Como você está? Como está sua saúde mental?

Já parou para pensar no assunto? Alguma vez refletiu se os seus pensamentos, ideias e sentimentos estão em harmonia? Sabe a diferença entre saúde mental e doença ou transtorno mental?

Ginecologista Dra. Claudiani Branco fala sobre o Janeiro Branco, o mês da saúde mental.

Em geral, os termos causam confusão. Mas basta lê-los com cuidado, pois são autoexplicativos. O primeiro refere-se à saúde e, os outros, à ausência dela. Não existe, porém, uma definição oficial para o conceito de saúde mental, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O termo está relacionado à forma como uma pessoa reage às exigências, desafios e mudanças da vida e ao modo como harmoniza suas ideias e emoções. Diariamente, vivenciamos uma série de emoções, boas ou ruins, mas que fazem parte da vida: como alegria, tristeza, raiva, frustração, satisfação entre outras.

Como lidamos com as emoções é o que determina como está a qualidade da nossa saúde mental.

Assim, tê-la ou alcançá-la está muito longe da ausência de transtornos mentais. O desequilíbrio emocional facilita o surgimento de doenças mentais. Podemos dizer que a saúde mental contempla, entre tantos fatores, a nossa capacidade de sensação de bem-estar e harmonia, a nossa habilidade m manejar de forma positiva as adversidades e conflitos, o reconhecimento e respeito dos nossos limites e deficiências, nossa satisfação em viver, compartilhar e se relacionar com os outros – algo muito maior e anterior ao início dos transtornos mentais.

Manter a saúde mental, no entanto, não é tão simples nos dias de hoje. São muitos problemas: estresse, brigas, atrasos, advertências, doenças, falta ou excesso de família, pouco ou muito dinheiro.

Diversos são os fatores que podem influenciar negativamente a nossa saúde mental.e Dedicamos grande parte do tempo de nossas vidas ao nosso emprego e nem sempre isso é prazeroso ou satisfatório. A alta taxa de desemprego no País, a baixa remuneração, más condições de trabalho, falta de planejamento profissional, entre tantos outros, são questões que levam ao aumento significativo de diversos transtornos.

Transtorno Mental e Doença Mental

O uso da palavra transtorno está relacionado com um conceito mais amplo de diagnóstico. Ao falarmos de doença nós temos as causas, um padrão de sintomas e medidas terapêuticas padronizadas, como, por exemplo, as doenças cardíacas.

Quando falamos em transtorno, nos referimos a uma trajetória diagnóstica que varia bastante de pessoa para pessoa, multifatoriais e com diversas formas de tratamento.

Preconceito

Sim, o preconceito ainda é bastante presente na sociedade. Começando pelo lugar que a loucura ocupou na história – o louco como alguém a ser afastado, enclausurado, aquele que não compartilha da ‘mesma realidade’ que os demais. Durante bastante tempo a loucura esteve associada às questões metafísicas de forma negativa. Aquele intangível que está relacionado ao mal, ao descontrole, ao diferente. Hoje em dia, as questões de saúde mental ainda ocupam um lugar bastante nebuloso. Um diabético tem um exame com uma medida glicêmica que prova o que ele tem e ele vale para questões cardíacas e as demais doenças crônicas. Como a saúde mental está no corpo e no meio, muitas vezes é concebida como uma fraqueza do sujeito, algo sobre o qual ele teria condições de atuar e não o faz. 

A maioria da sociedade ainda tem dificuldade em reconhecer que é uma doença e ainda ampliar o conceito de saúde e doença. Não dá mais para serem conceitos antagônicos; ter saúde não significa necessariamente não ter nenhuma doença.

Justamente pelo preconceito e julgamento, as pessoas não querem ser reconhecidas no lugar daqueles que têm transtornos mentais, com o risco de serem vistos como fracos ou descontrolados, algo que vai desde questões morais até as questões éticas. No caso de crianças então, a família se sente muito culpada e exposta.

VALE A PENA LEMBRAR QUE BOA PARTE DA POPULAÇÃO ESTÁ DEPRIMIDA E ANSIOSA, MAS NÃO ESTÁ INTERNADA, POIS AINDA CONSEGUEM SE SUBMETER AO FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE E FREQUENTAM O TRABALHO, A ESCOLA E OUTROS LUGARES SEM FAZER GRANDES ALARDES.

Combater o preconceito é sempre falar sobre o tema, propor debates e tentar entender que todo mundo tem seu jeito de funcionar, mesmo que seja bastante diferente do seu jeito. E tentar construir formas de convivências que não afastem quem é “diferente”. Na infância, por exemplo, as crianças com autismo têm bastante dificuldade de inserção nas escolas. Falta, da parte de todos, um pouco de empatia e flexibilidade para pensar onde encontramos o ponto comum. Não é que essas crianças não aprendem, elas aprendem de outro jeito. Não é que não sabem brincar, elas brincam de outro jeito. Mas a vida corrida não nos dá tempo de aprender o outro jeito de fazer as coisas.

No mundo adulto também falta bastante conversa sobre isso. Todo mundo tem que ser muito bom, o tempo todo. Tem que ser 100% em tudo: no trabalho, na família, na academia, na escola. Temos que falar mais sobre isso, temos que nos permitir sofrer quando é preciso, reconhecer o sofrimento do outro.

SAÚDE MENTAL. Como manter ou conquistá-la

Pequenas ações inseridas no cotidiano podem provocar grandes mudanças ao longo do tempo, com um impacto positivo no seu corpo e mente. O que você sabe sobre autocuidado? Conhece os seus pilares? Nutrição, movimento/atividade física, práticas mente-corpo, espiritualidade, relacionamentos, ambiente físico/contato com a natureza.

