Você já ouviu falar em HIPERPROLACTINEMIA?

Redução da libido, impotência nos homens e infertilidade nas mulheres. Estes são alguns dos problemas que a hiperprolactinemia, uma alteração hormonal pouco conhecida, pode causar. A descoberta precoce da condição é fundamental para o sucesso do tratamento.

Dra Claudiani Branco fala sobre a Hperprolactinemia e como é o tratamento dessa condição nas mulheres. Imagem:  Jason Yoder no Unsplash.

A hiperprolactinemia é uma anomalia causada pela produção elevada de prolactina, conhecida também como hormônio do leite. A prolactina é produzida pela hipófise, uma glândula localizada na parte inferior do cérebro, que eleva a produção do hormônio durante o período gestacional e pós-parto. A hiperprolactinemia pode atingir tanto mulheres quanto homens em idade adulta e fértil (entre 20 e 50 anos).

QUAIS AS CAUSAS DA HIPERPROLACTINEMIA?

Vários fatores podem levar uma pessoa a apresentar disfunção na produção de prolactina. Entre as causas mais comuns estão:

  • Hipotireoidismo primário (causado por um problema na tireoide que impede a secreção dos hormônios desta glândula);
  • Síndrome dos ovários policísticos;
  • Gravidez e período de lactação;
  • Insuficiência renal;
  • Traumas ou lesões na região torácica;
  • Estímulo dos mamilos;
  • Estresse psicológico;
  • Efeito colateral ao uso de alguns medicamentos.

Para diagnosticar a condição, deve solicitar exame para medir o nível de prolactina no sangue.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS DA PRODUÇÃO ELEVADA DE PROLACTINA?

Os principais sinais e sintomas em pacientes com hiperprolactinemia são:

  • Infertilidade;
  • Falta de libido;
  • Menstruação irregular (oligomenorréia);
  • Ausência da menstruação (amenorreia);
  • Produção de leite sem gestação (galactorreia);
  • Disfunção erétil;
  • Osteoporose;
  • Tumor da hipófise.

QUAIS OS TRATAMENTOS INDICADOS PARA HIPERPROLACTINEMIA?

É necessário descobrir a causa do problema para definir o melhor tratamento. Por exemplo: no caso de ser uma reação medicamentosa adversa, o médico poderá substituir ou suspender o uso do medicamento que pode estar causando o problema. Mas se a causa for um hipotireoidismo primário, pode ser indicada uma terapia para reposição do hormônio da tireoide que está provocando a hiperprolactinemia. De qualquer forma, como se trata de uma anomalia hormonal, é necessário o acompanhamento de um médico.

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Cistos ovarianos

Dra Claudiani Branco explica o que é preocupação ou não com relação aos cistos ovarianos.  Imagem: Matt Reiter no Unsplash.

Cistos no ovário consistem em estruturas de tecido orgânico com formato de bolsa repletas de líquidos ou matérias semissólidas. A maioria deles pode ser considerada benigna e fisiológica. Ou seja, não possuem relação alguma com nenhum tipo de doença.

Em grande parte dos casos bastam poucas semanas para que eles desapareçam sozinhos sem que seja preciso realizar tratamentos.

Mulheres de todas as faixas etárias podem ser afetadas pelos cistos ovarianos, porém a ocorrência deles é mais comum naquelas em idade fértil.

Cistos no ovário podem ser classificados em dois grupos, os benignos e malignos. Os benignos podem ser dos seguintes tipos:

Cisto de corpo lúteo: corpo lúteo é um pedaço de tecido que surge depois que o óvulo é liberado do interior do folículo.

Quando não acontece a gravidez, o corpo lúteo costuma retroceder e desaparecer. Porém, há casos em que algum fluido ou sangue preenche o corpo lúteo e ele continua dentro do ovário.

Esse tipo de cisto é assintomático e costuma afetar apenas um lado do ovário.

Cisto folicular: formado a partir do crescimento anormal de um folículo ovariano durante a menstruação e a ruptura que causa a liberação do óvulo não ocorre.

Cistos foliculares costumam ser resolvidos de maneira espontânea em questão de semanas ou meses.

Cisto dermóide:  é um tipo de tumor benigno que costuma afetar mulheres mais jovens. Conhecido também pelo nome de teratoma cístico maduro, esse tipo de cisto pode apresentar ossos, gordura, cartilagem e pelos em sua composição.

Cisto endometrioide ou endometrioma:  ocorre quando o endométrio, tecido que reveste as paredes internas do útero, se aloja e cresce nos ovários. Quando sangram eles formam áreas císticas de coloração marrom popularmente chamadas de “cistos chocolate”.

Acometem mulheres em idade fértil e gera dor pélvica crônica durante os ciclos menstruais.

Cisto hemorrágico: categoria de cisto funcional que apresenta sangramentos internos resultantes de lesões em seus pequenos vasos sanguíneos. Pode causar dores abdominais do lado em que o cisto se encontra.

Cistoadenoma: tumor benigno de característica serosa ou mucosa. Pode crescer bastante e tornar-se consideravelmente volumoso, a ponto de necessitar de intervenção cirúrgica para ser removido.

