Escala de APGAR: o que é, para que serve e o que significa

A escala de APGAR, também conhecida como índice ou escore APGAR, é um teste feito no recém-nascido logo após o nascimento que avalia seu estado geral e vitalidade, ajudando a identificar se é necessário qualquer tipo de tratamento ou cuidado médico extra após o nascimento.

Ginecologista e obstetra Dra Claudiani Branco comenta a escala de APGAR

Esta avaliação é feita no primeiro minuto de nascimento e é repetida 5 minutos após o parto, tendo em consideração características do bebê como atividade, batimento cardíaco, cor, respiração e reflexos naturais.

Como é feita a escala de APGAR?

Na avaliação do índice de APGAR são considerados 5 grandes grupos de características do recém-nascido, que incluem:

1. Atividade (tônus muscular)

  • 0 = Músculos flácidos;
  • 1 = Dobra os dedos e movimenta os braços ou pernas;
  • 2 = Movimenta-se ativamente.

2. Batimento cardíaco

  • 0 = Sem batimento cardíaco;
  • 1 = Inferior a 100 batimentos por minuto;
  • 2 = Superior a 100 batimentos por minuto.

3. Reflexos

  • 0 = Não responde a estímulos;
  • 1 = Faz caretas quando estimulado;
  • 2 = Chora vigorosamente, tosse ou espirra.

4. Cor

  • 0 = O corpo tem coloração pálida ou azul-acinzentada;
  • 1 = Coloração rosada no corpo, mas azulada nos pés ou mãos;
  • 2= Coloração rosada em todo o corpo.

5. Respiração

  • 0 = Não respira;
  • 1 = Choro fraco com respiração irregular;
  • 2 = Choro forte com respiração regular.

Para cada grupo é dado o valor correspondente à resposta que melhor representa o estado do bebê no momento. No final, essa pontuação é somada para obter um valor único, que irá variar entre 0 e 10.

O que significa o resultado?

A interpretação do valor que surge após somar a pontuação de todas as dimensões deve ser sempre feita por um médico, no entanto, o normal é que um bebê saudável nasça, no mínimo, com uma pontuação de 7 ao primeiro minuto.

Este tipo de pontuação inferior a 10 no primeiro minuto de vida é bastante comum e acontece porque a maioria dos bebês precisa ser aspirado para retirar todo o líquido amniótico dos pulmões antes de conseguir respirar normalmente. No entanto, por volta dos 5 minutos é comum que o valor aumente para os 10.

O surgimento de uma pontuação inferior que 7, ao 1º minuto, é mais comum em bebês que nasceram:

  • Após uma gravidez de risco;
  • Por cesárea;
  • Após uma complicação no parto;
  • Antes das 37 semanas.

Nestes casos, a pontuação inferior não é motivo de preocupação, no entanto, deve aumentar após 5 minutos.

O que acontece quando o resultado é inferior?

A maior parte dos bebês com valor inferior a 7 na escala de APGAR é saudável e, por isso, esse valor aumenta ao longo dos primeiros 5 a 10 minutos de vida. No entanto, quando o resultado se mantém baixo pode ser necessário ficar internado numa unidade de neonatologia, para receber cuidados mais específicos e garantir que está se desenvolvendo da melhor forma possível.

O valor baixo de APGAR não prediz qualquer tipo de resultado sobre inteligência, personalidade, saúde ou comportamento da criança no futuro.

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Exames que o recém-nascido deve fazer

Logo após o nascimento o bebê precisa realizar uma série de exames com o objetivo de identificar alterações que indiquem a presença de doenças genéticas ou metabólicas, como fenilcetonúria, anemia falciforme e hipotireoidismo congênito, por exemplo. Além disso, esses exames podem ajudar a identificar problemas de visão e de audição e a presença de língua presa, por exemplo.

Ginecologista e obstetra Dra Claudiani Branco fala sobre os exames que o recém nascido deve fazer.

Os testes obrigatórios para o recém-nascido são o teste do pezinho, a tipagem sanguínea, o teste da orelhinha, do olhinho, do coraçãozinho e da linguinha e são indicados logo na primeira semana de vida, de preferência ainda na maternidade, pois caso seja identificada qualquer alteração, o tratamento pode ser iniciado logo em seguida, promovendo o desenvolvimento normal e a qualidade de vida do bebê.

1. Teste do pezinho

O teste do pezinho é um exame obrigatório, indicado entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê. O exame é feito  a partir de gotas de sangue tiradas do calcanhar do bebê e serve para identificar doenças genéticas e metabólicas, como a fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, hiperplasia adrenal congênita, fibrose cística e deficiência de biotinidase.

Existe também o teste do pezinho ampliado, que é indicado quando a mãe teve alguma alteração ou infecção durante a gravidez, sendo importante que o bebê seja testado para outras doenças. Este exame não faz parte dos exames gratuitos obrigatórios e deve ser realizado em clínicas particulares.

