ESTREPTOCOCOS B – Exame do Cotonete na Gravidez

O Estreptococo do grupo B (Streptococcus agalactiae) é uma bactéria comum, presente na região genital de 1 em cada 3 mulheres grávidas. O Streptococcus agalactiae é normalmente inofensivo em adultos e em indivíduos saudáveis, porém, pode causar doença grave em bebês e pessoas com sistema imunológico comprometido, incluindo nestes grupos pessoas com diabetes grave, câncer e problemas do fígado.

Dra Claudiani fala sobre o perigo para bebês do Streptococos B. Foto: CDC no Unsplash.

Apesar de ser encontrado habitualmente na região genital feminina, o Estreptococo do grupo B não é uma DST, ou seja, não é uma bactéria transmitida pela via sexual. A maioria das mulheres com a região vaginal colonizada foi contaminada por Estreptococos que vieram dos seu próprio intestino ou da região retal.

Nos recém-nascidos, a infecção pelo Streptococcus agalactiae pode ocorrer ainda dentro do útero, por invasão do líquido amniótico, conhecido popularmente como bolsa d’água, ou somente na hora do parto, durante a passagem pelo canal vaginal. Esta última via é a mais comum.

O Estreptococos B é diferente das outras espécies de Estreptococos que habitualmente provocam doenças, como pneumonia, meningite, amigdalite, escarlatina, impetigo etc.

INFECÇÃO PELO ESTREPTOCOCOS DO GRUPO B DURANTE A GRAVIDEZ

A infecção pelo Streptococcus agalactiae durante a gravidez está associada a uma variedade de potenciais riscos, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Infecção urinária por Streptococcus agalactiae

Entre 10% a 30% das grávidas apresentam colonização da urina pela bactéria Streptococcus agalactiae. Em algumas destas gestantes, a bactéria provoca infecção da bexiga, conhecida como cistite, ou pielonefrite, que é a infecção dos rins. A maioria das pacientes, porém, não apresenta infecção urinária, apenas colonização da urina pelo Estreptococos do grupo B.

O problema é que a bacteriúria assintomática, nome dado à simples presença da bactéria na urina sem sinais ou sintomas de infecção urinária, é um grande fator de risco para complicações na gestação, tais como, parto prematuro, aborto e contaminação do líquido aminótico.

Infecção do líquido aminótico pelo Streptococcus agalactiae

A infecção da bolsa d’água, chamada de corioamnionite, é uma invasão bacteriana do líquido amniótico, membranas fetais ou placenta. Os sinais e sintomas da corioamnionite incluem febre, dor no útero, aumento da frequência cardíaca fetal e presença de pus no líquido aminótico.

A infecção do líquido amniótico ocorre geralmente durante a rotura da bolsa no início do trabalho de parto em mulheres colonizadas pelo Estreptococos B. Trabalhos de parto prolongados, com várias horas de duração, ou casos de roturas prematuras da bolsa, são aqueles com maior risco. Todavia, a corioamnionite pode surgir antes da rotura da bolsa d’água, como nos casos de grávidas com infecção urinária, principalmente pielonefrite.

Infecção do útero pelo Streptococcus agalactiae

A infecção da parede do útero, chamada de endometrite, é uma complicação que pode ocorrer após o parto das gestantes contaminadas pelo Estreptococos do grupo B. Dor abdominal, febre e sangramento uterino são sinais e sintomas que sugerem uma infecção no período pós-parto.

INFECÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PELO ESTREPTOCOCOS DO GRUPO B

Apesar dos riscos da mãe desenvolver complicações pelo Streptococcus agalactiae, a grande preocupação é sempre a contaminação do bebê durante o parto. A transmissão da bactéria se dá habitualmente após a rotura da bolsa ou durante a passagem do bebê pelo canal vaginal.

As complicações derivadas da infecção neonatal podem ocorrer precocemente, nas primeiras horas de vida do bebê, ou tardiamente, somente semanas depois do parto.

A infecção precoce do recém-nascido pelo Estreptococos do grupo B é aquela que ocorre dentro dos primeiros 7 dias de vida, habitualmente dentro das primeiras 24 horas, e se manifesta como um quadro de pneumonia, meningite ou sepse sem ponto de partida definido.

Febre, dificuldade para mamar e dificuldade respiratória são os sintomas mais frequentes neste tipo de infecção. Crise convulsiva, fraqueza ou rigidez muscular também podem ocorrer. A mortalidade nos casos precoces é de cerca de 3% nos bebês nascidos com mais de 37 semanas e de 20% nos bebês prematuros.

A infecção tardia do recém-nascido pelo Estreptococos do grupo B é aquela que ocorre após a primeira semana de vida. Sepse e meningite são as apresentações mais comuns. A mortalidade nos casos tardios é de cerca de 2% nos bebês nascido com mais de 37 semanas e de 6% nos bebês prematuros.

É importante destacar que nem todo bebê nascido de mães colonizadas pelo Estreptococos do grupo B irá apresentar problemas. Na verdade, apenas 1 em cada 200 são infectados e desenvolvem doença.

DIAGNÓSTICO

Para impedir a infecção neonatal pelo Estreptococos do grupo B é importante que a bactéria seja identificada e tratada antes do trabalho de parto. Durante a gravidez, toda gestante é submetida a um exame de urocultura à procura de bactérias na urina. Se for identificada bacteriúria, ou seja, presença de bactérias na urina, o obstetra instituirá tratamento antibiótico adequado para eliminação delas.

Entre a 35ª e 37ª semanas de gestação os obstetras fazem habitualmente o exame do cotonete, que consiste na obtenção de material da vagina e do ânus com uma espécie de cotonete para pesquisar a presença do Estreptococos do grupo B.

Se o exame for positivo, significa que a mãe está colonizada. De forma imediata, porém, não há risco elevado nem para a mãe nem para o feto, pois a contaminação do bebê ocorre, na imensa maioria dos casos, somente no momento do parto. Estar colonizada pelo Streptococcus agalactiae significa apenas que será necessária a administração de antibiótico durante o parto para impedir a transmissão da bactéria para o feto.

O teste do cotonete só é feito no final da gravidez porque a colonização da vagina pelo Estreptococos B pode desaparecer sozinha ao longo da gestação. E mesmo que ele seja tratado no início da gravidez, a bactéria pode retornar ao longo dos meses. Além disso, excetuando-se os casos de infecção urinária, a grande maioria das mulheres colonizadas não apresenta complicações durante a gravidez. Por isso, se o exame de urina for negativo, ter a bactéria durante a gestação não acarreta maiores problemas. O importante mesmo é saber se o Estreptococos do grupo B está presente na hora do parto, e não meses antes.

A coleta do material vaginal e retal é indolor e o resultado fica pronto em 2 ou 3 dias. Não é recomendado banho ou higiene íntima antes da coleta.

TRATAMENTO

Toda mulher com teste do cotonete positivo deve ser tratada com antibióticos no momento do parto. Sem antibióticos, cerca de 1 em cada 200 bebês fica doente com o Streptococcus agalactiae. Com o uso de antibióticos, a incidência cai para 1 em cada 4000 recém-nascidos, tornando, atualmente, a infecção neonatal pelo Estreptococos do grupo B um evento raro.

O antibiótico é administrado por via venosa durante o trabalho de parto. Os dois mais usados são a penicilina ou a ampicilina, que devem ser administradas a cada 4 horas até o nascimento do bebê.

O tratamento com antibióticos não precisa ser feito se o parto for cesariano e não houver rompimento da bolsa d’água. Neste caso, não há risco das bactérias presentes no canal vaginal chegarem até o bebê. Entretanto, se a bolsa romper antes da cesariana ser iniciada, a administração de antibiótico está indicada.

