A tireoide é uma glândula localizada na frente dos anéis da traqueia, entre o pomo de adão e a base do pescoço e pesa entre 15 e 25 gramas no adulto. Tem a forma de um H ou de um escudo e consiste num istmo central com dois lobos, um de cada lado. Está fixada à laringe por um tecido conjuntivo e se movimenta com a deglutição.
Produz os hormônios tireoidianos (T3 e T4), responsáveis por diversos controles do organismo, como os batimentos cardíacos, os movimentos intestinais, a capacidade de concentração do cérebro, o tônus da musculatura, a regulação dos ciclos menstruais, do humor e da respiração celular. Controla, também, o armazenamento e a utilização de iodo e cálcio.
A tireoide também recebe comandos de outra glândula, a hipófise, que fica no cérebro e libera o hormônio estimulador da tireoide (TSH).
Essas siglas não merecem ser conhecidas à toa. Em geral, se os níveis de TSH não batem com o que é esperado para os hormônios tireoidianos, se suspeita de algo errado — são exames de sangue que apuram isso. TSH alto com T3 e T4 baixos é sinal de hipotireoidismo, desequilíbrio que, pelas estimativas, afeta um em cada dez brasileiros. No hipertireoidismo, presente em 2% da população, acontece o contrário: há tanto T3 e T4 no sangue que o TSH, que instiga a tireoide a trabalhar, é menos necessário e acaba diminuindo.
As projeções sobre o número de pessoas acometidas por esses problemas não são precisas, pois os critérios utilizados nos estudos e as características do grupo examinado podem variar —pessoas com uma dieta deficiente em iodo, por exemplo, correm maior risco, tanto é que o mineral é adicionado ao sal de cozinha.
Um exame de sangue tira a dúvida, mas, antes dos 40 anos, idade a partir da qual a encrenca se torna mais comum, é difícil fazer um check-up da tireoide. A solução passa por uma boa investigação médica em que o paciente deve informar, entre outras coisas, se tem histórico familiar de disfunções e procedimentos na glândula.
Distúrbios da Tireoide.
Hipotireoidismo
A glândula produz menos hormônio do que deveria. Como a tireoide regula o metabolismo, quando isso ocorre o organismo tende a ficar mais devagar. O tratamento é a reposição hormonal pelo resto da vida.
Sintomas:
- pele ressecada;
- sonolência;
- dores nas articulações;
- sensação de frio;
- lentidão na fala;
- prisão de ventre;
- ressecamento ou queda de cabelo;
- menstruação irregular;
- inchaço facial;
- pálpebras caídas;
- aumento de peso;
- retenção de líquido;
- depressão;
- palidez;
- batimentos cardíacos mais lentos;
- fadiga;
- falhas de memória;
- mãos e pés frios;
- unhas frágeis;
- baixa libido.
Hipertireoidismo
É o oposto: a tireoide libera hormônios demais, acelerando o metabolismo. A detecção é um pouco mais fácil, uma vez que os sintomas são mais específicos (caso da perda de peso). Remédios e outras terapias equilibram esta disfunção.
Sintomas:
- alterações no ritmo cardíaco (arritmia, taquicardia ou palpitações);
- insônia;
- suor excessivo;
- sensação de cansaço;
- ansiedade;
- irritabilidade;
- fraqueza muscular;
- menstruação irregular (por vezes muito curta ou com pouco fluxo);
- diarreia;
- aumento do apetite;
- queda de cabelo;
- tremores nas mãos;
- perda de peso;
- pele quente e intolerância ao calor;
- dificuldade de raciocínio e concentração;
- aumento visível da glândula (bócio) ou presença de nódulos na região;
- agitação e hiperatividade;
- olhos inchados ou saltados;
- unhas quebradiças.
Nódulos
Costumam aparecer com o envelhecimento e, em geral, são benignos e pequenos, sem gerar risco nem exigir remoção. Pode ser necessário fazer acompanhamento caso aumentem de tamanho ou passem por transformações.
Câncer
Quando o nódulo é maligno, o caminho normalmente é extrair a tireoide. A maioria dos tumores ali é pouco agressiva e tem alta taxa de cura. Após a retirada da glândula, é preciso fazer reposição hormonal pela vida inteira também.
Quem deve ficar mais atento
Embora problemas na tireoide não dependam de sexo nem idade, alguns grupos são mais suscetíveis:
Mulheres
São dez vezes mais reféns de disfunções na glândula —o que pode prejudicar o sonho de ser mãe. As alterações costumam pintar na gestação e aumentam em incidência com a menopausa.
Idosos
Pessoas a partir de 65 anos devem ficar atentas, mas nem todos os casos de hipotireoidismo necessitam de tratamento, uma vez que o organismo tende a ficar mais lento com o envelhecimento.
Bebês
O teste do pezinho, feito em recém-nascidos, detecta o hipotireoidismo congênito. Se confirmada, a disfunção deve ser tratada o mais rápido possível para evitar sequelas e impactos no desenvolvimento.
Casos na família
Quem tem histórico familiar de problemas na tireoide e outras doenças autoimunes (psoríase, artrite reumatoide, diabetes tipo 1 etc.) precisa acompanhar mais de perto a situação da glândula.
Expostos à radiação
Ela eleva o risco de câncer e distúrbios na tireoide caso o indivíduo sofra muita exposição durante a infância. Os raios ionizantes utilizados em diagnósticos de imagem não são nocivos.
Profissões de risco
A preocupação rondaria pessoas que trabalham expostas cronicamente à radiação. Mas, com os devidos cuidados, médicos apontam que isso representa menos perigo que outros fatores.
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