2. Teste da orelhinha

O teste da orelhinha, também chamado de triagem auditiva neonatal, é um exame obrigatório e oferecido gratuitamente pelo SUS que tem como objetivo identificar alterações auditivas no bebê.

Esse exame é feito ainda na maternidade, de preferência entre 24 a 48 horas de vida do bebê, e não causa dor ou desconforto no bebê, sendo muitas vezes realizado durante o sono.

3. Teste do olhinho

O teste do olhinho, também conhecido como teste do reflexo vermelho, normalmente é oferecido gratuitamente pela maternidade ou postos de saúde e é feito para detectar problemas de visão, como catarata, glaucoma ou estrabismo. Esse teste costuma ser realizado na maternidade pelo pediatra.

4. Tipagem sanguínea

A tipagem sanguínea é um teste importante para identificar qual o tipo de sangue do bebê, que pode ser A, B, AB ou O, positivo ou negativo. O teste é realizado com o sangue do cordão umbilical, assim que o bebê nasce.

Neste exame, é possível rastrear o risco de incompatibilidade sanguínea, ou seja, quando a mãe tem o RH negativo e o bebê nasce com o RH positivo ou, ainda, quando a mãe tem o tipo sanguíneo O e o bebê, o tipo A ou B. Dentre os problemas de incompatibilidade sanguínea, podemos destacar o possível quadro de icterícia neonatal.

5. Teste do coraçãozinho

O teste do coraçãozinho é obrigatório e gratuito, feito ainda na maternidade entre 24 e 48 horas após o nascimento. O exame consiste em medir a oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos do recém-nascido com o auxílio de um oxímetro, que é uma espécie de pulseirinha, colocada no pulso e no pé do bebê.

Caso alguma alteração seja detectada, o bebê é encaminhado para fazer um ecocardiograma, que é um exame que detecta defeitos no coração do bebê.

6. Teste da linguinha

O teste da linguinha é um exame obrigatório feito por um fonoaudiólogo para diagnosticar problemas no freio da língua de recém-nascidos, como a anquiloglossia, popularmente conhecida como língua presa. Esta condição pode prejudicar a amamentação ou comprometer o ato de engolir, mastigar e falar, por isso se detectada logo é possível já indicar o tratamento mais adequado.

7. Teste do quadril

O teste do quadril é um exame clínico, no qual o pediatra examina as perninhas do bebê. É geralmente realizado na maternidade e na primeira consulta com o pediatra.

O objetivo do teste é identificar alterações no desenvolvimento do quadril que podem resultar posteriormente em dor, encurtamento do membro ou osteoartrose.

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Parto Humanizado

Ginecologista e obstetra Dra Claudiani Branco comenta o parto humanizado

Seu significado nada mais é que respeitar mãe e bebê em todas as etapas, mas o tema ainda é cercado de dúvidas.

Nos últimos anos, cresceu o debate sobre o parto humanizado, que prega o nascimento da maneira mais natural possível e dá à mulher uma boa dose de autonomia no processo.

Segundo a OMS e diversas pesquisas científicas, nascer em um ambiente acolhedor e na hora certa (sinalizada pelo início do trabalho de parto) geralmente é a melhor maneira de vir ao mundo. Durante esse momento tão importante, a mãe pode escolher se quer receber anestesia, em que posição o parto ocorrerá, quem deseja ter ao lado durante todo o processo, o que comer e beber, inclusive tem o direito de tomar banho e se movimentar.

Que fique claro, o parto humanizado não é o oposto de uma cesariana. Aliás, o nascimento por métodos naturais também pode ser extremamente desumano em algumas situações.

Todo parto normal é humanizado?

Para ser humanizado, ele precisa ocorrer com total respeito à mulher e ao bebê, sem nenhum tipo de violência obstétrica. A realização desnecessária da episiotomia durante um parto normal — um corte na vagina para facilitar a passagem do bebê — ou a manobra de Kristeller, quando o profissional de saúde sobe em cima da mulher para empurrar a barriga, são dois exemplos de atitudes inadequadas.

Para ser humanizado, o parto deve ser normal?

O parto humanizado preconiza a segurança. Quando ela está ameaçada, devemos fazer a cesárea. A questão é fazer uma boa indicação desse procedimento. Sua realização indiscriminada — especialmente quando agendada sem uma razão clara e justificável — traz mais riscos do que benefícios.

Como qualquer cirurgia, há a possibilidade de hemorragias e complicações na anestesia, além de uma maior probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido. O ideal é esperar o trabalho de parto começar e, se houver dificuldades, o bebê estiver sofrendo ou a mãe decidir, aí sim partir para a cesárea.

Outra indicação certeira da operação é a placenta prévia, condição que aumenta o risco de sangramentos. Sem ela, o quadro ameaça a vida de mãe e filho.

 A cesárea não pode ser humanizada?