Ovários com aparência policística: quando os dois ovários apresentam aumento considerável de volume devido à presença de pequenos cistos na área ovariana exterior.

Condição que diferencia-se da Síndrome dos Ovários Policísticos, pois não apresenta outras complicações fisiológicas e os riscos ao metabolismo e sistema cardiovascular decorrentes da resistência à insulina, características da SOP.

Sintomas

A maioria dos casos de cistos nos ovários não apresentam sintomas, fator que dificulta muito o diagnóstico precoce. Por isso é essencial realizar as consultas ginecológicas e exames de rotina.

Todavia, quando os sintomas se manifestam, costumam ser os seguintes:

  • Dor pélvica após exercícios físicos e relações sexuais;
  • Infertilidade;
  • Desconforto ou sensação de peso na pelve ou parte inferior do abdômen;
  • Sangramento menstrual irregular;
  • Vômitos e enjoos;
  • Dor pélvica durante ciclo menstrual que irradia para a lombar;
  • Pressão ou dor ao evacuar e urinar;
  • Dor vaginal.

Diagnóstico

É possível perceber a possibilidade de ocorrência de cistos nos ovários com o exame pélvico e exame físico abdominal. Entretanto, esses métodos investigativos não são suficientes para confirmar as suspeitas.

Para tanto, são necessários exames de imagem, como o ultrassom transvaginal. Esse é um exame indolor que, geralmente, possibilita a identificação das características do cisto.

As imagens fornecidas pelo ultrassom permitem identificar a composição do cisto e qualificá-lo como simples (preenchido somente por fluidos), complexo (material sólido combinado com áreas de fluido) ou totalmente sólido.

Para avaliar a dimensão dos cistos, a tomografia pélvica pode ser indicada e em outros casos, quando houver necessidade de um exame mais detalhado, é recomendada a ressonância magnética.

Dosagem de Ca-125

É um exame feito para apurar os níveis de Ca-125, marcador sanguíneo que identifica o câncer ovariano e auxilia a definir se um cisto tende a ser maligno.

Válido ressaltar que nem sempre níveis elevados de Ca-125 representam malignidade.

Teste de Gravidez (beta-hCG)

Exame feito para descartar a possibilidade de uma gravidez ectópica (fora do útero), pois os sintomas podem ser bastante similares aos que normalmente acompanham os cistos no ovário.

Tratamentos

Os cistos ovarianos fisiológicos (ou funcionais) são os mais comuns. Muitas vezes eles regridem e desaparecem sem a necessidade de tratamento.

Quando a remissão natural não acontece e as lesões crescem e permanecem por meses, é necessário removê-las para confirmar se não há risco de malignidade.

Outros tratamentos, mais conservadores e indicados para casos menos complexos, incluem o uso de anticoncepcionais orais para regular os ciclos menstruais e, dessa forma, evitar o surgimento de outros cistos.

Para as intervenções cirúrgicas, o método mais recomendado é a videolaparoscopia. Seu caráter minimamente invasivo possibilita uma recuperação rápida e garante menor tempo de internação da paciente.

É fundamental conversar com o profissional da saúde de sua confiança para compreender melhor os mecanismos dos tipos de cistos ovarianos e as possibilidades de tratamentos. Cada caso possui sua especificidade e, portanto, as consultas são indispensáveis.

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Período Fértil

Dra Claudiani Branco explica sobre as características do período fértil da mulher. Imagem: Artem Beliakikin no Pexels.

O ciclo menstrual é um processo natural que ocorre de modo cíclico em todas as mulheres férteis. Todo ciclo em que ocorre uma ovulação inicia-se e termina com a menstruação. A menstruação é um sinal que mostra que a mulher ovulou, mas este óvulo não foi fecundado.

A primeira menstruação da vida da mulher chama-se menarca. A última chama-se menopausa.

Por convenção, o ciclo menstrual (ciclo ovulatório) inicia-se no primeiro dia da menstruação, durando, em média, 28 dias e terminando no primeiro dia da menstruação seguinte. Algumas mulheres têm períodos mais curtos de até 21 dias, enquanto outras possuem períodos mais longos, indo até 35 dias. Mulheres adolescentes com menarca recente podem ter ciclos de até 45 dias, uma vez que seu sistema reprodutor ainda está amadurecendo.

O mesmo prolongamento pode ocorrer com mulheres próximas da menopausa, quando já começa a haver sinais de falência dos ovários.

Ao contrário dos homens que produzem seus espermatozoides continuamente ao longo de toda a vida, as mulheres nascem com um número contado de óvulos. São cerca de 450.000 e eles ficam estocados nos ovários, sendo liberados, na maioria das vezes, apenas um por ciclo.

Enquanto os homens são férteis por toda a vida, as mulheres só podem engravidar entre o período de anos que compreende a menarca e a menopausa.

Os órgãos reprodutores das mulheres consistem em dois ovários, duas trompas, um útero e a vagina.

Para facilitar o entendimento, vamos considerar o ciclo normal aquele com 28 dias, começando e terminando sempre no primeiro dia da menstruação.

