POR QUE A VACINA DO HPV É DESTINADA SÓ UMA FAIXA ETÁRIA?

Ginecologista Dra. Claudiani Branco explica o porquê de vacinas para HPV se destinarem a faixas etárias específicas.  Foto por Matheus Ferrero no Unsplash.

As faixas etárias específicas que fazem parte do grupo não foram escolhidas aleatoriamente. A faixa etária foi escolhida por dois motivos:

Primeiro, a vacina é mais efetiva em meninas que ainda não tiveram contato sexual e não foram expostas ao HPV. Segundo, porque é nessa idade que o sistema imunológico apresenta melhor resposta às vacinas.

Com base em pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 28% dos jovens  começam a ter contato sexual a partir dos 13 anos. Então, vacinando essa faixa etária conseguimos um melhor aproveitamento dos efeitos da vacina.

Isso não quer dizer que a vacina perca efeito depois do inicio da vida sexual. A vacina é eficaz tanto para as meninas que nunca tiveram relações sexuais como para aquelas que já iniciaram a vida sexual. É claro que a efetividade é menor por uma questão: a menina que já iniciou a vida sexual pode ter tido contato com o vírus antes de se vacinar. O vírus pode já estar ali no organismo sem se manifestar. Ela toma a vacina hoje e depois de um tempo o vírus pode ‘acordar’. Não quer dizer que a vacina não fez efeito, mas que a menina já estava infectada quando foi imunizada.

A HPV é um dos principais agentes que causam o Câncer de Colo de Útero, se vacinar é a forma mais eficiente de prevenção.

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HPV: Tipos de vacinas e doses

Existem 2 vacinas diferentes contra o HPV: a vacina quadrivalente e a vacina bivalente.

Ginecologista Dra. Claudiani Branco explica sobre  as diferentes vacinas que previnem o HPV. Foto por Diana Polekhina no Unsplash.

Vacina quadrivalente

  • Indicada para mulheres entre os 9 e 45 anos, e homens entre os 9 e os 26 anos de idade;
  • Protege contra os vírus 6, 11, 16 e 18;
  • Protege contra as verrugas genitais, o câncer do colo do útero na mulher e o câncer do pênis ou do ânus no caso do homem;
  • Fabricada pelo laboratório Merck Sharp & Dhome, sendo chamada comercialmente de Gardasil;
  • É a vacina oferecida pelo SUS para meninos e meninas entre os 9 e os 14 anos.
  • Doses: São feitas 3 doses, no esquema 0-2-6 meses, sendo que a segunda dose é feita após 2 meses e a terceira dose é feita após 6 meses da primeira dose. Em crianças, o efeito de proteção já pode ser obtido com apenas 2 doses, por isso algumas campanhas de vacinação podem disponibilizar apenas 2 doses.

Vacina bivalente

  • Indicada a partir dos 9 anos e sem limite de idade;
  • Protege apenas contra os vírus 16 e 18, que são os maiores causadores do câncer do colo do útero;
  • Protege contra o câncer do colo do útero, mas não contra as verrugas genitais;
  • Fabricada pelo laboratório GSK, sendo comercialmente vendida como Cervarix;
  • Doses: Quando tomada até aos 14 anos são feitas 2 doses da vacina, com intervalo de 6 meses entre si. Para pessoas acima dos 15 anos, são feitas 3 doses, no esquema 0-1-6 meses.

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Estratégias para a erradicação do câncer de colo do útero.

Ao lado da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) inicia um esforço conjunto para a erradicação do câncer de colo de útero. Altamente prevenível, a neoplasia ainda é um dos mais frequentes na população feminina brasileira. Até o final do ano de 2020, foram estimados o surgimento de 16590 novos casos da doença, sobretudo, na região norte do país. Nos últimos dez anos (2008-2018), a taxa de mortalidade decorrente de doença saltou 33%, resultando em uma vítima a cada 90 minutos, segundo dados do Ministério da Saúde.

Febrasgo e OMS estabelcem meta de erradicar o câncer de colo de útero até 2030.

Em agosto de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou uma resolução chamando a atenção e defendendo a eliminação do câncer de colo de útero. No último dia 17 de novembro, ao final da 73º Assembleia Mundial da Saúde, a OMS reforçou este compromisso e lançou oficialmente a estratégia de eliminação em um evento online.