A SAÚDE MENTAL NÃO PODE ESTAR
DESCONECTADA DA SAÚDE DO CORPO, PORQUE SAÚDE É UMA SÓ.

Práticas mente-corpo como a meditação, o Yoga, a meditação mindfulness, entre outras, podem auxiliar no foco, facilitando o estado de consciência sobre o que está acontecendo agora, sobre as sensações e necessidades do corpo e,consequentemente, da mente.

É possível encontrar este estado de conexão em outras práticas como corrida, escutar uma música que você gosta, ler um bom livro, algo que realmente te traga para o contato consigo mesmo.

E não hesite em procurar ajuda! Sinta-se acolhida! Agende uma consulta pelos canais abaixo se precisar!

Libido

Ginecologista Dra Claudiani Branco fala sobre aspectos da libido da mulher.

Libido é o nome que se dá ao desejo sexual, que faz parte do instinto do ser humano, mas que pode ser influenciado por questões físicas ou emocionais, e, por isso, pode estar aumentado ou diminuído em algumas pessoas, em determinadas fases da vida.

Os hormônios que controlam a libido são a testosterona nos homens e o estrogênio nas mulheres, e por isso em determinados períodos do mês é normal que a mulher tenha maior ou menor interesse sexual. Normalmente as mulheres têm a libido mais aumentada durante o seu período fértil e menor libido durante a menopausa, por exemplo.

Vários fatores podem ocasionar a falta de libido, como estresse, ansiedade, problemas no relacionamento e uso de medicamentos, sendo importante identificar a causa para que possam ser tomadas atitudes que tenham como objetivo aumentar o desejo sexual.

Falta de libido: causas e como aumentar

Principais causas

A diminuição da libido pode acontecer como consequência de alterações nos níveis de hormônios que participam no controle do desejo sexual ou ser devido a situações do dia a dia, o que pode ser temporário ou duradouro. Algumas das principais causas de falta de libido são:

  1. Alterações emocionais, como estresse, ansiedade e depressão, pois interferem diretamente no humor e na disposição, podendo causar a falta de libido de forma temporária;
  2. Traumas emocionais, principalmente quando está relacionado com a relação sexual, o que pode causar diminuição da libido;
  3. Impotência sexual, pois devido à dificuldade para ter e/ou manter uma ereção, pode haver diminuição do desejo sexual motivada pela frustração, por exemplo;
  4. Problemas no relacionamento, já que nesse caso é possível que além da tensão a atração diminua, o que acaba por diminuir a libido;
  5. Uso de medicamentos, como pílulas anticoncepcionais, ansiolíticos ou antidepressivos, pois provocam alteração nos níveis hormonais circulantes no corpo e podem interferir no sistema nervoso, o que pode interferir no desejo sexual.
  6. Menopausa, já que há desbalanço nos níveis de hormônios sexuais femininos, o que pode causar diminuição da libido, além dos outros sinais e sintomas típicos da menopausa como ondas de calor, suor noturno e cansaço frequente, por exemplo;
  7. Diminuição dos níveis de testosterona no homem, já que esse hormônio está diretamente relacionado com o desejo sexual e produção de espermatozoides;
  8. Dor durante a relação sexual, isso porque uma vez que há dor e/ou desconforto no momento de prazer, pode haver diminuição do interesse para que a dor não seja mais sentida;

Nas mulheres, a falta de libido também pode ser causada pela dificuldade em se atingir o orgasmo ou de ficar excitada, o que dificulta o contato íntimo devido à falta de lubrificação da vagina, o que causa dor durante a relação sexual.

Como aumentar a libido?

Para aumentar a libido é importante consultar o médico para que seja possível identificar a causa e, assim, ser iniciado o tratamento mais adequado. Nos casos em que a falta de libido é consequência do uso de algum medicamento, o médico pode orientar a troca, alteração da dose ou suspensão do medicamento. Quando está relacionado com alterações hormonais, pode ser recomendada a realização de terapia de reposição hormonal.

Além disso, no caso de a diminuição da libido estar relacionada com menores níveis de testosterona ou com impotência sexual, é interessante aumentar o consumo de alimentos que melhoram a circulação sanguínea, como atum e sementes de chia, por exemplo, pois favorece a excitação.

Por outro lado, quando a falta de libido é consequência de alterações emocionais, traumas ou problemas no relacionamento, a melhor solução é buscar o tratamento com um psicanalista, para que as causas emocionais sejam solucionadas e o desejo sexual possa aflorar. Combater a ansiedade e o estresse também ajudam a aumentar a libido, assim como melhorar a autoestima e praticar exercícios físicos.

Quer saber mais sobre a Libido, ou sobraram dúvidas? Agende uma consulta pelos canais abaixo:

Ultrassonografia obstétrica

Dra Claudiani Branco Ginecologista e Obstetra fala sobre a Ultrassonografia obstétrica. Foto em Canva.com.

A ultrassonografia obstétrica usa ondas sonoras para produzir imagens de um bebê (embrião ou feto) que está dentro de uma mulher grávida. Também é possível visualizar o útero e os ovários da mãe.

O ultrassom não usa radiação ionizante, não tem efeitos prejudiciais conhecidos e é o método preferido para monitorar mulheres grávidas e seus bebês em gestação.

Preparação da gestante para o exame

Este procedimento não requer preparação especial.

Uma vez que apenas a área abdominal inferior precisa ser exposta para este exame, você pode usar uma roupa folgada de duas peças.

Fatores como batimentos cardíacos fetais e malformações podem ser avaliados e as medições podem ser feitas com precisão nas imagens exibidas na tela.