O ciclo menstrual é regido pelos hormônios FSH e LH, produzidos na hipófise, glândula localizada no cérebro, e pelos hormônios estrogênio e progesterona, produzidos pelos ovários. Todo o processo hormonal tem duas funções: provocar a ovulação e preparar o útero para receber o feto, caso o óvulo seja fecundado.

O que ocorre durante o ciclo menstrual?

  • Durante os primeiros dias do ciclo, o cérebro produz o hormônio FSH que provoca o amadurecimento dos folículos, que por sua vez, passam a produzir estrogênio.
  • Enquanto os folículos vão ficando maduros, o estrogênio age no útero, fazendo com sua parede (endométrio) cresça e se torne um local propício para a implantação do óvulo, caso este seja fecundado.
  • 14 dias antes da próxima menstruação, quando pelo menos um dos folículos já se encontra suficientemente maduro, a hipófise lança na corrente sanguínea um outro hormônio, chamado LH, que dentro de 36 horas provocará a ovulação.
  • Quando a mulher ovula, lança seu óvulo em direção as trompas e o ovário começam a produzir um novo hormônio, a progesterona, que será responsável em manter o útero rico em nutrientes e circulação de sangue, à espera do feto.
  • Se o óvulo não for fecundado, ele se degenera e a concentração de todos estes hormônios começa a cair. Sem hormônios, a parede espessa do útero não tem como se manter, e ela desaba. Isto é a menstruação. Agora, um novo ciclo se reinicia.

Dia da Ovulação

Nas mulheres com ciclo menstrual regular, é possível prever o período fértil, pois em 95% dos casos, a ovulação ocorre nos quatro dias anteriores ou posteriores ao ponto médio do ciclo. 30% das mulheres ovulam exatamente no meio ciclo.

Ou seja, mulheres com ciclo regular de 28 dias têm o ponto médio do ciclo com 14 dias. 30% delas irão ovular exatamente no 14º dia de ciclo. No restante, o dia da ovulação costuma ocorrer entre os dias 11 e 18 do ciclo.

Por quantos dias a mulher permanece fértil?

O óvulo, após a ovulação, tem uma vida útil muito curta, cerca de 12-24 horas. Por isso, se a mulher ovular hoje, o espermatozoide tem um prazo máximo de 24 horas até encontrá-lo.

Como o espermatozoide tem uma vida muito mais longa, cerca de 3 a 7 dias, as maiores chances de fecundação ocorrem quando a relação sexual acontece 24 a 48 horas antes da ovulação. O ideal é que, quando o óvulo chegue à trompa, já exista uma grande quantidade de espermatozoides à sua espera.

Levando-se em conta a vida média do óvulo e dos espermatozoides, na prática, o período fértil acaba por compreender, em média, os 5 a 6 dias antes da ovulação até o dia seguinte à mesma.

As relações sexuais ocorridas dentro das 48 horas antes da ovulação são aquelas com maior chance de gerar uma gravidez.

Estudos mostram que as chances de engravidar de acordo com a data da relação sexual são as seguintes:

  • Até cinco dias antes da ovulação – 4%.
  • Até dois dias antes da ovulação – 25 a 28%.
  • Durante as 24 horas após a ovulação – 8 a 10%.
  • Para o restante do ciclo – 0%

Dicas de como Engravidar

Trabalhos atuais mostram que a qualidade do sêmen é maior quando ocorre intervalo de 2 a 3 dias entre as ejaculações. Por isso, para quem deseja engravidar, indica-se o coito dia sim, dia não, ou pelo menos, a cada 2 dias.

Quando não é fácil prever o dia da ovulação, sugere-se aos casais que queiram engravidar ter relações sexuais três vezes por semana, iniciando-as logo após o fim da menstruação. Deste modo garante-se pelo menos 3 relações dentro do período fértil, com um sêmen de boa qualidade.

A posição em que se pratica o sexo e a presença ou não de orgasmo na mulher não influenciam na probabilidade de concepção. Do mesmo modo, ficar com as pernas para o alto ou qualquer outro tipo de posição ao final da relação sexual também não têm influência nenhuma. Nada indica que ocorra diminuição das chances de fecundação se a mulher retomar suas atividades logo após o fim do coito. Não é por falta de acrobacias ou devido a sua posição sexual favorita que você vai deixar de engravidar.

O uso de alguns lubrificantes vaginais inibe a motilidade dos espermatozoides e podem reduzir as chances de fecundação. Para casais com dificuldade em engravidar, sugere-se evitá-los.

Como saber se estou ovulando?

Existem algumas maneiras de se estimar o momento da ovulação. Como já foi dito, nas mulheres com ciclo menstrual muito regular é possível prever a data da próxima menstruação, prevendo, assim, que aproximadamente 14 dias antes será o dia da ovulação. O problema é que a maioria das mulheres não possui ciclos tão regulares que permitam utilizar essa técnica tão bem.

Logo após o pico de LH que induz a ovulação, a temperatura corporal das mulheres se eleva discretamente, cerca de 0,5ºC, permanecendo assim por mais 10 dias.