O conceito de parto humanizado está muito ligado ao método normal. Mas, se isso realmente não for possível — o que é uma exceção, e não regra — algumas medidas humanizam a cirurgia.

Exemplos: ter a presença do acompanhante, controlar ruído e luz, colocar o filho para mamar assim que ele nasce e orientar bem a mulher sobre o processo.

A mulher não tem direito à anestesia no parto humanizado?

Ela pode receber remédios específicos para amenizar a dor sempre que desejar. A diferença é que uma equipe com foco no parto humanizado investe em técnicas não-farmacológicas antes de partir para a analgesia tradicional.

Entre elas, destacamos massagens, banhos quentes, movimentos relaxantes se nada disso funcionar e a dor for intensa, tudo bem optar pela anestesia.

A recuperação do parto humanizado é melhor?

não poderia deixar de ser, uma cirurgia — como a cesariana — exige um tempo de reabilitação maior. Contudo, o parto humanizado também traz mais vantagens do que um natural sem esses cuidados.

Podemos, por exemplo, evitar o corte da episiotomia e os medicamentos. Isso diminui o tempo de recuperação.

Outro fator que colabora para o restabelecimento das forças da mulher é o contato pele a pele com o pequeno, que favorece a amamentação. Quando o aleitamento ocorre numa boa, o corpo materno libera mais ocitocina, hormônio responsável pelas contrações uterinas que ajudam o órgão a voltar ao tamanho normal.

O parto humanizado é um direito da mulher?

Ele é preconizado pelo Ministério da Saúde, que tem diretrizes sobre o tema.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos de saúde, também delineou normas de incentivo ao parto normal. Por outro lado, não desenhou uma regulamentação que coíba as cesarianas desnecessárias.

O parto humanizado é mais perigoso para o bebê?

Esperar o trabalho de parto começar e a criança vir ao mundo naturalmente é considerado o método de nascimento mais seguro. O processo pode demorar muitas horas, porém terá como limite o bem-estar e a segurança materna e fetal. Sempre que ela estiver ameaçada, será preciso intervir.

No parto e em qualquer situação de saúde, todas as decisões precisam ser compartilhadas. Qualquer intercorrência tem que ser abordada de maneira clara e verdadeira para a mulher.

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Atualização: recomendações sobre vacinas covid-19 em gestantes, puérperas e lactantes

Dra Claudiani Branco fala sobre a Atualização da Norma Técnica do Ministério do Trabalho sobre a vacina de covid-19 e gestantes. Foto por freestocks no Unsplash.

Por meio da nota técnica 01/2021, divulgada em 15 de março, o Ministério da Saúde elencou orientações referentes à administração de vacinas covid-19 em gestantes, puérperas e lactantes.

Faz um ano que enfrentamos a Covid-19. Hoje, 16 de março, os óbitos se aproximam dos 300.000 no Brasil e os casos estão para somar 12 milhões.  É uma doença severa, causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2.

A Covid-19 possui espectros clínicos distintos: de infecções assintomáticas a quadros graves. A Organização Mundial da Saúde informa que a maioria (cerca de 80%) dos pacientes podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas reduzidos.

Um entre cada 5 casos detectados exige atendimento hospitalar em virtude de dificuldade respiratória. Destes, 5% podem requerer suporte ventilatório.

Focando especificamente no grupo de gestantes e puérperas, o Sistema de Vigilância do Ministério da Saúde vem estudando a evolução de óbitos. Em Boletim Epidemiológico Especial, divulgou que “a incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em gestantes foi 0,9% e ocorreram 199 óbitos por SRAG em gestantes. Em 135 (67,8%) desses óbitos, a SRAG foi causada por SARS-CoV-2”.  

A nota técnica 01/2021, registra que no Brasil, as mortes maternas associadas a Covid-19 são mais comuns no 3º trimestre ou no puerpério. Alerta o quadro recente da pandemia, entre 8 a 11% das gestantes e lactantes infectadas pelo SARS-CoV-2 necessitam de hospitalização; de 2% a 5% são casos de internação em unidades de terapia intensiva, com risco objetivo de morte.

Ainda aponta que os óbitos maternos são mais usuais em gestantes e puérperas com comorbidades preexistentes associadas: obesidade, diabetes mellitus, doenças autoimunes, doença cardiovascular, entre outras.

SOBRE VACINAS

Diz a NT que as vacinas Covid-19 disponíveis no País ainda não passaram por testagem em gestantes, puérperas e lactantes. Daí não haver dados e informações consolidados sobre efeitos específicos. Porém, pela urgência “de se posicionar sobre essa parcela da população mesmo com a ausência de evidências, surge da necessidade mundial de combater a pandemia causada pelo SARS-CoV-2 e, principalmente, no caso das gestantes, devido ao maior risco de complicações que elas e seus bebês enfrentam quando infectados pelo vírus, podendo-se citar a maior probabilidade de parto prematuro”.

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