Tais medidas formam a pedra angular na avaliação da:

  • idade gestacional;
  • tamanho;
  • crescimento do feto.

A forma como é feito o ultrassom obstétrico pode exigir uma bexiga cheia quando a varredura abdominal é feita no início da gravidez. Com isso, pode haver algum desconforto devido à pressão na região.

O gel condutor não mancha, mas pode dar a sensação de frio e umidade. Não há nenhuma sensação vinda das ondas de ultrassom.

Por que o Ultrassom é usado na gravidez?

Não se trata, apenas, de um momento emocionante no qual você tem o primeiro contato visual do seu filho. O Ultrassom Obstétrico é feito dentro do Pré-Natal, várias vezes ao longo das semanas de gestação, com o objetivo de:

  • garantir que a saúde do bebê e da gestante esteja em ordem;
  • diagnosticar alterações de uma série de características do seu bebê e mais.

Atualmente, a forma como é feita a Ultrassonografia Obstétrica é considerada uma investigação segura, não invasiva e precisa.

Tornou-se progressivamente uma ferramenta obstétrica indispensável e desempenha um papel importante no cuidado de toda mulher grávida.

Os principais usos da Ultrassonografia Obstétrica são:

1. Diagnóstico e confirmação da gravidez

O saco gestacional pode ser visualizado a partir de 4 semanas e meia de gestação e o saco vitelino em cerca de 5 semanas.

O ultrassom também é muito importante para confirmar que a gravidez está dentro da cavidade do útero.

2. Sangramento vaginal no início da gravidez

Um outro uso comum do ultrassom é para casos de sangramento.

Uma vez que o batimento cardíaco é detectado pela ultrassonografia entre a 6ª e 7ª semana, mesmo que ocorra um sangramento, é possível verificar se está tudo em ordem com o feto.

A frequência cardíaca fetal tende a variar com a idade gestacional nas primeiras fases da gravidez. A frequência cardíaca normal na 6ª semana é de cerca de 90-110 batimentos por minuto (bpm) e na 9ª semana é de 140-170 bpm.

3. Determinação da idade gestacional e avaliação do tamanho do feto

As medidas corporais fetais refletem a idade gestacional do feto. Isto é particularmente verdadeiro no início da gestação.

Em pacientes com último período menstrual incerto, tais medidas devem ser feitas o mais cedo possível na gravidez para se chegar a uma data correta para o paciente.

Na última parte da gravidez, a medição dos parâmetros corporais permitirá a avaliação do tamanho e do crescimento do feto e ajudará muito no diagnóstico e no manejo do retardo do crescimento intrauterino (RCIU).
As seguintes medições são geralmente feitas:

  • O comprimento da coroa-nádega (CRL): feita entre 7 e 13 semanas e fornece uma estimativa muito precisa da idade gestacional.
  • O diâmetro biparietal (DBP): é o diâmetro entre os dois lados da cabeça. Isso é medido após 13 semanas.
  • O comprimento do fêmur (FL): mede o osso mais longo do corpo e reflete o crescimento longitudinal do feto.
  • A circunferência abdominal (CA): a medida mais importante a ser feita no final da gravidez. Ele reflete mais o tamanho e o peso fetal do que a idade. Medições em série são úteis no monitoramento do crescimento do feto.

4. Diagnóstico de malformação fetal

A maneira como é feita a Ultrassonografia Obstétrica permite ao médico encontrar alterações estruturais que o feto possa vir a ter.

Elas podem ser diagnosticadas de forma confiável por meio de um ultrassom, e geralmente podem ser feitas antes de 20 semanas.

Exemplos comuns de malformação incluem:

  • hidrocefalia;
  • anencefalia;
  • mielomeningocele;
  • acondroplasia e nanismo;
  • espinha bífida e mais.

Com equipamentos mais recentes, condições como fissura labiopalatina e alterações cardíacas congênitas são mais prontamente diagnosticadas e em uma idade gestacional mais precoce.

Os marcadores ultrassônicos “soft” indicam diferenças cromossômicas, como síndrome de Down.

A ultrassonografia ainda pode auxiliar em outros diagnósticos pré-natal.

5. Localização placentária

A ultrassonografia tornou-se indispensável na localização da placenta e na determinação de suas bordas inferiores.

Outras alterações placentárias em condições como diabetes, hidropisia fetal, isoimunização de Rh e retardo grave do crescimento intrauterino, também podem ser avaliadas.

6. Gravidez múltipla

Nessa situação, a ultrassonografia é inestimável na determinação de:

  • número de fetos;
  • corionicidade;
  • apresentações fetais,
  • presença de placenta prévia e outras análises.

7. Volume do líquido amniótico

Por meio do ultrassom obstétrico é possível medir a quantidade excessiva ou diminuída de líquido amniótico.

Ambas as condições podem ter efeitos adversos no feto. Nos dois casos, uma Ultrassonografia Obstétrica cuidadosa deve ser feita para excluir o retardo do crescimento intraútero e a malformação congênita no feto.

A ultrassonografia também é de grande valor em outras condições obstétricas que devem ser discutidas com o médico que está acompanhando o pré-natal.

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Informações sobre o Implanon

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre o contraceptivo Implanon. Imagem: Bruce Mars on Unsplash.

Implanon® é um pequeno bastão de plástico semirrígido contendo 68 mg da substância ativa etonogestrel, que é colocado diretamente sob a pele. Uma pequena quantidade de um tipo de hormônio feminino, o progestagênio etonogestrel, é liberada continuamente, passando do implante para a corrente sanguínea, resultando em efeito anticoncepcional por um período de até três anos.