No Brasil, a Febrasgo se engaja na responsabilidade de contribuir para as metas previstas a serem trabalhadas até 2030. A adoção da “Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer de Colo do Útero, como um Problema de Saúde Pública”, da OMS, é baseado em três pilares. Garantir que:

1) 90% das meninas recebam a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) até os 15 anos de idade;

2) 70% das mulheres realizem um exame de rastreamento com teste efetivo até os 35 e outro até os 45 anos de idade;

3) 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras ou câncer invasivo recebam tratamento.

O compromisso da Febrasgo e OMS é rastrear, com o teste de HPV, 70% das mulheres, por duas vezes, nas idades de 35 e 45 anos. Tal ação deve acarretar a redução da mortalidade feminina em cerca de um terço.

Ações a serem feitas pela Febrasgo

Partindo do princípio que o câncer de colo de útero é uma das formas de câncer mais evitáveis e tratáveis, com medidas de prevenção primária (vacina contra o HPV) e prevenção secundária (exames de rastreamento), a Febrasgo endossa a campanha da OMS e traça como estratégia a conscientização da população. A entidade realizará diversas ações.

Para tanto, a Febrasgo elaborou um documento por meio de suas Comissões Nacionais Especializadas (CNE) em Ginecologia Oncológica, em Trato Genital Inferior e em Vacinas em que se realiza uma chamada para a eliminação do câncer de colo de útero na próxima década no Brasil. Em seu site, a entidade disponibiliza além de informações sobre a doença, um vídeo institucional explicando a parceria com a OMS.

Números e Cenário no Brasil

Apesar de ser uma doença prevenível, curável e com potencial para ser totalmente eliminada no Brasil e do Mundo, o Câncer de Colo de Útero ainda apresenta altas taxas de incidência e mortalidade. No mundo, são mais de 570.000 novos casos e morrem mais de 311.000 mulheres a cada ano. De acordo com a OMS, a maioria das mortes acontece nos países com baixo índice de desenvolvimento, como o Brasil, onde o câncer de colo uterino ocupa o terceiro lugar entre as neoplasias malignas nas mulheres, com 15,43 casos por 100.000 mulheres ao ano, e o quarto em mortalidade. A doença ocorre predominantemente em mulheres não brancas (62.7%) e com baixa escolaridade (62.1%).

O sistema público de saúde brasileiro atende 75,32% dos pacientes com câncer, ou seja, cerca de 448.959 casos de câncer foram atendidos na rede pública em 2016. O período entre o diagnóstico e o primeiro tratamento dura mais de 60 dias em 58% dos casos, ocorrendo mortes precoces em 11% delas.

Referente aos óbitos, quase nove de cada dez óbitos por câncer do colo do útero ocorrem em regiões menos desenvolvidas, onde o risco de morrer de câncer cervical antes dos 75 anos de idade é três vezes maior.

Os cânceres invasivos do colo do útero são, geralmente, tratados com cirurgia ou radioterapia combinada com quimioterapia. A escolha da melhor opção terapêutica depende do estadiamento clínico do tumor, da idade, da história reprodutiva, do estado geral da paciente e das condições disponíveis no serviço de saúde. No Brasil, aproximadamente 80% das mulheres com diagnóstico de doença invasiva, estão na fase avançada, fora de condições técnicas de cirurgia, sendo necessárias a radioterapia e a quimioterapia como tratamento, gerando, assim, um enorme custo social e financeiro.

A importância da vacinação

As vacinas para HPV são altamente efetivas e promovem uma diminuição significativa das infecções e, consequentemente, também das lesões neoplásicas do colo do útero, responsáveis pela potencial perda do órgão. Entretanto, no nosso país, a cobertura da vacinação tem sido abaixo do necessário para uma ação efetiva nas próximas décadas. As razões para explicar as baixas coberturas são principalmente as barreiras logísticas de acesso e a falta de educação contínua da população.

Em 2014, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) introduziu a vacina quadrivalente para meninas de 9 a 14 anos em esquema de duas doses com intervalo de seis meses. Em 2017, o programa passou a contemplar também os meninos de 11 a 14 anos, também no esquema de duas doses.

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CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

O Câncer de Colo de Útero é uma lesão invasiva intrauterina ocasionada principalmente pelo HPV, o papilomavírus humano. Este pode se manifestar através de verrugas na mucosa da vagina, do pênis, do ânus, da laringe e do esôfago, ser assintomático ou causar lesões detectadas por exames complementares. É uma doença demorada, podendo levar de 10 a 20 anos para o seu desenvolvimento.