Infelizmente esse método é pouco útil na prática. A medição da temperatura é um método bom para saber retrospectivamente se a mulher ovulou recentemente, mas essa subida costuma ocorrer tardiamente em relação a ovulação, não servindo para indicar o momento certo da relação sexual. Como o óvulo tem vida muito curta, quando se identifica a subida da temperatura, este praticamente já não está mais viável.

Outro modo de pesquisar a ovulação é através do muco vaginal. Alguns dias antes da ovulação, o muco produzido pelo útero se altera, tornando-se mais espesso e elástico. Este muco é chamado de muco fértil, pois favorece a mobilidade dos espermatozoides em direção ao útero e às trompas.

Muitas mulheres conseguem detectar essa alteração nas características do seu muco, sendo uma indicação de que a ovulação está próxima de acontecer.

Algumas mulheres apresentam dor no momento da ovulação. A ruptura do folículo ovariano para liberar o óvulo, pode causar uma discreta irritação do peritônio, causando dor no lado onde está o ovário que ovulou. Esta síndrome é chamada de mittelschmerz, que significa dor no meio (do ciclo) em alemão.

Na prática, o modo mais simples para se identificar o período fértil é a dosagem do LH, uma vez que este se eleva 36 horas antes da ovulação. Já existem testes de urina, que podem ser adquiridos em farmácias, para detecção dos picos do LH pré-ovulatórios. É preciso salientar, porém, que existem falsos positivos.

Se você tem dificuldade em engravidar, o ideal é que este processo de acompanhamento da ovulação seja feito por um médico em uma consulta de infertilidade. Através da ultrassonografia o médico consegue visualizar diretamente os seus ovários e descobrir se há algum folículo maduro, pronto para romper-se e liberar um óvulo. O médico também pode estimular a ovulação com medicamentos, tornando o período fértil bastante previsível.

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Anemia e Miomas Uterinos

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre o risco do Mioma gerar anemia. Imagem: Cassi Josh no Unslpash.

O aumento do fluxo menstrual causado pela presença dos miomas uterinos pode levar ao desenvolvimento de quadros de anemia.

Essa condição caracteriza-se pelos baixos níveis de ferro no organismo que podem gerar complicações como, fraqueza, cansaço, tonturas, queda de cabelo e também prejudica a concentração e a memória.

Por isso, é fundamental acompanhar os níveis de ferritina no sangue. Tais marcadores apontam a quantidade de ferro estocada pelo fígado e disponível para o corpo.

Caso seja diagnosticada carência dessa substância é imprescindível que profissionais da saúde investiguem as causas para impedir que a carência evolua para ausência desses marcadores.

Com o diagnóstico correto da anemia é possível orientar o tratamento adequado para o problema.

Atenção especial deve ser dada à alimentação durante o tratamento da anemia causada pelos miomas. Vegetais e frutas, como espinafre, couve, rúcula, brócolis, laranja e limão são ótimas opções para casos de carência de ferritina.

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Dispareunia e Fisioterapia

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre a Dispareunia causada pela Endometriose. Imagem: Keenan Constance no Unsplash.

A dispareunia, caracterizada pela dor durante o contato íntimo, é um desdobramento muito comum das disfunções osteomusculares em função da endometriose. 

endometriose é uma doença difícil de ser diagnosticada. Estimativas apontam que transcorrem cerca de 10 anos entre o início dos sintomas, o diagnóstico correto e, finalmente, o tratamento.

Durante todo esse tempo, a paciente convive com dores severas sem diagnóstico, o que muitas vezes resulta em complicações secundárias como as disfunções psicológicas e musculoesqueléticas.

As alterações ósseas, musculares e articulares representam agravamento e perpetuação dos sintomas da dor. 

Problemas com a musculatura do períneo ou nas articulações sacro-ilíacas e seus respectivos ligamentos também prejudicam as pacientes em sua vida sexual, afinal tais disfunções podem irradiar dores para o períneo ou vagina.

Inclusive, a adoção da postura antálgica (realizada por indivíduos no intuito de evitar ou diminuir a dor) por longos períodos de tempo também podem ocorrer junto com os sintomas citados acima.

O desequilíbrio da musculatura é capaz de aplicar força de alongamento constante sobre os músculos do assoalho pélvico que, por sua vez, pode causar a flacidez desses grupos musculares e intensificar quadros de dispareunia mesmo durante ou depois dos tratamentos da doença.

A fisiologia pélvica é comprometida pelas tentativas instintivas de ajustar o corpo para evitar a dor. Quadris, membros inferiores e a própria pelve, quando desalinhadas, causam danos fisiológicos e disfunções dos músculos do assoalho pélvico.

A Dispareunia

A dispareunia pode ser dividida em dois tipos: dispareunia superficial e a dispareunia profunda. Em alguns casos, pode ocorrer também a dispareunia tardia, que acontece depois das relações sexuais.

Em pacientes com endometriose, principalmente profunda, identificamos geralmente a dispareunia de profundidade. Ela é resultado da inflamação e distensão dos tecidos da pelve que podem causar útero em retroversão fixa, pressão sobre os ovários ou prejuízos aos ligamentos uterossacros e da região retrocervical.