Funciona de duas maneiras:

  • Impedindo a liberação do óvulo do ovário; e
  • Alterando a secreção do colo do útero e dificultando a entrada dos espermatozoides no útero.

Como deve ser inserido?

  • Para facilitar a inserção, a mulher deve deitar-se de costas, com o braço levemente dobrado no cotovelo e virado para fora.
  • Será inserido com a ajuda de um aplicador desenvolvido especialmente para essa função, na parte interna do braço.
  • O local da inserção será indicado na pele; o local será desinfetado e anestesiado.
  • A pele é distendida e a agulha inserida diretamente sob a pele. Quando a ponta da agulha estiver dentro da pele, a agulha é inserida completamente com um movimento paralelo à superfície da pele.
  • O implante permanecerá no braço quando a agulha for retirada, após a quebra do lacre.
  • O médico verificará, juntamente com você, se o implante realmente está dentro do seu braço. Em caso de dúvida, você deverá utilizar camisinha até que você e seu médico estejam completamente seguros de que o implante foi inserido. Em raros casos, o médico pode ter que utilizar exame por ultrassonografia ou ressonância magnética, ou exame de sangue, para ter certeza de que o implante foi inserido no local.
  • Será feito um curativo compressivo com uma gaze estéril para minimizar as lesões.

Como deve ser retirado?

  • A localização precisa do implante é indicada no cartão da usuária.
  • O médico localizará o final do implante. Quando o implante não puder ser localizado, o médico pode recorrer às técnicas de ultrassonografia ou ressonância magnética.
  • O braço da mulher será desinfetado e anestesiado.
  • Será feito um pequeno corte na direção longitudinal do braço, logo abaixo da ponta do implante.
  • O implante será puxado delicadamente e retirado com uma pinça.
  • Ocasionalmente, o implante pode estar encapsulado. Nesse caso, será necessário um corte pequeno na pele antes que o implante possa ser retirado.
  • O corte será fechado com curativo aproximativo e será colocada uma gaze estéril compressiva para minimizar as lesões.

Tem mais dúvidas sobre o implanon ou sobre outros métodos anticoncepcionais? Veja este artigo, ou fale comigo através de um dos canais abaixo:

A primeira consulta ao ginecologista

Dra Claudiani Branco fala sobre a primeira consulta ao ginecologista. Imagem: freestocks on Unsplash.

Engana-se quem pensa que apenas jovens e adultas que já tiveram relações sexuais devem ir ao ginecologista. A primeira consulta está recomendada já no início da adolescência, para que a menina entenda o próprio corpo e aprenda cuidados desde cedo.

Mas o que esperar de uma primeira consulta com um ginecologista?

Primeiro, precisa deixar o medo e a vergonha de lado. Depois, saber que esta consulta começa com uma conversa de cuidados básicos e orientação sobre higiene íntima.

Haverá exame?

Normalmente em menores de idade, o primeiro passo é uma entrevista com a mãe que está acompanhando a menina naquela consulta, uma espécie de entrevista para saber a história familiar. Muitas vezes, a mãe também está cheia de dúvidas. Depois, vem a conversa com a paciente, para deixá-la mais à vontade.

O primeiro encontro pode servir apenas para o início do vínculo entre o médico e a paciente. Se ela estiver com medo e muito envergonhada – o que é natural – a primeira consulta será apenas uma conversa e o momento para tirar dúvidas.

Se for possível um exame físico nesta primeira consulta, será avaliado se o desenvolvimento da menina está de acordo com a faixa etária. Se a menina já teve relação sexual, o médico vai avaliar se é recente, se já tem vida sexual regular e o número de parceiros que teve para verificar a necessidade de exames preventivos ginecológicos.

Mesmo após a primeira consulta com o ginecologista, a conversa entre mãe e filha sobre sexualidade é muito importante para que a adolescente esteja sempre bem-informada sobre o que acontece no seu corpo, e nada melhor do que a própria mãe, aliada ao ginecologista, para passar o conhecimento e segurança que ela precisa nesse momento.

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Embolia amniótica

Dra Claudiani Branco fala sobre a Embolia Amniótica e como prevení-la. Imagem: Jamie Coupaud on Unsplash.

A embolia de líquido amniótico é uma síndrome clínica de hipóxia, hipotensão e coagulopatia resultante da entrada de antígenos fetais na circulação materna.

A embolia de líquido amniótico é uma emergência obstétrica rara, com ocorrência estimada em 2 a 6/100.000 gestações. Ela geralmente ocorre durante a gestação tardia, mas pode ocorrer durante a interrupção de uma gestação no 1º ou 2º trimestre.

Embora as estimativas de mortalidade variem amplamente (de cerca de 20 a 90%), a síndrome apresenta claramente um risco significativo, e de mulheres que morrem de repente durante o trabalho de parto, o embolismo de líquido amniótico é uma das causas mais prováveis. A sobrevida depende do reconhecimento na fase inicial e instituição imediata do tratamento.

Fisiopatologia

O termo “embolia” do líquido amniótico consagrado implica um distúrbio principalmente mecânico, obstrutivo, como ocorre no tromboembolismo ou embolia aérea. Mas como o líquido amniótico é completamente solúvel no sangue, ele não pode causar obstrução. Além disso, as pequenas quantidades de células fetais e fragmentos de tecido que podem acompanhar o líquido amniótico na circulação materna são muito pequenos para obstruir de maneira mecânica e suficiente a árvore vascular pulmonar a fim provocar alterações hemodinâmicas acentuadas que ocorrem nessa síndrome.