Ginecologista Dra. Claudiani Branco explica sobre o Câncer do Colo de Útero.  Foto por National Cancer Institute no Unsplash.

Alguns fatores favorecem o aparecimento dessa doença:

• Sexo desprotegido com múltiplos parceiros;
• Histórico de ISTs (HPV);
• Tabagismo;
• Idade precoce da primeira relação sexual;
• Multiparidade (Várias gestações).

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de colo de útero é o segundo tumor mais frequente entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama.

Ao contrário do que se acredita, a endometriose e a genética não possuem relação com o surgimento desse câncer. Mas o Câncer de Colo de Útero, não tratado, pode evoluir para uma doença mais severa, o Carcinoma invasivo do colo uterino (tumor maligno).

Afeta em sua maioria mulheres entre 40 e 60 anos de idade.
Uterus – Útero
Cervix – colo do útero
Cervical Cancer – Câncer de colo do útero

Sintomas

Por ser uma doença lenta, geralmente quando os sintomas aparecem o câncer já se encontra em estágio avançado.

Os principais sintomas são:

  • Corrimento persistente de coloração amarelada ou rosa e com forte odor;
  • Sangramento após o ato sexual;
  • Dor pélvica.

Em casos mais graves há o surgimento de edemas nos membros inferiores, problemas urinários e comprometimento de estruturas extragenitais.

Diagnóstico

Para detectar o Câncer do colo de útero é necessária a realização do exame Papanicolau que pode ser complementado com colposcopia e biópsia para se confirmar o diagnóstico.

Exames

O câncer de colo de útero, considerado um problema de saúde pública, é associado ao vírus do HPV, transmitido comumente pelo contato sexual. Ao atingir o colo uterino a partir da vagina, o HPV altera a estrutura e a reprodução das células do colo e dá origem ao câncer.

O exame ginecológico preventivo, o Papanicolau – trata-se do nome próprio do inventor do exame – é a principal ferramenta para diagnosticar as lesões precursoras do câncer. Este exame é indolor e rápido. A mulher pode sentir um pequeno desconforto caso esteja tensa ou se o profissional que realizar o procedimento não tiver a delicadeza necessária. Para garantir o resultado, 48 horas antes do exame a mulher não deve ter relações sexuais mesmo com camisinha, fazer duchas vaginais, ou aplicar produtos ginecológicos (cremes, óvulos).

Para a realização desse procedimento é inserido na vagina um instrumento chamado espéculo. O médico examina visualmente o interior da vagina e o colo do útero e com uma espátula de madeira e uma pequena escova especial é realizada a descamação do colo do útero a fim de recolher as células para a análise em laboratório.

Toda mulher que tem uma vida sexualmente ativa deve realizar o exame anualmente. Após dois resultados negativos esse intervalo pode passar a ser de três anos. Caso apresente dores durante a relação sexual, sangramento fora do período menstrual ou corrimento, procure o quanto antes o seu ginecologista.

Prevenção

O câncer de colo de útero já é considerado um problema de saúde pública. Atualmente, existem diversas campanhas de conscientização sobre a importância de se prevenir dessa doença que mata tantas mulheres pelo mundo todos os anos.

A enfermidade é causada principalmente por meio da infecção pelo vírus HPV, o papiloma vírus humano, que de acordo com pesquisas, está presente em mais de 90% dos casos de câncer cervical. A principal forma de transmissão do vírus é via contato sexual, seja vaginal, oral ou anal.

Para se prevenir da doença o melhor aliado é o preservativo (camisinha), masculino ou feminino. A camisinha deve ser usada em todas as relações sexuais para garantir a proteção de ambos os parceiros.

Também é importante realizar anualmente o exame ginecológico preventivo, o popular Papanicolau. Esse procedimento é capaz de identificar as lesões precursoras do câncer de colo de útero possibilitando o diagnóstico no início da doença, aumentando assim as chances de sucesso no tratamento.

Não deixe de usar preservativo em todas as suas relações sexuais e de visitar seu ginecologista periodicamente para a realização dos exames de rotina. Simples atitudes como estas podem lhe proteger contra o câncer de colo de útero.

Tratamentos e Cuidados

O tratamento desse câncer pode ser realizado por cirurgia, radioterapia ou quimioterapia.

A cirurgia consiste na retirada do tumor e, ocasionalmente, na retirada do útero e da porção superior da vagina. De acordo com a paciente, seu modo de vida (o desejo de ter filhos) e com o estágio do câncer, é escolhida uma técnica específica para a realização da operação.