Tanto a ampicilina quanto a penicilina são antibióticos seguros para o bebê.

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Esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que atinge o cérebro, os nervos ópticos e a medula espinhal. O sistema imunológico ataca a camada protetora que envolve os neurônios, chamada mielina, e atrapalha o envio dos comandos do cérebro para o resto do corpo. Esse processo é chamado de desmielinização.

Dra Claudiani fala sobre a Esclerose Múltipla

FATORES DE RISCO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA

A esclerose múltipla afeta geralmente pessoas jovens entre 20 e 40 anos de idade, principalmente mulheres. Entre os fatores de risco da esclerose múltipla, existem alguns que são genéticos e que podem estar relacionados à causa da doença. Mas há fatores de risco que são ambientais, tais como:

  • Infecções virais (herpesvírus ou retrovírus);
  • Exposição ao sol insuficiente, o que leva a ter níveis baixos de vitamina D por tempo prolongado;
  • Exposição a solventes orgânicos;
  • Tabagismo;
  • Obesidade.

SINAIS E SINTOMAS DA ESCLEROSE MÚLTIPLA

Os sinais e sintomas da esclerose múltipla variam de acordo com o estágio da doença, podendo, inclusive, deixar a pessoa incapacitada. Os principais são:

  • Fadiga;
  • Dificuldade em andar;
  • Dificuldade de equilíbrio e de coordenação motora;
  • Problemas de visão, como visão dupla, visão borrada e embaçamento;
  • Incontinência ou retenção urinária;
  • Dormência ou formigamento em diferentes partes do corpo;
  • Rigidez muscular e espasmos;
  • Problemas de memória, de atenção e para assimilar informações.

DIAGNÓSTICO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA

O diagnóstico da esclerose múltipla é feito em duas etapas:

  • Avaliação clínica – a partir de alguns sinais e sintomas, o médico avalia os estímulos do sistema nervoso por meio de um teste físico. Ele pede para pessoa caminhar, testa alguns reflexos do corpo e analisa a estrutura dos olhos (retina e disco óptico), por exemplo.
  • Ressonância magnética – o exame de imagem mostra zonas de desmielinização no cérebro e na medula espinhal, provocado pelo ataque do sistema imunológico. 

TRATAMENTO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA

Não há cura para a esclerose múltipla, mas existe tratamento. Quanto antes começar, mais qualidade de vida a pessoa pode ter. Veja alguns tratamentos de esclerose múltipla:

  • Corticoides – ajudam a inibir a ação do sistema imunológico. Geralmente, são administrados em curtos períodos para amenizar sintomas, como perda de visão, de força ou de coordenação. Os corticoides podem ser orais ou injetados diretamente na veia, de acordo com a necessidade de cada caso.
  • Medicamentos para controle do sistema imunológico – dificultam o ataque das células de defesa à mielina e ajudam a evitar crises.

Apenas o médico é capaz de definir o tipo de tratamento mais adequado para cada pessoa. Mas existem hábitos e práticas que podem amenizar os sinais e sintomas da esclerose múltipla, tais como:

  • Exercícios físicos – pedalar, caminhar, nadar e se alongar, por exemplo, auxiliam na saúde cardiovascular, muscular e psicológica.
  • Fisioterapia – melhora o equilíbrio, a capacidade de caminhar e o nível de mobilidade. Procure caminhar sozinho sempre que puder. Isso ajuda na sua qualidade de vida e evita a depressão.

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Cistos ovarianos

Dra Claudiani Branco explica o que é preocupação ou não com relação aos cistos ovarianos.  Imagem: Matt Reiter no Unsplash.

Cistos no ovário consistem em estruturas de tecido orgânico com formato de bolsa repletas de líquidos ou matérias semissólidas. A maioria deles pode ser considerada benigna e fisiológica. Ou seja, não possuem relação alguma com nenhum tipo de doença.

Em grande parte dos casos bastam poucas semanas para que eles desapareçam sozinhos sem que seja preciso realizar tratamentos.

Mulheres de todas as faixas etárias podem ser afetadas pelos cistos ovarianos, porém a ocorrência deles é mais comum naquelas em idade fértil.

Cistos no ovário podem ser classificados em dois grupos, os benignos e malignos. Os benignos podem ser dos seguintes tipos:

Cisto de corpo lúteo: corpo lúteo é um pedaço de tecido que surge depois que o óvulo é liberado do interior do folículo.

Quando não acontece a gravidez, o corpo lúteo costuma retroceder e desaparecer. Porém, há casos em que algum fluido ou sangue preenche o corpo lúteo e ele continua dentro do ovário.

Esse tipo de cisto é assintomático e costuma afetar apenas um lado do ovário.

Cisto folicular: formado a partir do crescimento anormal de um folículo ovariano durante a menstruação e a ruptura que causa a liberação do óvulo não ocorre.

Cistos foliculares costumam ser resolvidos de maneira espontânea em questão de semanas ou meses.

Cisto dermóide:  é um tipo de tumor benigno que costuma afetar mulheres mais jovens. Conhecido também pelo nome de teratoma cístico maduro, esse tipo de cisto pode apresentar ossos, gordura, cartilagem e pelos em sua composição.

Cisto endometrioide ou endometrioma:  ocorre quando o endométrio, tecido que reveste as paredes internas do útero, se aloja e cresce nos ovários. Quando sangram eles formam áreas císticas de coloração marrom popularmente chamadas de “cistos chocolate”.

Acometem mulheres em idade fértil e gera dor pélvica crônica durante os ciclos menstruais.

Cisto hemorrágico: categoria de cisto funcional que apresenta sangramentos internos resultantes de lesões em seus pequenos vasos sanguíneos. Pode causar dores abdominais do lado em que o cisto se encontra.

Cistoadenoma: tumor benigno de característica serosa ou mucosa. Pode crescer bastante e tornar-se consideravelmente volumoso, a ponto de necessitar de intervenção cirúrgica para ser removido.

Ovários com aparência policística: quando os dois ovários apresentam aumento considerável de volume devido à presença de pequenos cistos na área ovariana exterior.

Condição que diferencia-se da Síndrome dos Ovários Policísticos, pois não apresenta outras complicações fisiológicas e os riscos ao metabolismo e sistema cardiovascular decorrentes da resistência à insulina, características da SOP.

Sintomas

A maioria dos casos de cistos nos ovários não apresentam sintomas, fator que dificulta muito o diagnóstico precoce. Por isso é essencial realizar as consultas ginecológicas e exames de rotina.

Todavia, quando os sintomas se manifestam, costumam ser os seguintes:

  • Dor pélvica após exercícios físicos e relações sexuais;
  • Infertilidade;
  • Desconforto ou sensação de peso na pelve ou parte inferior do abdômen;
  • Sangramento menstrual irregular;
  • Vômitos e enjoos;
  • Dor pélvica durante ciclo menstrual que irradia para a lombar;
  • Pressão ou dor ao evacuar e urinar;
  • Dor vaginal.

Diagnóstico

É possível perceber a possibilidade de ocorrência de cistos nos ovários com o exame pélvico e exame físico abdominal. Entretanto, esses métodos investigativos não são suficientes para confirmar as suspeitas.

Para tanto, são necessários exames de imagem, como o ultrassom transvaginal. Esse é um exame indolor que, geralmente, possibilita a identificação das características do cisto.

As imagens fornecidas pelo ultrassom permitem identificar a composição do cisto e qualificá-lo como simples (preenchido somente por fluidos), complexo (material sólido combinado com áreas de fluido) ou totalmente sólido.

