Gameta feminino e masculino

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre os Gametas Feminino e Masculino. Foto em Canva.com.

Gametas são células especiais que contêm a metade do número de cromossomos (23) presentes nas células do organismo. Assim, a fusão de dois gametas tem o potencial de formar um novo conjunto de células (embrião) com o número completo de cromossomos (46), que, por sua vez, têm o potencial de formar um novo indivíduo.

Para que haja uma gravidez, é preciso que ocorra a união dos gametas feminino (óvulo) e masculino (espermatozoide). Mas para que isso efetivamente aconteça, é necessário que os sistemas reprodutores tanto da mulher quanto do homem estejam em perfeito funcionamento.

Distúrbios hormonais, infecções e outras doenças são capazes de prejudicar o desenvolvimento e produção desses gametas, diminuindo sua quantidade e/ou qualidade e, consequentemente, provocando infertilidade.

Óvulos

Os óvulos são produzidos ainda na fase intrauterina, ou seja, quando a menina está se desenvolvendo no útero da mãe. Ao nascer, a mulher já conta com todos os óvulos que terá pelo resto da vida e, ao longo do tempo, a chamada reserva ovariana (“estoque” de óvulos presentes nos ovários) vai diminuindo, até terminar na menopausa, por volta dos 50 anos de idade.

Além de diminuírem em quantidade, os óvulos perdem qualidade com o tempo, por isso a fertilidade da mulher cai com a idade, especialmente a partir dos 35 anos.

Espermatozoides

Diferentemente dos óvulos, os espermatozoides começam a ser produzidos na puberdade, e essa produção segue de forma contínua, até o fim da vida do homem. Algumas doenças e condições, no entanto, podem prejudicar a produção dos gametas masculinos ou seu transporte pelo aparelho reprodutor do homem, afetando a sua quantidade e/ou qualidade.

O que pode prejudicar os gametas?

Tanto homens quanto mulheres podem ser acometidos por doenças ou condições que prejudicam a produção, transporte, qualidade, desenvolvimento ou reserva dos seus gametas. Veja abaixo alguns deles:

Mulheres

Como explicado anteriormente, a reserva ovariana das mulheres diminui naturalmente com o tempo. A quantidade, qualidade e liberação dos óvulos, no entanto, pode também ser prejudicada por outros fatores, entre eles:

  • Endometriomas: os cistos escuros nos ovários causados pela endometriose bem como a cirurgia realizada para removê-los, podem prejudicar a reserva ovariana;
  • Menopausa precoce ou falência ovariana prematura (FOP): alteração que leva ao esgotamento folicular antes dos 40 anos, que faz com que os ovários parem de produzir os hormônios sexuais e que leva à infertilidade;
  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP): doença endócrina que pode levar à anovulação (ausência de ovulação) e ciclos menstruais irregulares.

Homens

Nos homens, os problemas relacionados aos espermatozoides podem afetar a produção dos gametas ou o seu transporte. Os principais são:

  • Azoospermia: definida como a ausência de espermatozoides no sêmen, a azoospermia pode ser obstrutiva (quando o problema está em obstruções nos canais que transportam os espermatozoides) ou não obstrutiva (quando a deficiência está na produção dos espermatozoides);
  • Varicocele: varizes nos testículos, que dilatam e prejudicam a circulação sanguínea na região, afetando a produção dos espermatozoides;
  • Orquite: inflamação nos testículos, frequentemente provocada pela caxumba ou infecções sexualmente transmissíveis, que também prejudica a produção dos gametas masculinos.

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Tempo de espera para Tentantes

É o período em que o casal tenta a gravidez de forma espontânea e não utiliza métodos contraceptivos. Durante esse tempo, não se pode considerar ainda o diagnóstico de infertilidade, pois é considerada normal certa demora para a concepção. Após esse período de tentativas sem sucesso, o médico ginecologista deve ser procurado para a realização de exames como parte da pesquisa básica de infertilidade.

Pesquisas apontam que, para casais em que a mulher tem até 35 anos de idade, a probabilidade mensal de que consigam engravidar é de 20%. Isso significa que cerca de 85% dos casais nessas condições devem obter êxito, dentro do tempo de espera necessário.