Já o tratamento por radioterapia tem a finalidade de reduzir o volume tumoral e melhorar o local, para depois realizar a radioterapia interna.

A quimioterapia é indicada para tumores em estágios avançados da doença.

Convivendo

Conviver com um câncer não é nada fácil. Na verdade é uma tarefa extremamente árdua que exige muito do corpo e da mente do paciente. Os tratamentos contra o câncer do colo de útero podem remover a lesão ou destruir as células cancerígenas, mas até seu fim e cura completa há um longo caminho a ser percorrido.

Além do choque ao receber o diagnóstico, a paciente é acometida pelas dores, enjoos e outras reações adversas devido à quimioterapia e radioterapia. Por isso, além da importância do acompanhamento do ginecologista e do oncologista, é imprescindível que sejam realizadas consultas com um psicólogo para garantir o bem-estar da mulher.

Mesmo após o termino do tratamento, é importante que o acompanhamento pelos profissionais continue, para observar o comportamento do corpo em relação a uma recidiva do câncer e reforçar a necessidade de bons pensamentos para a melhora da saúde da paciente. Além disso, para superar a doença, o apoio dos familiares é essencial.

Para saber mais sobre o câncer do Colo do Útero você pode fazer uma consulta online ou presencial através dos canais abaixo:

HPV

Dra Claudiani explica sobre os riscos do HPV para casais, quais as vacinas, tratamentos e prevenções possíveis. Foto por Alex Iby no Unsplash.

Human Papiloma Virus, ou HPV, é um vírus que vive na pele e nas mucosas dos seres humanos, tais como vulva, vagina, colo de útero e pênis. É uma infecção transmitida sexualmente (DST). A ausência de camisinha no ato sexual é a principal causa da transmissão.

Também é possível a transmissão do HPV de mãe para filho no momento do parto, quando o trato genital materno estiver infectado. Entretanto, somente um pequeno número de crianças desenvolverá a papilomatose respiratória juvenil.

O HPV pode ser controlado, mas ainda não há cura contra o vírus. Quando não é tratado, torna-se a principal causa de câncer do colo do útero e da garganta. 99% das mulheres com câncer de colo do útero foram infectadas por esse vírus.

SINTOMAS

O HPV pode ser sintomático clínico e subclínico. Quando sintomático clínico, o principal sinal da doença é o aparecimento de verrugas genitais na vagina, pênis e ânus.

É possível também o aparecimento de prurido, queimação, dor e sangramento. Espalham-se rapidamente, podendo se estender ao clitóris, ao monte de Vênus e aos canais perineal, perianal e anal. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta do homem e da mulher.

Nos homens, a maioria das lesões se encontra no prepúcio, na glande e no escroto. As verrugas apresentam um aspecto de uma couve-flor.

Já os sintomas do HPV subclínico (não visível a olho nu) podem aparecer como lesões no colo do útero, na região perianal, pubiana e ânus.

DIAGNÓSTICO

O HPV pode ser diagnosticado através do exame ginecológico e de exames laboratoriais, como Papanicolau, colposcopia, peniscopia e anuscopia.

Deve-se realizar diagnóstico diferencial com outras lesões papilomatosas, incluindo variações anatômicas (glândulas sebáceas, pápulas perláceas do pênis), outras doenças infecciosas e neoplasias.

Lesões Benignas Comuns na Pele 

  • Querastoses seborréticas – lesões hipertróficas de superfície rugosa.
  • Nevos-lesões tipicamente elevadas, porém tipos pedunculados podem ocorrer.
  • Pápulas perláceas do pênis – pápulas circunscritas, com 1 a 2mm de diâmetro, usualmente sobre a porção proximal de glande.

Neoplasias (se houver suspeita, a biópsia se faz necessária)

  • Papulose boewnóide – carcinoma in situ, pápulas rugosas únicas ou múltiplas, de 2 a 4mm de diâmetro, variando de cor da pele a vermelhos-acastanhado, recalcitrante às terapias habituais para verrugas.
  • Melanona maligno – tipicamente único, pode ser plano ou elevado com variação na cor e formato.
  • Condiloma gigante ou tumor de Buschke-Lowenstein – lesão maligna de baixo grau, localmente invasiva que pode surgir como condiloma pedunculado.  