Para avaliar a dimensão dos cistos, a tomografia pélvica pode ser indicada e em outros casos, quando houver necessidade de um exame mais detalhado, é recomendada a ressonância magnética.

Dosagem de Ca-125

É um exame feito para apurar os níveis de Ca-125, marcador sanguíneo que identifica o câncer ovariano e auxilia a definir se um cisto tende a ser maligno.

Válido ressaltar que nem sempre níveis elevados de Ca-125 representam malignidade.

Teste de Gravidez (beta-hCG)

Exame feito para descartar a possibilidade de uma gravidez ectópica (fora do útero), pois os sintomas podem ser bastante similares aos que normalmente acompanham os cistos no ovário.

Tratamentos

Os cistos ovarianos fisiológicos (ou funcionais) são os mais comuns. Muitas vezes eles regridem e desaparecem sem a necessidade de tratamento.

Quando a remissão natural não acontece e as lesões crescem e permanecem por meses, é necessário removê-las para confirmar se não há risco de malignidade.

Outros tratamentos, mais conservadores e indicados para casos menos complexos, incluem o uso de anticoncepcionais orais para regular os ciclos menstruais e, dessa forma, evitar o surgimento de outros cistos.

Para as intervenções cirúrgicas, o método mais recomendado é a videolaparoscopia. Seu caráter minimamente invasivo possibilita uma recuperação rápida e garante menor tempo de internação da paciente.

É fundamental conversar com o profissional da saúde de sua confiança para compreender melhor os mecanismos dos tipos de cistos ovarianos e as possibilidades de tratamentos. Cada caso possui sua especificidade e, portanto, as consultas são indispensáveis.

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Pólipos Endometriais

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre os pólipos endometriais. Imagem: Evie S no Unsplash.

Os pólipos endometriais caracterizam-se pelo crescimento hiperplásico das glândulas endometriais, e de seu estroma, ao redor de um núcleo vascular, formando uma projeção séssil ou pediculada a partir da superfície do endométrio. Podem ser únicos ou múltiplos, com tamanho variando de poucos milímetros a vários centímetros de diâmetro.

Trata-se de afecção rara entre as mulheres com menos de 20 anos de idade, no entanto, sua incidência aumenta progressivamente com o aumento da idade, atingindo sua máxima incidência na quinta década de vida, e regredindo gradualmente após a menopausa. A prevalência de pólipos endometriais é de 10 a 24 por cento em mulheres submetidas à biópsia endometrial ou histerectomia.

A maioria dos pólipos endometriais é benigna, mas a malignidade pode ocorrer em algumas mulheres. Em revisão sistemática que incluiu mais de 10.000 mulheres observou-se que a incidência de doenças malignas ou pré-malignas (hiperplasia simples ou complexa – com e sem atipias – e pólipos endometriais com hiperplasia) associada aos pólipos foi significativamente maior na pós-menopausa em comparação com as mulheres na pré-menopausa(5,4% x 1,7%, respectivamente; RR 3,86, IC 95% 2,9-5,1) e também naqueles nas mulheres com sangramento em comparação com aquelas sem sangramento (4,2% e 2,2%, respectivamente; RR 2,0, IC 95% 1,2-3,1) [22]. O estudo não permitiu concluir sobre a possível associação entre o tamanho dos pólipo e a malignidade. 

O uso de tamoxifeno, em mulheres após a menopausa, é um factor de risco para o desenvolvimento de pólipos endometriais, com incidência mais elevada e variando de 8% a 36% [2]. Nestas mulheres os pólipos podem ser grandes (> 2 cm),múltiplos, e mostrar alterações vasculares sugestivas dos processos hiperplásicos. 

A transformação maligna dos pólipos parece ocorrer mais freqüentemente nas mulheres em uso de tamoxifeno (3% a 11%) do que em outras mulheres [2].Não há evidências sobre a associação entre malignidade e tamanho dos pólipos ou duração da terapia com tamoxifeno

Fisiopatologia 

A fisiopatologia dos pólipos endometriais ainda é incerta, no entanto vários mecanismos moleculares têm sido propostos para justificar o desenvolvimento dos pólipos endometriais. Estes incluem a hiperplasia endometrial monoclonal [7], a super-expressão da aromatase p450 no endométrio [8,9], presença de mutações de genes responsáveis pela proliferação celular, bem como daqueles responsáveis pelo processo apoptótico. 

A ausência de receptores de progesterona nos pólipos sugere que, como no tecido endometrial normal, a progesterona pode exercer uma função anti-proliferativa nos pólipos. Isto foi recentemente demonstrado em um subgrupo de mulheres com pólipos submetidas ao tratamento tamoxifeno.

Enquanto no endométrio os andrógenos podem causar a atrofia endometrial, um estudo observacional em mulheres na pós-menopausa sugere que a testosterona não substitua a atividade progestacional nos pólipos. Tal pensamento foi confirmado nesta coorte de pacientes na qual evidenciou-se que a reposição de estrogênio mais testosterona foi associada a um risco aumentado de hiperplasia endometrial simples.

Os Sintomas 

Os pólipos endometriais são responsáveis por aproximadamente um quarto dos casos de sangramento genital anormal em mulheres na pré-menopausa e na pós-menopausa.

A metrorragia e a mancha intermenstrual (“spotting”) é o sintoma mais freqüente em mulheres com pólipos endometriais, ocorrendo em cerca de metade dos casos sintomáticos. Outros sintomas menos frequentes incluem sangramento na pós-menopausa e sangramento de escape durante a terapia hormonal. Deve-se ressaltar no entanto que muitos pólipos são  assintomáticos e seu diagnóstico se faz somente como achado ocasional em exames de imagem realizados durante a visita de rotina anual ao ginecologista.

As opções de diagnóstico diferencial de sangramento genital em mulheres na pós-menopausa são menos amplas que as observadas em muheres na menacme, pois as várias causas de sangramento anormal nesta faixa etária, como a anovulação, são menos relevantes.

Os achados histológicos mais frequentes em mulheres com sangramento anormal na pós menopausa são:

  • Atrofia (59%)
  • Pólipos (12%)
  • Câncer de endométrio (10%)
  • Hiperplasia de endométrio (9,8%)
  • Reposição hormonal (7%)
  • Câncer do colo uterino (< 1%)

É controverso se o pólipo endometrial contribuir para a infertilidade ou mau prognóstico gestacional, como abortamento. O achado de uma anomalia uterina não é, em si, uma indicação de intervenção cirúrgica, pois não há a comprovação das repercussões desta anomalia sobre os aspectos funcionais da fertilidade. No entanto, quando um mioma submucoso, um pólipo endometrial, o útero septado ou sinéquias uterinas são descobertos em uma paciente com dificuldades para engravidar ou com abortos de repetição, a terapia cirúrgica com remoção, ou correção destas afecções deve ser considerada.

Sugere-se que a remoção histeroscópica de pólipos endometriais possa  aumentar a taxa de gravidez em mulheres submetidas à inseminação intra-uterina. Assim, considerando-se estes dados e outras evidências de que a distorção da cavidade uterina por miomas submucosos e, possivelmente, intramurais possa diminuir a taxa de gestação a termo, recomenda-se a remoção dos pólipos endometriais antes de um ciclo de FIV.

Diagnóstico

O diagnóstico definitivo dos pólipos endometriais só se obtém por meio do exame microscópico amostras de tecido obtidas por meio da curetagem uterina, da biópsia endometrial, da histeroscopia diagnóstica ou terapêutica, ou eventualmente do próprio útero obtido em cirurgia de histerectomia. A excisão dos pólipos permite o diagnóstico e cura destas lesões. 