Em vez disso, pensa-se atualmente que a exposição a antígenos fetais durante o parto ativa mediadores pró-inflamatórios, que desencadeiam uma cascata inflamatória impressionante e liberam substâncias vasoativas (p. ex., noradrenalina) semelhantes à síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) que ocorre na sepse e choque séptico.

A resposta inflamatória provoca danos aos órgãos, especialmente pulmões e coração, e desencadeia a cascata de coagulação, resultando em coagulação intravascular e disseminada. A hipóxia e hipotensão materna resultantes têm efeitos profundos negativos sobre o feto.

Como a exposição materna aos antígenos fetais é provavelmente bastante comum durante o trabalho de parto e o parto, não está claro por que apenas algumas mulheres desenvolvem embolia de líquido amniótico. Considera-se que os diferentes antígenos fetais em quantidades variáveis provavelmente interagem com fatores de susceptibilidade materna desconhecidos.

Fatores de risco

Muitos fatores estão associados a um risco aumentado de embolia por líquido amniótico, mas as evidências são inconsistentes. Assim como acontece com a exposição a antígenos fetais, muitos dos fatores de risco são comuns ou pelo menos muito mais prováveis do que a embolia de líquido amniótico, e não há um bom entendimento fisiopatológico da razão por que apenas algumas mulheres com fatores de risco desenvolvem a síndrome. Mas geralmente considera-se que o risco é maior por causa dos seguintes:

  • Parto cesariana
  • Idade materna avançada
  • Gestação gemelar
  • Descolamento prematuro de placenta
  • Trauma abdominal
  • Placenta prévia
  • Ruptura uterina
  • Lacerações cervicais
  • Parto com fórceps
  • Polidrâmnios
  • Indução de parto

Sinais e Sintomas

A embolia de líquido amniótico costuma se manifestar durante e logo após o parto. O primeiro sinal pode ser parada cardíaca súbita. Outras pacientes podem subitamente desenvolver dispneia e apresentar taquicardia, taquipneia e hipotensão. Insuficiência respiratória, com cianose significativa, hipóxia e crepitações pulmonares, muitas vezes sucedem-se rapidamente.

A coagulopatia se manifesta como sangramento do útero e/ou locais das incisões e venipuntura( punção de uma veia).

Hipoperfusão uterina causa atonia uterina e sofrimento fetal.

Diagnóstico

  • Avaliação clínica
  • Exclusão de outras causas

Suspeita-se do diagnóstico da embolia de líquido amniótico quando a tríade clássica se desenvolve durante o trabalho de parto ou logo após o parto:

  • Hipóxia súbita
  • Hipotensão
  • Coagulopatia

O diagnóstico é clínico e excluindo outras causas dos seguintes:

  • Parada cardíaca súbita em mulheres jovens (p. ex., dissecção da artéria coronária, doença cardíaca congênita)
  • Insuficiência respiratória aguda (embolia pulmonar, pneumonia )
  • Coagulopatia (p. ex., sepse , hemorragia pós parto, atonia uterina)

A autópsia pode detectar células escamosas fetais e cabelo na circulação pulmonar, mas esse resultado não confirma o diagnóstico. Células fetais são às vezes detectadas em pacientes que não têm embolia por líquido amniótico.

Tratamento

O tratamento da embolia de líquido amniótico é de suporte. Há indicação de transfusão de hemácias (conforme necessário para repor o sangue perdido), plasma fresco congelado e fatores da coagulação (como indicado para reverter a coagulopatia), além de suporte ventilatório e circulatório, com inotrópicos positivos conforme necessário. O fator recombinante VIIa não deve ser utilizado rotineiramente, mas pode ser administrado a mulheres que continuam a sangrar muito apesar do uso de outros fatores de coagulação. O parto cirúrgico imediato pode melhorar o desfecho materno e pode ser crucial para a sobrevivência do feto em uma idade gestacional viável.

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Resistência à insulina.

Dra Claudiani Branco fala sobre a resistência a insulina. Imagem: Dennis Klicker on Unsplash.

A resistência à insulina ou resistência insulínica é um problema que antecede a maioria dos casos de diabetes – doença que atinge cerca de 12 milhões de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Essa condição que se caracteriza pela insuficiência relativa do hormônio insulina no organismo, porém, pode ser prevenida e até curada.

A insulina é responsável pela redução da taxa de açúcar no sangue, conhecida por glicemia. Quando uma pessoa se torna resistente à insulina, seu organismo tende a aumentar as taxas de açúcar (glicose) no sangue, podendo assim resultar em um estado de pré-diabetes ou mesmo em diabetes

Acredita-se que a resistência à insulina, se não for tratada, também pode aumentar o risco para outros problemas de saúde, como hipertensão arterialcolesterol sanguíneo e doenças cardiovasculares

Por esse motivo, a resistência à insulina muitas vezes é confundida com a síndrome metabólica – patologia que reúne um conjunto de fatores de risco que, associados, aumentam a incidência de doença cardiovascular e diabetes. Na verdade, a resistência à insulina costuma compor o quadro de síndrome metabólica. 

Quais os sinais de resistência à insulina?

A resistência à insulina por si só raramente determina sintomas. Às vezes, quando esse desequilíbrio for muito grande, pode ocorrer acantose nigricans – um tipo de doença de pele caracterizado por pigmentações marrons, parecidas com sujeiras, na região do pescoço. 

Algumas pessoas com resistência à insulina relatam dificuldade para emagrecer. Isso pode ocorrer porque o açúcar consumido deixa de ser processado corretamente, contribuindo assim para o armazenamento de gorduras no organismo. 