EXAMES

O HPV pode ser identificado por meio de lesões que aparecem ao longo do trato genital, podendo chegar até o colo do útero. Ao perceber essas alterações nos exames ginecológicos comuns, o médico poderá solicitar mais exames para confirmar o diagnóstico. Conheça os principais:

Papanicolau: exame preventivo mais comum, detecta as alterações que o HPV pode causar nas células e um possível câncer, mas não é capaz de diagnosticar a presença do vírus. Recomenda-se que as mulheres realizem anualmente a partir dos 25 anos de idade. Com dois resultados negativos, a periodicidade do exame passa a ser a cada três anos, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde.

Colposcopia: feito com um aparelho chamado colposcópio, que aumenta a visão do médico de 10 a 40 vezes, o exame permite a identificação de lesões na vulva, na vagina e no colo do útero. A colposcopia é indicada nos casos de resultados anormais do exame de Papanicolau, para saber a localização precisa das lesões precursoras do câncer de colo do útero. Após a identificação das regiões com suspeita de doença, remove-se um fragmento de tecido (biópsia) para confirmação diagnóstica.

Detecção molecular do HPV

Captura Híbrida: é um teste qualitativo de biologia molecular. A técnica investiga a presença de um conjunto de HPV de alto risco, mesmo antes da manifestação de qualquer sintoma, por meio da detecção de seu DNA, confirmando ou descartando a existência da infecção pelo vírus. Para realizá-la, o médico deve obter material da região genital ou anal por meio de uma escovinha especial, que é enviada para análise laboratorial.

PCR (reação em cadeia de polimerase): por meio de métodos de biologia molecular com alta sensibilidade, esse teste detecta a presença do genoma dos HPV em células, tecidos e fluidos corporais. É capaz de identificar a presença de praticamente todos os tipos de HPV existentes.

PREVENÇÃO

Para evitar a contaminação pelo HPV recomendam-se os seguintes cuidados:

  • Uso de camisinha masculina, para todos os tipos de relações sexuais (oral, anal, genital);
  • Uso de camisinha feminina;
  • Vacina quadrivalente (previne contra o HPV 6,11,16 e 18) ou bivalente (previne contra o HPV 16 e 18);
  • Rotina do exame preventivo (Papanicolau);
  • Evitar fumar, beber em excesso e usar drogas, pois essas atividades debilitam o sistema de defesa do organismo, tornando a pessoa mais susceptível ao HPV.

TRATAMENTOS E CUIDADOS

Na maioria dos casos, o HPV não causa sintomas e é eliminado espontaneamente pelo corpo. Entretanto, de 30 a 40% dos tipos existentes de HPV podem afetar as áreas genitais de ambos os sexos, provocando lesões como as verrugas genitais e as alterações pré-cancerígenas no colo do útero. A forma de tratamento deverá ser escolhida levando-se em conta a idade da paciente, o tipo de HPV, a extensão e a localização das lesões.

Verrugas genitais

O tratamento para as verrugas genitais é bastante trabalhoso, já que elas podem voltar a aparecer várias vezes em até 50% dos casos, exigindo muitas aplicações, ao longo de semanas ou meses. É importante ter disciplina e paciência. Pode ser feito por laser, crioterapia (congelamento) ou cirurgia com uso de anestésicos locais. Podem ser utilizadas substâncias químicas diretamente nas verrugas, como a podofilina e seus derivados, e o ácido tricloroacético. Além disso, existem compostos que estimulam o sistema imune quando aplicados topicamente.

Câncer de colo de útero

O tratamento depende do estágio do câncer. Em alguns casos em que o câncer está restrito ao revestimento do colo do útero, o médico pode conseguir removê-lo completamente, por meio de bisturi ou excisão eletrocirúrgica.

Como o câncer pode recidivar, os médicos aconselham as mulheres a retornarem ao controle e à realização do exame de Papanicolau e da colposcopia a cada seis meses. Após dois resultados negativos, o seguimento passa a ser a cada três anos.

Quando o câncer se encontra em um estágio mais avançado, a histerectomia radical (cirurgia para a retirada do útero e das estruturas adjacentes) e a remoção dos linfonodos são necessárias. A radioterapia é altamente eficaz no tratamento do câncer de colo do útero avançado que não se disseminou além da região pélvica. Apesar de a radioterapia geralmente não provocar muitos problemas imediatos, pode afetar o reto e a vagina. Uma lesão tardia da bexiga ou do reto pode ocorrer e, geralmente, os ovários deixam de funcionar. Quando há disseminação do câncer além da pelve, a quimioterapia é algumas vezes recomendada.