Por causa da dispareunia, muitas pacientes têm sua satisfação sexual prejudicada ou mesmo optam pela abstinência das relações sexuais.

O Tratamento da Dispareunia

Fisioterapeutas especializados em saúde feminina podem indicar diferentes métodos de tratamento para as pacientes com disfunções nos músculos do assoalho pélvico e com alterações posturais desencadeadas pela endometriose e pela dor pélvica crônica.

O objetivo do tratamento é normalizar o tônus muscular, aumentar a consciência corporal e propriocepção da musculatura pélvica, diminuir os pontos de dor na vagina e melhorar o padrão postural das pacientes.

A liberação miofacial é um dos métodos terapêuticos mais utilizados pois possibilita a liberação das camadas profundas das fáscias, o que favorece a troca de viscosidade das camadas miofasciais de um músculo para o outro, bem como a composição das interligações fibrosas das regiões afetadas.

Com o acompanhamento correto é possível tonificar os músculos e dessensibilizar os pontos de dor que causam a dispareunia e tantas outras disfunções musculoesqueléticas.

Assim sendo, reduzir os quadros dolorosos e possibilitar melhorias significativas na qualidade de vida das pacientes é possível com o auxílio de fisioterapeutas capacitados.

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Sangramento Excessivo e Miomas Uterinos

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre o sangramento excessivo causado pelo mioma uterino. Imagem: Nadezhda Morya no Pexels.

É considerável o número de mulheres que nem sabem que possuem miomas uterinos. Esses tumores benignos têm origem durante a idade reprodutiva e podem aumentar em tamanho ou quantidade com o passar do tempo.

Ainda não existem maneiras cientificamente comprovadas de evitar o desenvolvimento dos miomas. Todavia, pesquisas apontam que mulheres obesas possuem mais chances de serem acometidas por esse tipo de lesão uterina.

Existem outros fatores que favorecem o desenvolvimento dos miomas. A saber:

  • histórico familiar (mais risco para parentes de primeiro grau);
  • nuliparidade (quem ainda não teve nenhum filho);
  • menarca precoce;
  • cor da pele negra.

Outra peculiaridade dos miomas é que muitas vezes eles são assintomáticos, o que dificulta um diagnóstico precoce. 

Porém, quando os sintomas se manifestam, o mais comum deles é o sangramento excessivo durante a menstruação, seguido pela dor pélvica, cólicas menstruais, dor nas relações íntimas ou ao evacuar. Em alguns casos o mioma também pode causar infertilidade.

Diagnóstico e Tratamento.

O diagnóstico dos miomas geralmente é realizado por meio de exames ginecológicos e confirmados com auxílio de ultrassom.

O tratamento, por sua vez, costuma ser cirúrgico. O procedimento pode ser feito para retirar apenas o mioma (miomectomia) ou, em casos extremos, o útero (histerectomia).

Anos atrás esse tipo de cirurgia era realizada por laparotomia, técnica em que o abdômen é aberto com um corte semelhante ao utilizado em cesáreas.

Nos dias de hoje existem outras possibilidades de cirurgias minimamente invasivas. Quando as características do caso permitem e há disponibilidade de recursos, a cirurgia laparoscópica pode ser indicada.

Nesse tipo de procedimento, uma micro-câmera é introduzida junto aos equipamentos cirúrgicos, através de pequenas incisões. A histeroscopia segue o mesmo preceito minimamente invasivo, porém é indicada quando a lesão cresce para dentro da cavidade uterina.

Essas técnicas mais recentes apresentam as vantagens de um pós-operatório menos incômodo e uma recuperação mais rápida.

Outra possibilidade que a medicina moderna oferece é a embolização dos miomas. Entretanto, esse tipo de procedimento é indicado apenas quando existem dificuldades consideráveis ou mesmo a impossibilidade de acessar as lesões com as outras técnicas minimamente invasivas supracitadas.

Quanto aos sangramentos excessivos, existem alguns medicamentos capazes de diminuir o fluxo da menstruação, mas são difíceis de serem encontrados no Brasil e não representam um tratamento para a cura. O objetivo único é controlar o sangramento, mas seu uso pode fazer com que a cirurgia seja descartada.

Procure seu médico de confiança caso perceba um fluxo intenso na menstruação ou qualquer outra manifestação anormal em seu organismo.

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Vulvodínia

A vulvodínia, também conhecida como vestibulite vulvar, é uma situação caracterizada pela dor e/ou desconforto crônico na região da vulva da mulher e que dura pelo menos três meses. Além disso, é comum que na vulvodínia a mulher apresente vermelhidão e sensação de picada na região genital, o que pode fazer com que seja confundida com outras situações como dermatose e infecções na região genital, por exemplo.

A vulvodínia é uma situação bastante desconfortável para a mulher e a dor pode durar horas ou dias após a relação sexual. Por isso, é importante que a mulher consulte o ginecologista para que seja feita uma avaliação e possa ser indicado o tratamento mais adequado para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Dra Claudiani Branco para sobre os cuidados e tratamento para a Vulvodinia, também chamada vestibulite vulvar.