Dra Claudiani Branco explica aos casais Tentantes o tempo de espera, e como ele varia de acordo com a idade da mulher. Foto por Jonathan Borba no Unsplash.

O tempo regular de espera varia conforme a idade da mulher. Para mulheres até os 35 anos de idade, o período a partir do qual se deve procurar orientação médica deve ser de pelo menos um ano, mantendo-se relações sexuais frequentes principalmente na janela fértil da mulher. A janela fértil, também conhecida como período de ovulação, acontece entre o 12˚e o 15˚ dia do ciclo menstrual para a maioria das mulheres.

Com o passar do tempo, especialmente depois que a mulher atinge 35 anos de idade, as chances de gravidez vão diminuindo gradativamente. Assim, o tempo de espera de uma gravidez espontânea segue a seguinte tendência:

IdadeTempo de EsperaProbabilidade de Infertilidade
35 a 38 anos6 meses11%
39 aos 40 anos4 meses11%
40 aos 43 anos3 meseschegando a 33%
a partir dos 44 anos2 meses87%

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Aumentar as chances de gravidez

Um estudo divulgado pela American Society for Reproductive Medicine mostra que a probabilidade de engravidar aumenta nos dias anteriores à ovulação, considerado o 14º dia do ciclo.

O mesmo estudo também mostra que mulheres que têm relações sexuais diárias ou a cada dois dias nos dias que antecedem a menstruação tem maior probabilidade maior de engravidar, em comparação com aquelas que tem apenas uma relação na época fértil.

A observação do muco cervical no período da ovulação pode, também, aumentar as chances de gravidez. O muco claro, elástico e cristalino na época da ovulação é um bom sinal de fertilidade.

Estima-se que dois em cada dez casais enfrentam dificuldade para engravidar. Em média, 30% das ocorrências estão relacionadas a fatores dependentes da mulher, 30% do homem, 30% de ambos os sexos e 10% por motivos indeterminados. Vários fatores podem determinar tal diagnóstico – que somente será confirmado depois de um ano de tentativas. Até lá, manter a boa saúde e ter tranquilidade são medidas que valem ouro.

Tanto para a mulher quanto para o homem, a idade é fator preponderante. No primeiro caso, as chances de reprodução diminuem a partir dos 35 anos. “Aos 40, a mulher tem 8% da capacidade reprodutiva; aos 43, 1%”.Já no caso do homem, a alteração na qualidade do sêmen começa aos 40 anos.

Distúrbios de ovulação (como a síndrome dos ovários policísticos), obstruções na trompa (ocorre na endometriose), doenças sexualmente transmissíveis (como gonorreia), genética (falência ovariana, por exemplo), doenças imunológicas (como inflamação da tireoide) e outras causas menos comuns (como inflamação no colo do útero) são algumas das razões que levam ou podem levar à infertilidade feminina. “A endometriose, como doença isolada, atinge 50% das pacientes inférteis”.

O que também se tem observado nos últimos dez anos é uma relação entre obesidade e infertilidade. Nas mulheres, a obesidade interfere na ovulação e ainda pode levar ao desenvolvimento de hipotiroidismo, diabetes e síndrome dos ovários policísticos, entre outros distúrbios. “Todas as causas endócrinas que levam à infertilidade acontecem com mais frequência na paciente obesa”. Para os homens, os quilos a mais alteram negativamente a produção de espermatozoide.

O anticoncepcional não é causa de infertilidade. Atualmente, algumas mulheres deixam para engravidar depois dos 35 anos. Enquanto isso, elas usam contraceptivo. Quando decidem ter o bebê, os óvulos já não tem a mesma “eficiência”. Então, culpam a pílula. O problema está relacionado à idade e não à pílula.

Outra confusão que os leigos às vezes fazem é entre esterilidade e infertilidade. Na verdade, o primeiro termo é considerado antigo pela classe médica. Ele define a pessoa que não vai conseguir ter filhos, seja em razão da idade ou de outros fatores. Na infertilidade, considera-se o casal que está tendo dificuldade para engravidar, mas pode atingir o objetivo com o devido tratamento.

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