Não obstante saber-se que os métodos de diagnóstico por imagem, ultrassonografia e histeroscopia, não detém o poder de distinguir de forma confiável os pólipos benignos dos malignos, o emprego destes métodos na atualidade é altamente recomendado na rotina diagnóstica do sangramento uterino anormal. 

A histerossonografia (ultrassonografia pélvica transvaginal que aplica a infusão intra-uterina de soro fisiológico) é outra modalidade minimamente invasiva útil para avaliar pólipos em mulheres com sangramento uterino anormal. Trata-se de procedimento mais preciso que a ultrassonografia pélvica transvaginal no diagnóstico dos pólipos endometriais  (93%  e 65%, respectivamente).

Em casos duvidosos, em pacientes com sangramento uterino anormal, a histeroscopia diagnóstica ainda é o exame padrão ouro para a confirmação das lesões intra-cavitárias. O advento da histeroscopia cirúrgica ambulatorial tem permitido a realização simplificada e simultânea do diagnóstico e remoção dos pólipos endometriais de dimensões pequenas ou moderadas.

Evolução Clínica

São escassos os estudos que tratam da história natural dos pólipos endometriais. Assim, pouco se sabe sobre a possível regressão ou recorrência dos pólipos endometriais. Em estudo prospectivo que avaliou 64 mulheres assintomáticas em idade reprodutiva, que apresentavam sangramento uterino anormal, identificou-se que 7 delas (10%) apresentavam pólipos endometriais. O acompanhamento destas pacientes demonstrou a regressão das imagens sugestivas de pólipo endometrial em quatro das sete mulheres com diagnóstico prévio de pólipo endometrial. Novos pólipos foram diagnosticados nestas mulheres após dois anos e meio de seguimento.

A formação de novos pólipos endometriais, apesar de rara, deve ser encarada com mais prudência na confirmação histológica das lesões e na técnica cirúrgica empregada na remoção dos mesmos. Nesses casos, deve-se redobrar os cuidados técnicos, certificando-se da remoção completa dos mesmos, com remoção superficial do endométrio e do miométrio adjacente aos pólipos. Fica, portanto, limitada a definição de protocolos de conduta adequados para estas situações clínicas. Uma opção terapêutica a ser considerada nestas situações é o emprego de terapia hormonal com progestogênios como, por exemplo, acetato de medroxiprogesterona, 10 mg por dia durante três a seis meses. O uso do dispositivo intra-uterino medicado com levonorgestrel é outra alternativa adequada para os casos de recorrência dos pólipos repetidas vezes. A ablação histeroscópica do endométrio é também uma opção a ser considerada para mulheres que não desejam mais gestação.

Tratamento 

O seguimento clínico (2 a 52 meses) das pacientes submetidas a polipectomia demonstram melhora dos sintomas em 75% a 100% das pacientes operadas. O método mais eficaz para a remoção dos pólipos endometriais é a histeroscopia cirúrgica, que pode ser realizada de forma ambulatorial com o set de Bettocchi ou hospitalar com o ressectoscópio. Outras técnicas como a curetagem ou a aspiração manual intra-uterina, são menos eficazes na remoção completa dos pólipos, permitindo por consequência maior porcentagem de reformação dos mesmos. 

Recomenda-se a utilização rotineira da histeroscopia cirúrgica para a remoção dos pólipo endometriais pois as outras técnicas, em especial a curetagem uterina, pode “perder”ou não identificar pequenos pólipos ou outras anormalidades estruturais uterinas.

O emprego dos análogos do GnRH, em pacientes com desejo de gestação, foi relatado por alguns autores em algumas situações especiais e deve ser considerada como terapia de exceção pois os sintomas podem reaparecer após a descontinuação da terapia medicamentosa. 

A polipectomia pode melhorar a fertilidade em mulheres subférteis com pólipos endometriais assintomáticos. Esta conduta encontra suporte na literatura em estudo que demonstrou que a remoção histeroscópica dos pólipos endometriais em mulheres submetidas a inseminação artificial intra-uterina, melhorou significativamente a taxa de gravidez (63% e 28%, respectivamente). Esta conduta conduta é referendada por outros estudos observacionais e séries de casos que propõe a polipectomia histeroscópica em mulheres inférteis, mesmo na ausência de sangramento anormal.

Considerando que não existem dados de ensaios clínicos randomizados para orientar a terapia nas mulheres assintomáticas portadoras de pólipos endometriais. Sugere-se portanto a remoção de pólipos endometriais de qualquer tamanho em mulheres assintomáticas com fatores de risco para hiperplasia endometrial ou carcinoma, como por exemplo: na pós-menopausa ou na menacme com história familiar ou pessoal de câncer de ovário, de mama, de cólon, na usuárias de tamoxifeno, nas anovuladoras crônicas, nas obesas, nas usuárias de terapia estrogênica e naquelas com antecedente de  hiperplasia endometrial antes). Em mulheres assintomáticas sem fatores de risco, recomenda-se realizar a polipectomia quando há múltiplos pólipos ou, em mulheres na pré-menopausa, um pólipo único superior a 2 cm ou, em mulheres na pós-menopausa, um pólipo único superior a 1 cm.

Em mulheres na menacme, e na ausência de fatores de risco para hiperplasia endometrial / câncer, os pólipos assintomáticos com menos de 2 cm podem regredir e, por isso, são passíveis de acompanhamento clínico com conduta expectante.

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Câncer de ovário

O câncer de ovário é difícil de ser diagnosticado e o mais letal entre os cânceres ginecológicos. Os sintomas costumam aparecer em estágios mais avançados — daí a necessidade de consultar o médico regularmente. 

Câncer de ovário é o câncer ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e o mais letal. Sua incidência está associada a fatores genéticos, hormonais e ambientais. A história familiar é o fator de risco isolado mais importante (cerca de 10% dos casos). O tumor pode acometer a mulher em qualquer idade, mas é mais frequente depois dos 40 anos.

FATORES DE RISCO DO CÂNCER DE OVÁRIO

Certas mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 estão amplamente relacionados a tumores de ovário e também ao câncer de mama. As portadoras de mutações no primeiro gene apresentam 45% de possibilidade de desenvolver esse tipo de câncer durante a vida; mutações no segundo gene oferecem risco de 25%.

Há também relação entre esse tumor e o grau de atividade hormonal feminina. Mulheres que não tiveram filhos nem nunca amamentaram, as que tiveram menopausa tardia ou câncer de mama, assim como as que têm parentes de primeiro grau com histórico da doença apresentam risco mais elevado de desenvolver esse câncer.

SINTOMAS DO CÂNCER DE OVÁRIO

A maioria das mulheres não apresenta sintomas até a doença atingir estágio avançado. Quando eles se manifestam, os mais característicos são:

  • Dor;
  • Aumento do volume abdominal;
  • Prisão de ventre (Constipação);
  • Alteração da função digestiva;
  • Massa abdominal palpável.

É essencial conhecer seu corpo para que os sintomas sejam percebidos rapidamente e a assistência médica possa ser buscada o quanto antes.

DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE OVÁRIO

Medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125 (80% das mulheres com câncer de ovário apresentam CA 125 elevado) e ultrassonografia pélvica são dois exames fundamentais para estabelecer o diagnóstico da doença. A laparoscopia exploratória seguida de biópsia do tumor, além de úteis para confirmar o diagnóstico, permitem observar se há comprometimento de outras regiões e órgãos.

Raio X do tórax, tomografia computadorizada, avaliação da função renal e hepática e exames hematológicos podem auxiliar no diagnóstico dos casos avançados.