Cuidados

Usar camisinha em todas as relações sexuais é importantíssimo para prevenir a transmissão do HPV e outras doenças. No caso do HPV, existe ainda a possibilidade de contaminação por meio do contato de pele com pele, e pele com mucosa. Isso significa que qualquer contato sexual – incluindo sexo oral e masturbação – pode transmitir o vírus. O contágio também pode ocorrer por meio de roupas e objetos, o que torna a vacina um elemento relevante da prevenção, bem como a prevenção e tratamento em conjunto do casal.

A vacina contra o HPV pode prevenir diversas doenças causadas pelo vírus. Conheça as indicações aprovadas pela Anvisa no Brasil, segundo o Guia do HPV:

Vacina CepaIndicaçãoDosesPrevine qual Câncer
BivalenteHPV 16 e 18.Mulheres de 10 a 25 anos.3
(hoje, 1 mês e 6 meses)
Previne Câncer do Colo do útero em até 70% dos casos.
QuadrivalenteContra HPV 6, 11, 16 e 18.Mulheres e Homens de 9 a 26 anos.3
(hoje, 2 meses e 6 meses)
Colo do útero: até 70% dos casos.
Vulva: até 50% dos casos.
Vagina: até 60% dos casos.
Ânus: até 90% dos casos.
Verrugas genitais:
até 90% dos casos.

Conviver com qualquer doença exige responsabilidade. Muitas vezes, receber um diagnóstico de uma doença sexualmente transmissível tem um impacto emocional muito negativo. Por isso, é importante fazer o acompanhamento ginecológico recomendado e seguir o tratamento conforme orientação médica.

Além disso, busque maneiras de falar sobre isso, com amigos, familiares e profissionais de saúde de sua confiança. Para manter uma vida sexual saudável e prazerosa, é preciso cuidar de si mesmo e do parceiro, encarando as situações difíceis com responsabilidade.

CONVIVENDO

A infecção genital por HPV por si só não contraindica uma gravidez. Se existirem lesões induzidas pelo HPV (tanto verrugas genitais como lesões em vagina e colo), o ideal é tratar primeiro e depois engravidar.

Se ocorrer a gravidez na presença dessas lesões, não existem grandes problemas; porém, as verrugas podem se tornar maiores em tamanho e quantidade devido ao estímulo hormonal característico da gestação. Nessa situação, podem existir maiores dificuldades no tratamento, e o médico avaliará se é possível a realização de parto normal ou não.

Existe a possibilidade de o HPV ser transmitido para o feto ou recém-nascido e causar verrugas na laringe do recém-nascido e/ou verrugas na genitália. O risco parece ser maior nos casos de lesões como as verrugas genitais. Mesmo nesses casos, o risco de ocorrer esse tipo de transmissão é baixo.

É muito importante que a gestante informe ao seu médico, durante o pré-natal, se ela ou seu parceiro sexual já tiveram ou têm HPV.

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Cervicite ou Endocervicite

Cervicite análisada e dicas de sintomas e tratamentos por Dra. Claudiani Branco. Foto por Andrea Piacquadio no Pexels.

A cervicite, também conhecida por endocervicite, é uma inflamação do colo do útero provocada por uma variedade de organismos. Já a cervicite crônica, é uma alteração no colo do útero que não causa problemas a mulher e acomete em maior proporção mulheres após o parto e que usam pílula.

Essa inflamação pode ser causada por outras doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia, herpes, clamídia e infecções bacterianas. Outra causa possível para a Cervicite é a sensibilidade causada por determinados produtos químicos, como os dos espermicidas das camisinhas e até mesmo dos tampões vaginais.

SINTOMAS

Os sintomas da Cervicite geralmente não são observados, mas há casos em que se notam os seguintes sinais e sintomas:

  • Irritação;
  • Vermelhidão no local;
  • Corrimento (sai do colo do útero e pode se exteriorizar pela vagina);
  • Perda de sangue após a relação sexual;
  • Dor pélvica;
  • Febre.

DIAGNÓSTICO

A cervicite ou a endocervicite é um inflamação no colo do útero que normalmente surge em mulheres entre 18 a 25 anos de idade. Sua forma mais comum é a bacteriana e em muitos casos a mulher não apresenta sintomas da doença. Por esse motivo, é de grande importância que os exames ginecológicos sejam realizados no intervalo de tempo recomendado para que não haja o avanço do quadro de inflamação e possíveis complicações, como a perda da fertilidade.