No entanto, a resistência à insulina é um problema muito comum nas pessoas com as seguintes condições de saúde:

  • Obesidade ou excesso de gordura na região da barriga.
  • Sedentarismo.
  • Ovário policístico (este distúrbio hormonal feminino pode provocar irregularidade menstrual, excesso de pelos, acne e obesidade).
  • Esteatose hepática (trata-se de um acúmulo de gordura no fígado, que nos casos mais avançados pode causar dor, fraqueza e perda de apetite).
  • Diabetes tipo 2.

Pessoas que tiverem qualquer um desses problemas deve procurar ajuda médica, pois podem estar também com resistência à insulina. Esta condição costuma se manifestar a partir da fase adulta, mas também pode ocorrer em adolescentes. A resistência à insulina não afeta bebês, pois é um problema desenvolvido ao longo da vida.

Como prevenir e tratar a resistência à insulina?

A prevenção da resistência à insulina está diretamente ligada a perda de peso e a prática regular de atividade física. Esses cuidados também fazem parte do tratamento e até da cura da resistência à insulina.

Para alguns casos, conforme orientação médica, a resistência à insulina pode ser tratada também com medicamentos utilizados para diabetes, como metformina e pioglitazona. 

O diagnóstico da resistência à insulina é feito com exames de sangue que medem a dosagem de glicose e insulina no organismo. Muitas vezes, apesar de a glicose estar num nível satisfatório, a taxa de insulina é alta. A explicação é simples: para manter os níveis de glicose normais, o organismo precisa secretar quantidades aumentadas de insulina. Uma compensação que acaba se esgotando, levando a um aumento tanto da insulina quanto da glicose. 

Procure um médico para avaliar, muitas vezes para garantir que os pacientes nesta condição recebam toda a atenção necessária em cada fase de seu tratamento será necessário atendimento multiprofissional.

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Hepatite C

Qual o agente causador da hepatite C?

Dra Claudiani Branco fala sobre a Hepatite C. Ícone por Flaticon.com

O vírus da hepatite C (HCV) pertence ao gênero Hepacivirus, família Flaviviridae. É um RNA vírus, de fita simples e polaridade positiva.

Hepatite C, o que é?

É um processo infeccioso e inflamatório, causado pelo vírus C da hepatite (HCV) e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum.

A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tronam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. Uma vez estabelecido o diagnóstico de cirrose hepática, o risco anual para o surgimento de carcinoma hepatocelular (CHC) é de 1% a 5%. O risco anual de descompensação hepática é de 3% a 6%. Após um primeiro episódio de descompensação hepática, o risco de óbito, nos 12 meses seguintes, é de 15% a 20%.

Epidemiologia

A hepatite C é considerada uma epidemia mundial. No Brasil, um modelo matemático desenvolvido em 2016 estimava que cerca de 657 mil pessoas tinham infecção ativa pelo HCV e, portanto, indicação de tratamento. A maior parte dos indivíduos infectados pelo HCV desconhece seu diagnóstico.

A maior prevalência de hepatite C está entre pessoas que têm idade superior a 40 anos, sendo mais frequentemente encontrada nas regiões Sul e Sudeste do país. Pessoas submetidas a hemodiálise, privados de liberdade, usuários de drogas e pessoas vivendo com HIV são exemplos de populações mais vulneráveis à infecção pelo HCV.

Atualmente, são conhecidos seis genótipos do vírus C da hepatite. O genótipo 1 é o mais prevalente no mundo, sendo responsável por 46% de todas as infecções pelo HCV, seguido pelo genótipo 3 (30%). Ele se observa no Brasil, com pequenas variações na proporção de prevalência desses genótipos.

Formas de transmissão

A transmissão do HCV pode acontecer por:

  • Contato com sangue contaminado, pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos para uso de drogas (cachimbos);
  • Reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos ou odontológicos;
  • Falha de esterilização de equipamentos de manicure;
  • Reutilização de material para realização de tatuagem;
  • Procedimentos invasivos (ex.: hemodiálise, cirurgias, transfusão) sem os devidos cuidados de biossegurança;
  • Uso de sangue e seus derivados contaminados;
  • Relações sexuais sem o uso de preservativos (menos comum);
  • Transmissão da mãe para o filho durante a gestação ou parto (menos comum).

A hepatite C não é transmitida pelo leite materno, comida, água ou contato casual, como abraçar, beijar e compartilhar alimentos ou bebidas com uma pessoa infectada.

Quais são os sinais e sintomas?

O surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C é muito raro; cerca de 80% delas não apresentam qualquer manifestação. Por isso, a testagem espontânea da população prioritária é muito importante no combate a esse agravo.

Como é o diagnóstico?

Em geral, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica. Normalmente, o diagnóstico ocorre após teste rápido de rotina ou por doação de sangue. Esse fato reitera a importância da realização dos testes rápidos ou sorológicos, que apontam a presença dos anticorpos anti-HCV. Se o teste de anti-HCV for positivo, é necessário realizar um exame de carga viral (HCV-RNA) para confirmar a infecção ativa pelo vírus. Após esses exames, o paciente poderá ser encaminhado para o tratamento, ofertado gratuitamente pelo SUS, com medicamentos capazes de curar a infecção e impedir a progressão da doença.

Como é o tratamento?

O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 8 ou 12 semanas. Os DAA revolucionaram o tratamento da hepatite C, possibilitando a eliminação da infecção.

Todas as pessoas com infecção pelo HCV podem receber o tratamento pelo SUS. O médico, tanto da rede pública quanto suplementar, poderá prescrever o tratamento seguindo as orientações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções.

Como se prevenir?