TRATAMENTO DO CÂNCER DE OVÁRIO

Se houver suspeita de tumor de ovário, a paciente deve ser submetida a uma avaliação cirúrgica. Para tumores em estágio inicial, é preciso realizar o estadiamento (verificar precisamente qual o estágio do câncer) por meio de cirurgia e promover a remoção do útero e dos ovários. Em estágios avançados da doença, é possível aumentar a taxa de sobrevivência com a remoção agressiva de todos os tumores visíveis.

Exceção feita às mulheres portadoras de câncer de baixo grau em estágio inicial, as pacientes devem ser submetidas à quimioterapia após a cirurgia. Elas podem contar com vários regimes disponíveis, como a combinação de cisplatina ou carboplatina com paclitaxel, que oferecem taxas de resposta clínica de até 70%.

RECOMENDAÇÕES PARA EVITAR O CÂNCER DE OVÁRIO

  • Consulte um ginecologista regularmente e levante a possibilidade da doença tão logo reconheça algum dos sintomas;
  • Controle o peso e evite alimentos gordurosos, pois há estudos que indicam relação entre esse câncer com obesidade e alto consumo de gordura;
  • Faça exames clínicos e ultrassonografias com mais frequência, de acordo com orientação médica, se tiver um parente de primeiro grau com história de câncer de ovário e/ou de mama;
  • Respeite as datas dos retornos ao ginecologista, especialmente se você faz terapia de reposição hormonal; nesse caso, é maior o risco de a mulher desenvolver esse câncer;

Passe por avaliação ginecológica regularmente se você tem mais de 40 anos. O prognóstico é sempre melhor quando a doença é diagnosticada precocemente. Mais dúvidas, converse comigo usando os canais abaixo:

TRICOMONÍASE

É uma infecção genital causada pelo protozoário Trichomonas Vaginalis. Sua transmissão ocorre por meio das relações sexuais ou contato íntimo com secreções de uma pessoa contaminada. Pode ser transmitida por mulher/homem e mulher/mulher. Em geral, afeta mais as mulheres.

Trichomonas vaginalis é um parasita que só infecta o ser humano; costuma viver na vagina ou na uretra, mas pode também ser encontrado em outras partes do sistema geniturinário. Esse protozoário causa microlesões na parte interna da vagina e pode levar ao desenvolvimento de outras ISTs.

 SINTOMAS

Nas mulheres, os sintomas costumam iniciar durante ou após a menstruação.

Entretanto, em alguns casos, essa doença pode permanecer meses sem apresentar nenhum sintoma, dificultando o tratamento após a descoberta.

Os principais sintomas para detectar a tricomoníase são:

  • Corrimento amarelado ou amarelo-esverdeado;
  • Coceira;
  • Odor forte e desagradável;
  • Irritação vulvar;
  • Dor;
  • Dificuldade de urinar.

DIAGNÓSTICO

Após o reconhecimento dos sintomas, a mulher deve procurar o médico ginecologista, que solicitará exames laboratoriais como coleta da secreção vaginal, cultura de secreção ou PCR, exame de sangue que avalia se há infecção no organismo.

Também pode ser realizado o Papanicolau.

EXAMES

A tricomoníase é uma doença causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, que acomete o órgão genital feminino. Em geral, ela atinge a área externa da vagina, como a vulva e uretra.

Os sintomas são corrimento amarelo ou esverdeado de odor forte, ardência ou dor ao urinar, vermelhidão e coceira intensa na região genital, e dor durante a relação sexual. Ao observar alguns desses sinais não tente se automedicar, pois apenas o médico poderá identificar corretamente a enfermidade e prescrever a medicação necessária para o seu tratamento.

O diagnóstico da doença é feito com base na avaliação dos sintomas na análise e aspecto da secreção vaginal. Por meio de um microscópio o médico verifica a possível presença de protozoários.

Se houver a suspeita de tricomoníase, procure o quanto antes um ginecologista. Ele é o profissional capacitado para solicitar os exames que levarão ao diagnóstico correto para iniciar um tratamento. E lembre-se, uso do preservativo pode proteger contra essa doença, considerada uma doença sexualmente transmissível.

PREVENÇÃO

A tricomoníase é considerada uma IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) que acomete milhões de pessoas a cada ano em todo o mundo. Essa enfermidade é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis e tem cura por meio de tratamento medicamentoso. Mas, melhor do que curar é prevenir.

A transmissão da tricomoníase ocorre, comumente, via contato sexual. São raros os casos de contágio por meio de objetos contaminados, como assentos de vasos sanitários. A doença atinge a parte externa do aparelho genital feminino, como vulva e uretra, causando ardência, coceira, dor abdominal, ao urinar e durante a relação sexual e corrimento amarelado ou esverdeado com mau cheiro.

Sendo uma doença sexualmente transmissível, a melhor forma de prevenção é o uso de preservativo em todas as relações sexuais. Caso você apresente alguns dos sintomas descritos acima, marque uma consulta com seu ginecologista para verificar a possível existência da doença e iniciar o quanto antes o tratamento.

TRATAMENTOS E CUIDADOS

O tratamento da Tricomoníase tem como objetivo erradicar o agente causador. A primeira medida indicada é a abstinência sexual, pois é necessário um reequilíbrio do organismo para assim evitar a piora, o desconforto e o surgimento de novas doenças.

Também é indicado o uso de antibióticos e quimioterápicos, sendo obrigatório o tratamento conjunto do parceiro sexual para evitar a reinfecção. Nas mulheres, o tratamento oral é de dose única simultaneamente ao tratamento tópico, com o uso de creme vaginal.

Recomenda-se evitar o consumo de álcool para prevenir náuseas e vômitos.

CONVIVENDO

Transmitida sexualmente, a tricomoníase é uma doença com a qual não é possível conviver. Ela afeta o órgão genital feminino provocando prurido intenso e ardor, dor na região da pelve, ao urinar e durante o ato sexual, além de corrimento amarelo ou esverdeado com mau cheiro. É uma doença que requer tratamento tão logo apareçam os sintomas.

O tratamento é essencial não só para aliviar os sintomas, mas também para eliminar por completo o agente causador, o protozoário Trichomonas vaginalis. Os medicamentos usados em geral, são apresentados na forma de cremes vaginais e óvulos para uso local ou em comprimidos, para uso oral. Durante o tratamento é recomendada a abstinência sexual para acelerar a restauração da flora vaginal.

Caso apresente algum dos sintomas citados, procure um ginecologista, que é o profissional capacitado para fazer um diagnóstico correto e indicar os medicamentos para um tratamento bem-sucedido. Fale comigo se tiver mais dúvidas usando os contatos abaixo:

O que é Aborto espontâneo?

Dra Claudiani Branco explica o aborto espontâneo.

O aborto espontâneo é a perda de uma gravidez antes da 20 ª semana. A maioria dos abortos espontâneos ocorre porque o feto não está se desenvolvendo normalmente. As causas de abortamento muitas vezes são difíceis de determinar.

O aborto espontâneo é a complicação mais comum da gravidez precoce. A frequência diminui com o aumento da idade gestacional. De 8 a 20% das gestações clinicamente reconhecidas com menos de 20 semanas de gestação sofrerão aborto, sendo 80% destes nas primeiras 12 semanas de gestação.

Há ainda a perda do bebê sem que a mãe perceba, que totalizam entre 13 e 26% de todas as gestações – no entanto, esse número pode ser ainda maior, uma vez que muitas mães podem sofrer um aborto espontâneo antes de perceberem que estão grávidas.

O aborto é uma experiência relativamente comum – mas isso não faz com que seja fácil. Pode ser necessário suporte psicológico para superar a perda do bebê.