Sintomas de vulvodínia

Os sintomas de vulvodínia normalmente estão presentes por mais de três meses e podem ser constantes ou não. Normalmente a dor e o desconforto são mais intensos após a relação sexual, podendo durar horas ou dias após a relação e podendo dificultar a realização de atividades diárias básicas, como sentar, por exemplo. Os principais sintomas de vulvodínia são:

  • Dor ao toque e irritação na região da vulva;
  • Vermelhidão e sensação de picada na região genital;
  • Sensibilidade aumentada;
  • Sensação de picada e queimação na região da vulva;
  • Dificuldade para inserir tampões ou aplicadores vaginais;
  • Dor durante a relação sexual.

É importante que na presença desses sintomas a mulher consulte o ginecologista, que irá realizar exames de observação e toque, para identificar os pontos de sensibilidade ou dor.

Além disso, são normalmente indicados exames que ajudem a descartar outras situações como infecção genital, dermatose, neoplasia na região genital e alterações neurológicas, e, assim, confirmar o diagnóstico de vulvodínia e indicar o tratamento mais adequado.

Possíveis causas

As causas da vulvodínia ainda não são totalmente esclarecidas, no entanto acredita-se que pode acontecer devido a uma combinação de fatores, como por exemplo:

  • Dor neuropática;
  • Fatores genéticos;
  • Problemas ou disfunções no assoalho pélvico;
  • Alterações hormonais;
  • Alterações nas vias nervosas.

Além disso, o surgimento desta doença encontra-se também associado a outros fatores que incluem fibromialgia, síndrome do intestino irritável, estresse pós-traumático, depressão, enxaqueca ou candidíase recorrente.

Como é feito o tratamento

O tratamento para a vulvodínia pode variar de acordo com a intensidade dos sintomas apresentados pela mulher e tem como objetivo aliviar os sintomas e promover a qualidade de vida, uma vez que não tem cura.

Assim, o tratamento pode envolver o uso de remédios com estrogênio, que podem ajudar no alívio dos sintomas, antidepressivos ou antiepilépticos que ajudam a relaxar a musculatura da região. Além disso, o médico pode indicar o uso de lubrificantes e anestésicos tópicos, como o gel de lidocaína, por exemplo, antes e durante a relação sexual, além de também poder ser aplicado nos dias em que a dor é mais intensa.

Nos casos mais graves, em que não há melhora dos sintomas com o uso de remédios, pode ser recomendada a realização de uma cirurgia chamada vestibulectomia. Além disso, os cuidados diários com a região genital também são muito importantes, especialmente os cuidados com a pele e higiene da vulva, uma vez que a utilização de produtos agressivos ou irritantes podem agravar os sintomas.

O tratamento também pode ser complementado através da realização de fisioterapia ginecológica com aparelhos como TENS para diminuir a dor e exercícios que fortaleçam o assoalho pélvico, como exercícios de Kegel, pompoarismo ou com cones vaginais.

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APARELHO GENITAL FEMININO

O aparelho genital feminino é formado pelos órgãos genitais internos e externos. Os órgãos internos são: vagina, ovários, trompas de Falópio(ou tubas) e útero.

Dra Claudiani fala sobre o aparelho genital feminino

Os órgãos externos são: monte de Vênus (monte púbico) e vulva, que engloba os grandes lábios, os pequenos lábios e o clitóris.

O sistema reprodutor feminino, além de produzir os hormônios sexuais e óvulos, é onde se dá a fecundação. É no seu interior que o feto se desenvolve por nove meses.

A vagina é um espaço tubular fibromuscular, recoberto por uma mucosa pregueada, com aproximadamente 10 centímetros de comprimento. Ela que faz a comunicação entre a vulva e o útero. Sua função é dar saída ao fluxo menstrual, receber o pênis durante a relação sexual e formar o canal do parto. Devido a essa última função, a vagina possui grande elasticidade.

Os ovários são as gônadas femininas, e produzem os hormônios femininos (estrogênio e progesterona). São pequenas estruturas ancoradas por ligamentos como mesovário e o ligamento útero-ovárico. É neles que o óvulo se desenvolve.

Dra Claudiani fala sobre o aparelho genital feminino

O útero é um órgão oco, com paredes musculares espessas. Serve como caminho para os espermatozoides chegarem à tuba uterina para a fertilização e também abriga o feto durante o seu desenvolvimento. O seu volume pode chegar até cinco litros. Em seu interior, na parte superior, encontra-se o colo do útero. É ligado às tubas uterinas ou Trompas de Falópio.

Trompas de Falópio são tubas compostas por um canal, com forma de funil, recoberto em sua extremidade por franjas, as fímbrias, por uma ampola e por um istmo.

Dra Claudiani fala sobre o aparelho genital feminino

Fazendo parte dos genitais externos, está o monte de Vênus, ou monte púbico, uma elevação de tecido adiposo, recoberto por pelos, que protege a superfície ósseo-cartilaginosa.

Os grandes lábios são dobras constituídas de pele e tecido adiposo, recobertas por pelos. Os pequenos lábios são tecidos sem gordura. Na parte superior dos pequenos lábios encontra-se o clitóris, uma massa de tecido erétil de aproximadamente 2 cm de comprimento. O clitóris tem a função exclusiva de proporcionar prazer sexual.