A maioria das mulheres não apresenta sintomas relacionados com a doença ou estes são inespecíficos. As evidências clássicas de cervicite são dor intensa na região abdominal, dor durante as relações sexuais, febre, sangramento fora do período menstrual e secreção vaginal espessa.

O diagnóstico da doença é realizado por meio de exames ginecológicos, sendo o principal deles o Papanicolau. Durante esse exame o médico pode observar o colo do útero e colher amostras para a análise laboratorial. Trata-se de um exame simples e indolor, capaz de fornecer um diagnóstico preciso sobre a inflamação.

Ao apresentar algum dos sintomas procure imediatamente o seu ginecologista. E, mesmo que não seja notado nada de diferente, não deixe de realizar os exames ginecológicos de rotina, eles são fundamentais para a sua saúde e para a preservação da fertilidade.

EXAMES

Para diagnosticar corretamente a cervicite é indicado o exame de colo, realizado pelo colposcópio ou a olho nu. Também pode ser requerido uma cultura de secreção, mas esse procedimento deve ser realizado com cuidado para evitar o diagnóstico equivocado.

PREVENÇÃO

Para prevenir a cervicite o primeiro passo é usar camisinha em todas as relações sexuais, uma vez que muitas bactérias que causam a inflamação são transmitidas por relações sexuais. Manter a higiene sempre em dia também ajuda a evitar a contaminação por micro-organismos presentes no ânus.

Seguir uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos com regularidade são poderosas ferramentas contra as inflamações uterinas, como a cervicite. Além de fortalecer o sistema imunológico, manter a alimentação saudável e a prática de exercícios aumenta a disposição.

O exame de Papanicolaou deve ser realizado periodicamente conforme orientação do seu ginecologista. Este é um dos exames que pode auxiliar a verificar se há alguma inflamação no colo do útero, o que poderá levar a um diagnóstico preciso.

Visite seu ginecologista com regularidade e esclareça com ele todas as suas dúvidas. Somente esse profissional pode te orientar e, com a a ajuda de exames, diagnosticar e tratar doenças que podem até mesmo comprometer a sua fertilidade.

TRATAMENTOS E CUIDADOS

O tratamento da cervicite é realizado com o uso de antibióticos específicos contra as bactérias causadoras da infecção e durante sua realização é recomendada a interrupção de relações sexuais. O parceiro da paciente também deve ser examinado para verificar se há alguma bactéria presente no órgão genital masculino para realizar o tratamento.

Como os sintomas nem sempre aparecem, é preciso realizar o exame ginecológico de rotina, o Papanicolau, de acordo com a recomendação médica, e eventualmente outros exames. Caso seja visualizado algum indício de cervicite, o tratamento deve ser iniciado imediatamente visando preservar a fertilidade de mulher.

Não deixe de visitar seu ginecologista regularmente e realizar todos os exames indicados. Esses procedimentos são essenciais para a manutenção da sua saúde ginecológica e garantir seu bem-estar. Agende uma consulta:

Camisinhas

Camisinha Feminina e Masculina, por Reproductive Health Supplies Coalition no Unsplash.

Camisinha é um método contraceptivo do tipo barreira. Feita de látex ou poliuretano, impede a ascensão dos espermatozoides ao útero, prevenindo uma gravidez não planejada. Também é eficiente na proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (ISTs), como AIDS e HPV.

dois tipos de camisinha: masculina e feminina. A camisinha masculina é um envoltório, geralmente de látex, que recobre o pênis, e retém o esperma durante o ato sexual.  Já a camisinha feminina é um tubo de poliuretano com uma extremidade fechada e a outra aberta, acoplado a dois anéis flexíveis.

É um dos métodos contraceptivos mais eficientes, pois apresenta taxa de 90-95% de eficácia na prevenção da transmissão de DSTs e gravidez. Deve ser utilizada em todas as relações sexuais (genital, oral e anal). É acessível a todas as pessoas e não tem contraindicação.

Tratamentos e Cuidados

Esse método contraceptivo é indicado para homens e mulheres, de qualquer faixa etária.