Causas

Genes ou cromossomos anormais

A maioria dos abortos espontâneos ocorre porque o feto não está se desenvolvendo normalmente. Problemas com genes ou cromossomas do bebê são erros que ocorrem por acaso conforme o embrião se divide e cresce – dificilmente são problemas herdados dos pais.

Exemplos de anormalidades incluem:

  • Não há formação de embriões.
  • Óbito embrionário: o embrião está presente, mas parou de se desenvolver.
  • Gravidez molar: ocorre quando um conjunto extra de cromossomos paternos ou maternos em um ovo fertilizado. Este erro transforma o que poderia se tornar normalmente a placenta em uma massa crescente de cistos. Esta é uma causa rara de perda da gravidez.

Condições de saúde materna

Em alguns casos, o estado de saúde da mãe pode levar ao aborto. Os exemplos incluem:

  • Diabetes não controlada.
  • Infecções.
  • Problemas hormonais.
  • Problemas no útero ou colo do útero.
  • Doenças da tireoide.
  • Trombofilias.

O que não causa aborto

Atividades de rotina como estas não provocam um aborto espontâneo:

  • Exercícios.
  • Relações sexuais.
  • Sustos.
  • Quedas da própria altura.
  • Trabalho, desde que não haja exposição a produtos químicos ou radiação prejudiciais.

Fatores de risco

Idade

Mulheres com mais de 35 anos de idade têm um maior risco de aborto do que as mulheres mais jovens. Aos 35 anos, você tem um risco cerca de 20% maior. Aos 40 anos, o risco é de cerca de 40% maior, podendo chegar aos 80% aos 45 anos.

A idade paterna também pode desempenhar esse papel. Algumas pesquisas também sugerem que as mulheres que engravidam de homens mais velhos estão em maior risco de aborto espontâneo.

Abortos anteriores

Pessoas que tiveram dois ou mais abortos espontâneos consecutivos estão em maior risco de aborto espontâneo.

Condições crônicas

Pessoas que têm uma condição crônica, como diabetes não controlada e trombofilias, têm um maior risco de aborto espontâneo.

Problemas uterinos ou cervicais

Certas anomalias uterinas ou dos tecidos do colo do útero podem aumentar o risco de aborto.

Vícios

Vícios como fumar, ingerir álcool ou usar drogas ilícitas aumentam o risco de aborto. Pessoas que fumam durante a gravidez têm um risco maior de aborto espontâneo do que os não-fumantes. Uso abusivo de álcool e uso de drogas ilícitas também aumentam o risco de aborto.

Peso

Estar abaixo do peso ou com excesso de peso aumenta o risco de aborto espontâneo.

Testes pré-natais invasivos

Alguns testes genéticos pré-natais invasivos, como a biópsia de vilo corial e amniocentese, podem causar um pequeno risco de aborto.

Sintomas de Aborto espontâneo

A maioria dos abortos espontâneos ocorre antes da 12ª semana de gravidez, e a mulher pode não saber que sofreu um, quando este ocorrer nas primeiras seis semanas. No entanto, sinais e sintomas de um aborto espontâneo podem incluir:

  • Sangramento vaginal, com ou sem cólicas, que pode ocorrer muito cedo em sua gravidez, antes de você saber que está grávida, ou mais tarde, depois de ter conhecimento da gravidez
  • Leve a intensa dor lombar, dor abdominal ou cólicas, que podem ser constantes ou intermitentes
  • Um coágulo de sangue ou um jato de líquido claro ou rosa que passa pela vagina
  • Diminuição de sinais de gravidez, como a perda da sensibilidade da mama ou náuseas.

Tenha em mente que a maioria das mulheres que experimentam sangramento vaginal no primeiro trimestre tem gravidezes bem sucedidas.

Tipicamente, os sintomas de um aborto espontâneo tendem a piorar conforme ele progride. Pequenos sangramentos se transformam em um sangramento mais intenso; cólicas começam e se tornam mais fortes.

Exames

  • Exame pélvico, para verificar se o colo do útero começou a dilatar
  • Ultrassonografia pélvica, para verificar o batimento cardíaco fetal e determinar se o embrião está se desenvolvendo normalmente
  • Exames de sangue: se você já sofreu o aborto espontâneo, medições do hormônio da gravidez, beta HCG, podem ser úteis para determinar se você expeliu completamente o tecido placentário
  • Testes de tecidos: se você expeliu tecido, ele pode ser enviado para o laboratório a fim de confirmar se um aborto espontâneo ocorreu – e que seus sintomas não estão relacionados a uma outra causa de sangramento na gravidez.

Diagnóstico de Aborto espontâneo

Possíveis diagnósticos incluem:

  • Ameaça de aborto: se você está sangrando, mas o colo do útero não começou a dilatar, há uma ameaça de aborto. Esses tipos de gravidez podem frequentemente prosseguir sem quaisquer problemas
  • Aborto inevitável: se você está sangrando, o útero está se contraindo e seu colo do útero está dilatado, o aborto é inevitável
  • Aborto incompleto: se você expelir algum material fetal ou placenta, mas alguns restos em seu útero, é considerado um aborto incompleto
  • Aborto retido: os tecidos placentários e embrionárias permanecem no útero, mas o embrião já morreu ou nunca se formou
  • Aborto completo: se você já expeliu todos os tecidos da gravidez, é considerado um aborto completo. Isso é comum para abortos ocorridos antes das 12 semanas
  • Aborto séptico: Se você desenvolver uma infecção no útero, ele é conhecido como um aborto séptico. Esta pode ser uma infecção muito grave, que exige atendimento imediato.

Tratamento de Aborto espontâneo

Se você está sofrendo uma ameaça de aborto, o médico pode recomendar repouso até que o sangramento ou dor desapareça. Você pode ser solicitada para evitar o exercício e o sexo também.

Embora essas medidas não sejam comprovadas para reduzir o risco de aborto, elas podem melhorar o seu conforto.

Também é uma boa ideia para evitar viajar – especialmente em áreas onde seria difícil receber atendimento médico imediato.

Um exame de ultrassonografia determinará se o embrião morreu ou nunca se formou. Um resultado positivo significa que o aborto vai certamente ocorrer. Nessa situação, você pode ter várias opções:

Eliminação Natural

Se você não tem sinais de infecção, pode optar por deixar que o progresso do aborto seja natural. Geralmente isso acontece em duas semanas após determinar que o embrião tenha morrido, mas pode levar de três a quatro semanas em alguns casos.

Esse pode ser um momento emocionalmente difícil. Se expulsão a não acontece por si só, será necessário tratamento médico ou cirúrgico.

Tratamento médico

Se após um diagnóstico certo da perda de gravidez você preferir acelerar o processo, pode ser receitada uma medicação que ajuda seu corpo a expulsar o tecido da placenta.

Embora você possa tomar a medicação por via oral, o médico pode recomendar a inserção da medicação por via vaginal para aumentar a sua eficácia e minimizar os efeitos colaterais, como náuseas e diarreia.

Para a maioria das mulheres esse tratamento funciona em 24 horas.

Tratamento cirúrgico (curetagem)

Uma opção é um pequeno procedimento cirúrgico chamado dilatação e curetagem. Durante este procedimento, o médico dilata o colo do útero e remove o tecido de dentro do seu útero.

As complicações são raras, mas podem incluir os danos para o tecido conjuntivo do colo do útero ou da parede uterina.

O tratamento cirúrgico é necessário se você tiver um aborto acompanhado por sangramento ou sinais de uma infecção.

Há também a aspiração manual intrauterina (AMIU), onde é introduzida uma cânula pelo colo uterino que chega até a cavidade uterina e o material é aspirado por meio de sucção. Não é necessário dilatar o colo do útero.