Não existe vacina contra a hepatite C. Para evitar a infecção, é importante:

  • Não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue (seringas, agulhas, alicates, escova de dente etc.);
  • Usar preservativo nas relações sexuais;
  • Não compartilhar quaisquer objetos utilizados para o uso de drogas;
  • Toda mulher grávida precisa fazer, no pré-natal, os exames para detectar as hepatites B e C, o HIV e a sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas. O tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas após o parto a mulher deverá ser tratada.

Alguns cuidados também devem ser observados nos casos em que se sabe que o indivíduo tem infecção ativa pelo HCV, para minimizar as chances de transmissão para outras pessoas. As pessoas com infecção devem:

  • ter seus contatos sexuais e domiciliares e parentes de primeiro grau testados para hepatite C;
  • não compartilhar instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal ou outros itens que possam conter sangue;
  •  cobrir feridas e cortes abertos na pele;
  • limpar respingos de sangue com solução clorada;
  • não doar sangue ou esperma.

Pessoas com hepatite C podem participar de todas as atividades, incluindo esportes de contato. Também podem compartilhar alimentos e beijar outras pessoas.

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Hepatite B

Qual o agente causador da hepatite B?

Dra Claudiani Branco fala sobre a Hepatite B. Imagem: Chris Blonk no Unsplash.

A hepatite viral B é causada por um vírus pertencente à família Hepadnaviridae, o vírus da hepatite B (HBV). É um DNA-vírus envelopado, com fita de DNA dupla incompleta e replicação do genoma viral por enzima transcriptase reversa.

Hepatite B, o que é?

É uma doença infecciosa que agride o fígado, sendo causada pelo vírus B da hepatite (HBV). O HBV está presente no sangue e secreções, e a hepatite B é também classificada como uma infecção sexualmente transmissível. Inicialmente, ocorre uma infecção aguda e, na maior parte dos casos, a infecção se resolve espontaneamente até seis meses após os primeiros sintomas, sendo considerada de curta duração. Essa resolução é evidenciada pela presença de anticorpos chamados anti-Hbs.

Contudo, algumas infecções permanecem após esse período, mantendo a presença do marcador HBsAg no sangue. Nesses casos, a infecção é considerada crônica. O risco de a infeção tornar-se crônica depende da idade do indivíduo. As crianças, por exemplo, têm maior chance de desenvolver a forma crônica. Naquelas com menos de um ano, esse risco chega a 90%; entre um e cinco anos, varia entre 20% e 50%. Por essa razão, é extremamente importante realizar a testagem de gestantes durante o pré-natal e, caso necessário, realizar a profilaxia para a prevenção da transmissão vertical.

Em adultos, cerca de 20% a 30% das pessoas adultas infectadas cronicamente pelo vírus B da hepatite desenvolverão cirrose e/ou câncer de fígado.

Formas de transmissão

O HBV pode sobreviver por períodos prolongados fora do corpo, e tem maior potencial de infecção que os vírus da hepatite C (HCV) e da imunodeficiência humana (HIV), em indivíduos suscetíveis. As principais formas de transmissão são:

  • Relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada;
  • Da mãe infectada para o filho, durante a gestação e o parto;
  • Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos);
  • Compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam);
  • Na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança;
  • Por contato próximo de pessoa a pessoa (presumivelmente por cortes, feridas e soluções de continuidade);
  • Transfusão de sangue (mais relacionadas ao período anterior a 1993).

Epidemiologia

A epidemiologia da hepatite B não é homogênea no cenário nacional. Essa infecção apresenta uma concentração dos casos na região Amazônica, e em alguns pontos da região Sul. Além disso, alguns grupos são considerados mais vulneráveis à infecção pelo aumento de sua exposição ao vírus, a saber: trabalhadores do sexo, pessoas que usam drogas, pessoas privadas de liberdade e pessoas em situação de rua.

Quais são os sinais e sintomas?

A história natural da infecção é marcada por evolução silenciosa, geralmente com diagnóstico após décadas da infecção. Os sinais e sintomas, quando presentes, são comuns às demais doenças crônicas do fígado e costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença, na forma de cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre e dor abdominal. A ocorrência de pele e olhos amarelados é observada em menos de um terço dos pacientes com hepatite B.

Como é o diagnóstico?

A presença do HBsAg na amostra de sangue do paciente estabelece o diagnóstico de hepatite B. A infecção crônica é definida pela presença do HBsAg reagente por pelo menos seis meses

O Ministério da Saúde distribui testes rápidos (TR) na rede pública de saúde desde 2011. Todas as pessoas não vacinadas adequadamente e com idade superior a 20 anos devem procurar uma unidade básica de saúde para fazer o teste rápido para hepatite B.

Tratamento

Após o resultado positivo e confirmação, o tratamento será realizado com antivirais específicos, disponibilizados no SUS, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções (

Além do uso de medicamentos, quando necessários, é importante que se evite o consumo de bebidas alcoólicas.

Os tratamentos disponíveis atualmente não curam a infecção pelo vírus da hepatite B, mas podem retardar a progressão da cirrose, reduzir a incidência de câncer de fígado e melhorar a sobrevida em longo prazo.

Como se prevenir?

A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo extremamente eficaz e segura. A gestação e a lactação não representam contraindicações para imunização.

Atualmente, a vacina para hepatite B está prevista no calendário de vacinação infantil. Além disso, o SUS disponibiliza a vacina nas unidades básicas de saúde para todas as pessoas, independentemente da idade. Caso você não seja vacinado ou não tenha feito as três doses da vacina, procure a UBS mais perto de você.

Além da vacina, outros cuidados ajudam na prevenção da infecção pelo HBV, como usar preservativo em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal – tais como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.