Entre os pequenos lábios fica a abertura da vagina, que é recoberta por uma fina membrana altamente vascularizada chamada de hímen. É importante perceber que o hímen não “fecha” o canal: ele está presente ao redor do orifício. As mulheres que nascem com o canal obstruído por esse tecido precisam passar por cirurgia corretora, para que o fluxo menstrual possa ser eliminado do organismo. O hímen não necessariamente ainda estará presente na primeira relação sexual, pois pode desaparecer bem antes da puberdade, em atividades como abrir as pernas na ginástica, andar de bicicleta, masturbação, entre outros. Outro mito sobre o hímen é que ele será rompido na primeira relação: em muitas mulheres, a penetração vaginal não leva ao rompimento do hímen e ao sangramento, especialmente se for feita com delicadeza.

Principais fases do trabalho de parto

As fases do trabalho de parto normal ocorrem de forma seguida e, incluem, de forma geral, a dilatação do colo do útero, período expulsivo e a saída da placenta. Geralmente, o trabalho de parto inicia-se espontaneamente entre as 37 e as 40 semanas de gestação e, existem sinais que indicam que a grávida vai entrar em trabalho de parto, como a expulsão do tampão mucoso, que é a saída de um líquido gelatinoso, rosado ou acastanhado pela vagina e a rotura da bolsa das águas, que é quando começa a sair o líquido amniótico transparente.

Dra Claudiani Branco fala sobre as fases do parto. Foto: Carlo Navarro no Unsplash.

Além disso, a grávida começa a ter contrações irregulares, as quais vão se intensificando, até ficarem regulares e com intervalos de 10 em 10 minutos. 

 1ª Fase – Dilatação

A primeira fase do parto é caracterizado pela presença de contrações e ao processo de dilatação do colo do útero e do canal de parto até que atinja 10 cm.

Esta fase é dividida em latente, em que a dilatação do colo do útero é menor que 5 cm e é caracterizada pelo aumento gradual da atividade uterina, presença de contrações uterinas irregulares e aumento das secreções cervicais, havendo perda do tampão mucoso, e ativa, em que a dilatação é superior a 5 cm e a mulher já começa a apresentar contrações regulares e dolorosas.

A duração da primeira fase do trabalho do parto pode variar de mulher para mulher, no entanto dura em média 8 a 14 horas. Durante esse período é comum que a mulher sinta dores devido às contrações, que ficam mais regulares e com intervalo menor entre uma e outra à medida que é verificada maior dilatação do colo do útero e do canal vaginal.

2ª Fase – Expulsão

O seguimento da fase ativa do trabalho de parto se dá pela fase de expulsão, em que o colo do útero já atingiu a dilatação máxima e se inicia a fase do período expulsivo, que pode demorar entre 2 e 3 horas.

O início da fase de expulsão recebe o nome de período de transição, que é relativamente curta e bastante dolorosa e o colo do útero adquire uma dilatação entre 8 e 10 cm ao final do período. Ao ser verificada dilatação adequada, a mulher deve começar a fazer força para a descida da apresentação fetal. Além disso, a posição para realização do parto pode ser escolhida pela gestante, desde que esteja confortável e que favoreça a segunda fase do trabalho de parto.

 3ª Fase – Dequitação: Saída da placenta

A fase da dequitação é a fase 3 do trabalho de parto e ocorre depois do nascimento do bebê, sendo caracterizada pela saída da placenta, que pode sair espontaneamente ou ser retirada pelo médico. Nessa fase é normalmente feita a administração de ocitocina, que é um hormônio que favorece o trabalho de parto e o nascimento do bebê.

4ª Fase – Quarto período

Essa última fase é definida como a primeira hora após a saída da placenta. Trata-se de um momento de observação da mãe pela equipe médica com o objetivo de evitar hemorragias. Depois desse período, o útero já está bem contraído.  

 Algumas mães podem se sentir nas “nuvens”, pois o organismo libera ocitocina, conhecido como “o hormônio do amor” e responsável por influenciar no vínculo entre a mãe e o bebê.

Dúvidas?

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Cuidados ginecológicos para pessoas LGBTQIA +

Mulheres que fazem sexo com mulheres realizam menos consultas ginecológicas.

Dra Claudiani fala sobre cuidados ginecológicos para pessoas LGBTQIA+. Foto: Sharon McCutcheon no Unsplash.

Pesquisa recente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) aponta que 76% das mulheres (independentemente de sua sexualidade) realizam consultas ginecológicas anualmente. Mas há um fato curioso: o índice cai para 47% quando falamos das mulheres que fazem sexo com mulheres (MSM), de acordo com o relatório Atenção Integral à Saúde das Mulheres Lésbicas e Bissexuais, do Ministério da Saúde.

A rotina ginecológica das MSM não deve ser diferente da preconizada para mulheres heterossexuais. Exames preventivos, como mamografiae o Papanicolau (principal método de detecção e prevenção do câncer de colo do útero) devem ser realizados de acordo com as diretrizes de saúde. Ultrassom da pelve, rastreamento infeccioso de doenças como herpes, HIV e sífilistambém devem fazer parte da rotina.