Convivendo/ Prognóstico

Recuperação física

A recuperação física do aborto na maioria dos casos será de apenas algumas horas ou dias. Ligue para o seu médico se você experimentar sangramento intenso, febre ou dor abdominal. A menstruação irá retornar dentro de quatro a seis semanas.

Você pode começar a usar qualquer tipo de contracepção imediatamente após um aborto espontâneo. No entanto, o ideal é evitar ter relações sexuais ou colocar qualquer coisa em sua vagina – como um absorvente interno – nas primeiras duas semanas depois de um aborto espontâneo.

Futuras gestações

É possível engravidar após um aborto espontâneo. Mas se você e seu parceiro decidem tentar uma nova gravidez, verifique se você está fisicamente e emocionalmente pronta. Converse com o médico para obter orientação sobre quando poderá tentar engravidar.

Tenha em mente que o aborto é geralmente uma ocorrência única. A maioria das mulheres que abortam podem ter uma gravidez saudável após o aborto. Menos de 5% das mulheres têm dois abortos consecutivos, e apenas 1% têm três ou mais abortos espontâneos consecutivos.

Se você tiver vários abortos espontâneos – mais do que três em linha – considere o teste para identificar quaisquer causas subjacentes, como anomalias uterinas, problemas de coagulação ou anormalidades cromossômicas.

Em alguns casos, o médico pode sugerir o teste depois de duas ocorrências consecutivas.

Se a causa dele não for identificada, não perca a esperança. Cerca de 60% a 70% das mulheres com abortos de repetição inexplicáveis passam a ter uma gravidez saudável.

Fale comigo

Se você precisa de mais informações sobre o aborto espontâneo, fale comigo através de um dos canais abaixo:

Eclâmpsia e pré-eclâmpsia

Eclâmpsia é uma doença caracterizada pela liberação, por parte do feto, de proteínas na circulação materna que provocam uma resposta imunológica da gestante, agredindo as paredes dos vasos sanguíneos e causando vasoconstrição. 

Eclâmpsia e Pré-eclâmpsia por Dra Claudiane Branco.  Foto: Devon Divine no Unsplash.

A gravidez pressupõe o crescimento de um ser geneticamente diferente dentro do útero da mulher, uma vez que herdou metade dos genes do pai. Ela não rejeita esse corpo estranho porque desenvolve mecanismos imunológicos para proteger o feto. Em alguns casos, porém, ele libera proteínas na circulação materna que provocam uma resposta imunológica da gestante. Essa resposta agride as paredes dos vasos sanguíneos, causando vasoconstrição e aumento da pressão arterial.

A hipertensão arterial específica da gravidez recebe o nome de pré-eclâmpsia e, em geral, instala-se a partir da 20ª semana, especialmente no 3° trimestre. A pré-eclâmpsia pode evoluir para a eclâmpsia, uma forma grave da doença, que põe em risco a vida da mãe e do feto.

As causas dessas enfermidades ainda não foram bem estabelecidas. O que se sabe é que estão associadas à hipertensão arterial, que pode ser crônica ou especifica da gravidez.

SINTOMAS

  • Sintomas da pré-eclâmpsia (que também pode ser assintomática): Hipertensão arterial, edema (inchaço), principalmente nos membros inferiores, que pode surgir antes da elevação da pressão arterial, aumento exagerado do peso corpóreo e proteinúria, isto é, perda de proteína pela urina.
  • Sintomas característicos da eclâmpsia: Convulsão(às vezes precedida por dor de cabeça, de estômago e perturbações visuais), sangramento vaginal e coma.

DIAGNÓSTICO E FATORES DE RISCO

O diagnóstico de eclâmpsia é estabelecido com base nos níveis elevados da pressão arterial, na história clínica, nos sintomas da paciente e nos resultados de exames laboratoriais de sangue e de urina.

São fatores de risco:

  • Hipertensão arterial sistêmica crônica;
  • Primeira gestação;
  • Diabetes;
  • Lúpus;
  • Obesidade;
  • Histórico familiar ou pessoal das doenças supra-citadas;
  • Gravidez depois dos 35 anos e antes dos 18 anos;
  • Gestação gemelar.

TRATAMENTO E PREVENÇÃO

A única maneira de controlar a pré-eclâmpsia e evitar que evolua para eclâmpsia é o acompanhamento pré-natal criterioso e sistemático da gestação.

Pacientes com pré-eclâmpsia leve devem fazer repouso, medir com frequência a pressão arterial e adotar uma dieta com pouco sal.

Medicamentos anti-hipertensivos e anticonvulsivantes são indicados para o controle dos quadros de eclâmpsia mais graves, que podem exigir a antecipação do parto. A doença regride espontaneamente com a retirada da placenta.

RECOMENDAÇÕES

  • Vá ao ginecologista antes de engravidar para avaliação clínica e início da administração de ácido fólico;
  • Compareça a todas as consultas previstas no pré-natal e siga rigorosamente as recomendações médicas durante a gestação;
  • Lembre que a hipertensão é uma doença insidiosa, que pode ser assintomática. Qualquer descuido e a ausência de sintomas podem fazer com que uma forma leve de pré-eclâmpsia evolua com complicações;
  • Faça exercícios físicos compatíveis com a fase da gestação e suas condições orgânicas no momento;
  • Reduza a quantidade de sal nas refeições, não fume e suspenda a ingestão de álcool durante a gravidez.

Para mais informações sobre eclâmpsia, fale comigo através dos canais abaixo:

O que é Adenomiose?

Dra Claudiani Branco explica sobre a Adenomiose. Foto por Cristian Newman no Unsplash.

A adenomiose é uma doença ginecológica benigna, que consiste na invasão da parede muscular do útero pelo tecido endometrial – que reveste a parte interna do útero e sofre descamação durante a menstruação. Na maioria dos casos, essa condição atinge mulheres acima dos 30 anos de idade que apresentam um histórico prévio de gravidez.

Adenomiose pode evoluir para câncer?

A adenomiose é uma doença caracterizada como benigna, assim como a endometriose. Essa condição pode aparecer em diferentes intensidades para cada mulher, mas não existe nenhuma relação entre a adenomiose e o câncer.

Sintomas de adenomiose

Entre os principais sintomas da adenomiose, estão:

  • Útero amolecido e doloroso
  • Cólica menstrual forte
  • Irregularidade menstrual
  • Dores pélvicas
  • Aumento do fluxo menstrual
  • Alterações gastrointestinais
  • Infertilidade

O sangramento uterino anormal, chamado de S.U.A, pode se manifestar em excesso durante a menstruação, assim como fora do período menstrual. Há também a possibilidade de ocorrer um pequeno sangramento antes da menstruação.

Já as dores pélvicas podem evoluir para um quadro crônico, com duração superior a seis meses. Com isso, a mulher acaba apresentando um aumento das cólicas antes da menstruação e também dor durante a relação sexual.

Isso ocorre porque o útero é o órgão acometido por esta doença. Então, no ato sexual, o contato do pênis com o colo do útero pode provocar uma sensibilidade maior que causa dor.

A sensação de inchaço abdominal e os sintomas gastrointestinais são outros sinais comuns da adenomiose, devido a proximidade do útero com a bexiga e o intestino, pode ocorrer dor ao urinar e evacuar, além de ardência.

A adenomiose também pode afetar a concepção, causando dificuldade para engravidar e abortos espontâneos frequentes. Dessa forma, é preciso que seja feita uma consulta com um especialista para realizar o tratamento adequado para a condição.