Camisinha Feminina:

  • Usar a camisinha feminina desde o começo do contato entre o pênis e a vagina;
  • Guardar a camisinha feminina em locais frescos e secos;
  • Transar uma única vez com cada camisinha feminina. Usar a camisinha feminina mais de uma vez não previne contra ISTs e gravidez;
  • Nunca abrir a camisinha feminina com os dentes ou outros objetos que possam danificá-la.

Para colocar a camisinha feminina:

  1. Verifique a integridade da camisinha;
  2. Dobre o anel menor;
  3. Introduza o anel menor até o fim da vagina.

Camisinha masculina:

  • Guardar a camisinha em locais frescos e secos;
  • Nunca abrir a camisinha com os dentes ou outros objetos que possam danificá-la.
  • Colocar a camisinha desde o começo do contato entre o pênis e a vagina;
  • Apertar a ponta da camisinha enquanto ela é desenrolada para evitar que permaneça ar dentro dela. Se o reservatório destinado ao sêmen estiver cheio de ar, a camisinha pode estourar;
  • Usar somente lubrificantes à base d’água. A vaselina e outros lubrificantes à base de petróleo não devem ser usados, pois causam rachaduras na camisinha, anulando sua capacidade de proteger contra doenças e gravidez;
  • Tirar a camisinha com o pênis ainda ereto, logo depois da ejaculação;
  • Transar uma única vez com cada camisinha. Usar a camisinha mais de uma vez não previne contra ISTs e gravidez;

 Cuidados ao colocar a camisinha masculina:

  1. Escolha uma marca boa. Carregue-a sempre com você. Cuidado ao deixar muito tempo na carteira, pois a embalagem poderá sofrer danos com o calor e o atrito, prejudicando, assim, a eficácia do produto;
  2. Abra delicadamente a embalagem. Cuidado para não furar a camisinha com suas unhas;
  3. Deixe um pequeno espaço na ponta da camisinha. Isso é importante;
  4. Aperte o espaço que ficou na ponta e coloque a camisinha, coloque a camisinha no pênis;
  5. Desenrole a camisinha até a base;
  6. Depois de usar, retire a camisinha. Cuidado para não deixar escapar o líquido que foi armazenado no interior da camisinha;
  7. Jogue no lixo. Camisinha é descartável. Nada de usar outra vez;
  8. Camisinhas lubrificadas são mais confortáveis e eficientes. Prefira as que possuem espermaticida junto;
  9. Não use cremes, óleos ou vaselinas. Se quiser usar um lubrificante, use preferencialmente em gel, específicos para relações sexuais.

Dezembro Vermelho: Mês de Conscientização e Combate à AIDS.

Simbolizado por uma fita vermelha, o Dezembro Vermelho visa alertar a população sobre os números da Aids no Brasil e conscientizar sobre a importância da sua prevenção — não só dessa doença, mas de outras infecções sexualmente transmissíveis. Esse mês foi escolhido porque o Dia Mundial contra a Aids é comemorado no 1º de dezembro em todo o mundo.

Além disso, a campanha busca informar as pessoas sobre a necessidade de dar início ao tratamento o quanto antes, de modo a aumentar a sobrevida do paciente. Essa adesão precoce ao tratamento, além da disciplina do paciente em tomar a medicação de modo adequado, podem reduzir a carga viral no seu organismo, tornando-a indetectável. Desse modo, além de qualidade de vida, esse paciente não desenvolverá a doença e não transmitirá o vírus adiante.

No Brasil, o tratamento para Aids vem apresentando resultados bastante animadores. Um estudo recente apontou que 70% dos adultos e 87% das crianças— que descobriram a doença entre 2003 e 2007 — conseguiram uma sobrevida superior a 12 anos. Antes do início das políticas públicas voltadas para o combate à Aids, essa sobrevida era de 5 anos.

Vamos fazer a nossa parte, e conscientizar as pessoas sobre prevenção e cuidados!

Câncer de colo do útero

O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos).

A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou ou Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame.

Ele é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

O que aumenta o risco:

  • Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros. 
  • Tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados).
  • Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.

Sinais e sintomas

Fonte INCA

O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas em fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.

Como prevenir?

A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo Papilomavírus Humano (HPV). A transmissão da infecção ocorre por via sexual, o uso de preservativos (camisinha masculina ou feminina) durante a relação sexual com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.

Vacinação contra o HPV

O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.  Essa vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.

A vacinação e a realização do exame preventivo (Papanicolau) se complementam como ações de prevenção desse tipo de câncer. Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada (a partir dos 25 anos), deverão fazer o exame preventivo periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos do HPV.