QUAIS SÃO AS ROTINAS DE CUIDADOS E EXAMES?

O profissional de ginecologia deve atentar às práticas sexuais e/ou exercício de sexualidades adotadas por suas pacientes, independentemente de serem heterossexuais, homossexuais, bissexuais, assexuais ou homens trans. Os exames ginecológicos devem ser discutidos com a paciente, escolhendo juntos o melhor método. Mulheres que já iniciaram atividade sexual devem ser examinadas, com coleta periódica do papanicolaou, por exemplo.

A grande questão por trás disso, é que muitas pacientes não se sentem confortáveis em relevar ao médico ginecologista sua orientação sexual, porque muitos especialistas não dão a devida atenção ou reagem negativamente.

Muitos exames podem ser ajustados de acordo com as práticas sexuais das pacientes – como a presença ou ausência de penetração durante a relação sexual. 

O uso de cotonetes para coleta do exame papanicolaou não é adequado, já que não permite visualizar o colo do úteroe a paciente deve ser informada sobre isso. Há opção de espéculos menores, uso de lubrificantes e delicadeza para que o exame seja confortável e permita adequada análise da vagina e do colo do útero. O toque vaginal deve ser feito cuidadosamente, com apenas um dedo caso a paciente fique mais confortável. Obviamente, esses cuidados devem ser sempre adotados com todas as mulheres.

INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (ISTS)

As ISTs podem surgir pela ação de vírus, bactérias ou protozoários – caso da sífilis, gonorréia, HIV, HPV, hepatites, herpes, tricomonas. A falsa crença de que mulheres lésbicas, bissexuais e homens trans estão menos propensas às ISTs prejudica a prevenção de saúde dessas pessoas. O contágio pode ocorrer por contato entre mucosa oral ou vaginal. O uso de acessórios compartilhados também é responsável pela transmissão de agentes infecciosos. 

A transmissão entre o casal pode ocorrer por penetração vaginal, sexo oral, contato com sangue ou uso de acessórios sexuais. Portanto, independentemente do sexo do parceiro, os riscos de ISTs são reais.

VIDA SEXUAL: MEDIDAS DE PROTEÇÃO QUE PODEM SER ADOTADAS PELO CASAL

– Exames: Converse com a sua parceira e pergunte se os exames dela estão em dia. Mostre seus exames a ela. Essa é uma das formas mais seguras de evitar as ISTs.

– Camisinha: Sempre que for usar um acessório com a parceira, como dildo ou vibrador, use camisinha e troque toda vez que a outra for usar.

– Luva: Utilize luva na penetração com o dedo, caso o dedo esteja machucado ou com ferida.

– Camisinha cortada, plástico filme, dental dam: Para sexo oral ou contato entre vulvas, essas podem ser uma estratégia que cria barreira de proteção.

SAÚDE DO HOMEM TRANSGÊNERO 

A assistência ao homem transgênero (pessoa que foi atribuída como do gênero ou sexo feminino ao nascer e possui uma identidade de gênero masculina) deve ser abrangente e individualizada, assim como ocorre com as mulheres cisgênero (pessoas cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhes foi atribuído no nascimento). Contudo, aqueles que realizam tratamentos hormonais demandam atenções específicas.

O acompanhamento de um homem transgênero é feito por uma equipe multidisciplinar formada por ginecologistas, endocrinologistas, psicólogos, assistentes sociais e outros especialistas. Realiza-se minuciosa investigação de condições de saúde e identificação de possíveis problemas de base que careçam de cuidados anteriores ao tratamento hormonal.

No primeiro ano, após principiar o uso de androgênios, a rotina de consultas deve ser trimestral.

As dosagens de testosterona ministradas são elevadas. Observamos a evolução do paciente, possíveis alterações no perfil lipídico, alteração glicêmica, coagulação sanguínea, função renal, impactos no fígado e outros indicadores. Pode ainda ocorrer alguma alteração de humor e ansiedade que pode ser acompanhada com o apoio de profissionais de saúde mental. Após esse período, as consultas para avaliações clínicas tendem a ser semestrais e, por fim, anuais.

Muito importante também é manter os cuidados preventivos ao câncer de mama, pois a ação dos andrógenos pode promover uma atrofia das mamas o que diminuiria o estímulo ao surgimento da doença. Entretanto, em alguns casos, o hormônio masculino pode ser convertido perifericamente em estrógeno, mantendo as condições para o aparecimento da doença. Outro ponto de atenção diz respeito à fertilidade desses homens. O uso dos androgênios, a longo prazo, pode comprometer a fertilidade. Dessa forma, aqueles que desejam gestar precisam ponderar os impactos de seu tratamento na capacidade reprodutiva. No momento em que desejarem engravidar, é necessário suspender os hormônios masculinos com muita antecedência e aferir se as condições para fecundação se restabelecem. Por outro lado, ainda que pequena, há possibilidade de gravidezes não planejadas durante a hormonioterapia. Por essa razão, demanda a adoção de cuidados contraceptivos.

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