A testagem das mulheres grávidas ou com intenção de engravidar também é fundamental para prevenir a transmissão da mãe para o bebê. A profilaxia para a criança após o nascimento reduz drasticamente o risco de transmissão vertical.

Alguns cuidados também devem ser observados nos casos em que se sabe que o indivíduo tem infecção ativa pelo HBV, para minimizar as chances de transmissão para outras pessoas. As pessoas com infecção devem:

  • ter seus contatos sexuais e domiciliares e parentes de primeiro grau testados e vacinados para hepatite B;
  • utilizar camisinha durante as relações sexuais se o parceiro não for imune;
  • não compartilhar instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal ou outros itens que possam conter sangue;
  • cobrir feridas e cortes abertos na pele;
  • limpar respingos de sangue com solução clorada;
  • não doar sangue ou esperma.

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Hepatite A

Qual o agente causador da hepatite A?

Dra Claudiani Branco fala sobre a Hepatite A. Infográfico por SNC Mídia.

A hepatite A é causada por um vírus RNA de fita simples positiva, que pertence à família Picornaviridae, denominado vírus da hepatite A (HAV), que se replica no fígado, é excretado na bile e eliminado nas fezes, resultando na transmissão pela via fecal-oral. O HAV interfere na função hepática, desencadeando uma resposta imune que leva à inflamação no fígado.

Hepatite A, o que é?

É uma infecção causada pelo vírus A da hepatite (HAV), também conhecida como “hepatite infecciosa”. Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno; contudo, o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade.

Epidemiologia

Em países de renda média, com a economia em transição e condições sanitárias variáveis – situação atual do Brasil –, há uma redução no número de pessoas que têm contato com o vírus da hepatite A na infância e, consequentemente, um aumento no número de pessoas que estão sujeitas a terem a infecção mais tarde. A ausência de contato com o vírus na infância pode levar a um aumento da possibilidade de surtos na comunidade (OMS, 2018; LEMON et al., 2018).

No Brasil, os casos de hepatite A concentram-se, em sua maioria, nas regiões Norte e Nordeste, que juntas reúnem 55,7% de todos os casos confirmados no período de 1999 a 2018. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste abrangem 17,7%, 15,4% e 11,2% dos casos do país, respectivamente.

Formas de transmissão

A transmissão da hepatite A é fecal-oral (contato de fezes com a boca). A doença tem grande relação com alimentos ou água não seguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal (OMS, 2019). Outras formas de transmissão são os contatos pessoais próximos (intradomiciliares, pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches) e os contatos sexuais (especialmente em homens que fazem sexo com homens – HSH).

A estabilidade do HAV no meio ambiente e a grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados contribuem para a transmissão. Crianças podem manter a eliminação viral até cinco meses após a resolução clínica da doença.

No Brasil e no mundo, há também relatos de casos e surtos que ocorrem em populações com prática sexual anal, principalmente a que propicia o contato fecal-oral (sexo oral-anal).

Quais são os sinais e sintomas?

Geralmente, quando presentes, os sintomas são inespecíficos, podendo se manifestar inicialmente como fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de sintomas gastrointestinais, como enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. A presença de urina escura ocorre antes da fase em que a pessoa pode ficar com a pele e os olhos amarelados (icterícia). Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses.

Como é o diagnóstico?

O diagnóstico da infecção atual ou recente é realizado por exame de sangue, no qual se pesquisa a presença de anticorpos anti-HAV IgM (infecção inicial), que podem permanecer detectáveis por cerca de seis meses.

É possível também fazer a pesquisa do anticorpo IgG para verificar infecção passada ou resposta vacinal de imunidade. De qualquer modo, após a infecção e evolução para a cura, os anticorpos produzidos impedem nova infecção, produzindo uma imunidade duradoura.

Como é o tratamento?

Não há nenhum tratamento específico para hepatite A. O mais importante é evitar a automedicação para alívio dos sintomas, uma vez que o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado podem piorar o quadro. O médico saberá prescrever o medicamento mais adequado para melhorar o conforto e garantir o balanço nutricional adequado, incluindo a reposição de fluidos perdidos pelos vômitos e diarreia. A hospitalização está indicada apenas nos casos de insuficiência hepática aguda (OMS, 2018a).

Como se prevenir?

A melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de higiene e saneamento básico, como:

  • Lavar as mãos (principalmente após o uso do sanitário, a troca de fraldas e antes do preparo de alimentos);
  • Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
  • Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
  • Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
  • Usar instalações sanitárias;
  • No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
  • Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de locais onde haja esgoto;
  • Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
  • Usar preservativos e higienizar as mãos, genitália, períneo e região anal antes e depois das relações sexuais;
  • Higienizar vibradores, plugs anais e vaginais e outros acessórios eróticos.

Vacina

A vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura, sendo a principal medida de prevenção contra a hepatite A. A gestação e a lactação não representam contraindicações para imunização. Atualmente, a vacina faz parte do calendário infantil, no esquema de 1 dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos, ou seja, 4 anos, 11 meses e 29 dias). É importante que os pais, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos para garantir a vacinação de todas as crianças.

Além disso, a vacina está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), no esquema de 2 doses – com intervalo mínimo de 6 meses – para pessoas acima de 1 ano de idade, com as seguintes condições:

  • Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV;
  • Pessoas com coagulopatias, hemoglobinopatias, trissomias, doenças de depósito ou fibrose cística (mucoviscidose);
  • Pessoas vivendo com HIV;
  • Pessoas submetidas à terapia imunossupressora ou que vivem com doença imunodepressora;
  • Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes, ou transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea);
  • Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes.

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