nos músculos do assoalho pélvico e com alterações posturais desencadeadas pela endometriose e pela dor pélvica crônica.

O objetivo do tratamento é normalizar o tônus muscular, aumentar a consciência corporal e propriocepção da musculatura pélvica, diminuir os pontos de dor na vagina e melhorar o padrão postural das pacientes.

A liberação miofacial é um dos métodos terapêuticos mais utilizados pois possibilita a liberação das camadas profundas das fáscias, o que favorece a troca de viscosidade das camadas miofasciais de um músculo para o outro, bem como a composição das interligações fibrosas das regiões afetadas.

Com o acompanhamento correto é possível tonificar os músculos e dessensibilizar os pontos de dor que causam a dispareunia e tantas outras disfunções musculoesqueléticas.

Assim sendo, reduzir os quadros dolorosos e possibilitar melhorias significativas na qualidade de vida das pacientes é possível com o auxílio de fisioterapeutas capacitados.

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Sangramento Excessivo e Miomas Uterinos

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre o sangramento excessivo causado pelo mioma uterino. Imagem: Nadezhda Morya no Pexels.

É considerável o número de mulheres que nem sabem que possuem miomas uterinos. Esses tumores benignos têm origem durante a idade reprodutiva e podem aumentar em tamanho ou quantidade com o passar do tempo.

Ainda não existem maneiras cientificamente comprovadas de evitar o desenvolvimento dos miomas. Todavia, pesquisas apontam que mulheres obesas possuem mais chances de serem acometidas por esse tipo de lesão uterina.

Existem outros fatores que favorecem o desenvolvimento dos miomas. A saber:

  • histórico familiar (mais risco para parentes de primeiro grau);
  • nuliparidade (quem ainda não teve nenhum filho);
  • menarca precoce;
  • cor da pele negra.

Outra peculiaridade dos miomas é que muitas vezes eles são assintomáticos, o que dificulta um diagnóstico precoce. 

Porém, quando os sintomas se manifestam, o mais comum deles é o sangramento excessivo durante a menstruação, seguido pela dor pélvica, cólicas menstruais, dor nas relações íntimas ou ao evacuar. Em alguns casos o mioma também pode causar infertilidade.

Diagnóstico e Tratamento.

O diagnóstico dos miomas geralmente é realizado por meio de exames ginecológicos e confirmados com auxílio de ultrassom.

O tratamento, por sua vez, costuma ser cirúrgico. O procedimento pode ser feito para retirar apenas o mioma (miomectomia) ou, em casos extremos, o útero (histerectomia).

Anos atrás esse tipo de cirurgia era realizada por laparotomia, técnica em que o abdômen é aberto com um corte semelhante ao utilizado em cesáreas.

Nos dias de hoje existem outras possibilidades de cirurgias minimamente invasivas. Quando as características do caso permitem e há disponibilidade de recursos, a cirurgia laparoscópica pode ser indicada.

Nesse tipo de procedimento, uma micro-câmera é introduzida junto aos equipamentos cirúrgicos, através de pequenas incisões. A histeroscopia segue o mesmo preceito minimamente invasivo, porém é indicada quando a lesão cresce para dentro da cavidade uterina.

Essas técnicas mais recentes apresentam as vantagens de um pós-operatório menos incômodo e uma recuperação mais rápida.

Outra possibilidade que a medicina moderna oferece é a embolização dos miomas. Entretanto, esse tipo de procedimento é indicado apenas quando existem dificuldades consideráveis ou mesmo a impossibilidade de acessar as lesões com as outras técnicas minimamente invasivas supracitadas.

Quanto aos sangramentos excessivos, existem alguns medicamentos capazes de diminuir o fluxo da menstruação, mas são difíceis de serem encontrados no Brasil e não representam um tratamento para a cura. O objetivo único é controlar o sangramento, mas seu uso pode fazer com que a cirurgia seja descartada.

Procure seu médico de confiança caso perceba um fluxo intenso na menstruação ou qualquer outra manifestação anormal em seu organismo.

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