Adenomiose e gravidez

A adenomiose não afeta a gravidez diretamente, ou seja, não causa nenhuma complicação para o feto ou torna a gestação de alto risco. Entretanto, ela pode gerar dificuldade para engravidar e fixar o embrião, aumentando as chances de abortamento precoce. Assim, após o estabelecimento da gestação, não há riscos relacionados a adenomiose.

Tratamento de adenomiose

O tratamento para adenomiose escolhido depende do histórico de saúde de cada paciente, podendo ser feito das seguintes maneiras:

  • Clínico: é indicado o uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios prescritos pelo médico para melhorar a dor causada pela adenomiose
  • Hormonal: é feito o uso de hormônios para diminuir o fluxo menstrual ou até mesmo cessá-lo, como a pílula anticoncepcional contínua, injeção anticoncepcional e o DIU hormonal – que faz a liberação de progesterona dentro do útero. Essas opções tratam os sintomas, não a doença em si
  • Cirúrgico: caso as outras opções de tratamento não tenham surtido efeito, é possível optar pela cirurgia. Nela, o ginecologista irá visualizar possíveis lesões de adenomiose no útero. Caso a mulher tenha o desejo de engravidar, podemos retirar a lesão de forma mais superficial. Caso a mulher já tenha filhos, podemos retirar o útero inteiro”

Diagnóstico

O diagnóstico de adenomiose é realizado a partir de uma combinação de diferentes análises:

  • Investigação profunda do histórico de saúde da paciente
  • Diagnóstico clínico, com a apresentação dos sintomas
  • Exame de toque, para entender se o útero é doloroso ao toque
  • Exames de imagem, como ultrassonografia pélvica e transvaginal.
  • Ressonância magnética da pelve

Causas

Ainda há muitas dúvidas sobre as possíveis causas da adenomiose. Os especialistas acreditam que ela pode surgir a partir de fatores genéticos, como uma maior predisponibilidade de desenvolver esse tipo de alteração, ou até mesmo causas multifatoriais, como fatores ambientais, hormonais e estilo de vida. As principais causas apontadas e mais investigadas são:

  • Menstruação retrógrada: no sangramento menstrual, ao invés do endométrio ser expelido, ele se infiltra no miométrio por meio de uma maior vascularização
  • Metaplasia: é a transformação de células. Neste caso, células do músculo poderiam se transformar em células do endométrio, caracterizando a adenomiose
  • De fora para dentro: uma possível endometriose que, no sangramento menstrual, ao invés do endométrio ser expelido, ele migra para a cavidade abdominal e, a partir de lá, se infiltra na parede uterina de fora para dentro, comprometendo o miométrio.

HPV

Dra Claudiani explica sobre os riscos do HPV para casais, quais as vacinas, tratamentos e prevenções possíveis. Foto por Alex Iby no Unsplash.

Human Papiloma Virus, ou HPV, é um vírus que vive na pele e nas mucosas dos seres humanos, tais como vulva, vagina, colo de útero e pênis. É uma infecção transmitida sexualmente (DST). A ausência de camisinha no ato sexual é a principal causa da transmissão.

Também é possível a transmissão do HPV de mãe para filho no momento do parto, quando o trato genital materno estiver infectado. Entretanto, somente um pequeno número de crianças desenvolverá a papilomatose respiratória juvenil.

O HPV pode ser controlado, mas ainda não há cura contra o vírus. Quando não é tratado, torna-se a principal causa de câncer do colo do útero e da garganta. 99% das mulheres com câncer de colo do útero foram infectadas por esse vírus.

SINTOMAS

O HPV pode ser sintomático clínico e subclínico. Quando sintomático clínico, o principal sinal da doença é o aparecimento de verrugas genitais na vagina, pênis e ânus.

É possível também o aparecimento de prurido, queimação, dor e sangramento. Espalham-se rapidamente, podendo se estender ao clitóris, ao monte de Vênus e aos canais perineal, perianal e anal. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta do homem e da mulher.

Nos homens, a maioria das lesões se encontra no prepúcio, na glande e no escroto. As verrugas apresentam um aspecto de uma couve-flor.

Já os sintomas do HPV subclínico (não visível a olho nu) podem aparecer como lesões no colo do útero, na região perianal, pubiana e ânus.

DIAGNÓSTICO

O HPV pode ser diagnosticado através do exame ginecológico e de exames laboratoriais, como Papanicolau, colposcopia, peniscopia e anuscopia.

Deve-se realizar diagnóstico diferencial com outras lesões papilomatosas, incluindo variações anatômicas (glândulas sebáceas, pápulas perláceas do pênis), outras doenças infecciosas e neoplasias.

Lesões Benignas Comuns na Pele 

  • Querastoses seborréticas – lesões hipertróficas de superfície rugosa.
  • Nevos-lesões tipicamente elevadas, porém tipos pedunculados podem ocorrer.
  • Pápulas perláceas do pênis – pápulas circunscritas, com 1 a 2mm de diâmetro, usualmente sobre a porção proximal de glande.

Neoplasias (se houver suspeita, a biópsia se faz necessária)

  • Papulose boewnóide – carcinoma in situ, pápulas rugosas únicas ou múltiplas, de 2 a 4mm de diâmetro, variando de cor da pele a vermelhos-acastanhado, recalcitrante às terapias habituais para verrugas.
  • Melanona maligno – tipicamente único, pode ser plano ou elevado com variação na cor e formato.
  • Condiloma gigante ou tumor de Buschke-Lowenstein – lesão maligna de baixo grau, localmente invasiva que pode surgir como condiloma pedunculado.  

EXAMES

O HPV pode ser identificado por meio de lesões que aparecem ao longo do trato genital, podendo chegar até o colo do útero. Ao perceber essas alterações nos exames ginecológicos comuns, o médico poderá solicitar mais exames para confirmar o diagnóstico. Conheça os principais:

Papanicolau: exame preventivo mais comum, detecta as alterações que o HPV pode causar nas células e um possível câncer, mas não é capaz de diagnosticar a presença do vírus. Recomenda-se que as mulheres realizem anualmente a partir dos 25 anos de idade. Com dois resultados negativos, a periodicidade do exame passa a ser a cada três anos, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde.

Colposcopia: feito com um aparelho chamado colposcópio, que aumenta a visão do médico de 10 a 40 vezes, o exame permite a identificação de lesões na vulva, na vagina e no colo do útero. A colposcopia é indicada nos casos de resultados anormais do exame de Papanicolau, para saber a localização precisa das lesões precursoras do câncer de colo do útero. Após a identificação das regiões com suspeita de doença, remove-se um fragmento de tecido (biópsia) para confirmação diagnóstica.

Detecção molecular do HPV

Captura Híbrida: é um teste qualitativo de biologia molecular. A técnica investiga a presença de um conjunto de HPV de alto risco, mesmo antes da manifestação de qualquer sintoma, por meio da detecção de seu DNA, confirmando ou descartando a existência da infecção pelo vírus. Para realizá-la, o médico deve obter material da região genital ou anal por meio de uma escovinha especial, que é enviada para análise laboratorial.

PCR (reação em cadeia de polimerase): por meio de métodos de biologia molecular com alta sensibilidade, esse teste detecta a presença do genoma dos HPV em células, tecidos e fluidos corporais. É capaz de identificar a presença de praticamente todos os tipos de HPV existentes.

PREVENÇÃO

Para evitar a contaminação pelo HPV recomendam-se os seguintes cuidados:

  • Uso de camisinha masculina, para todos os tipos de relações sexuais (oral, anal, genital);
  • Uso de camisinha feminina;
  • Vacina quadrivalente (previne contra o HPV 6,11,16 e 18) ou bivalente (previne contra o HPV 16 e 18);
  • Rotina do exame preventivo (Papanicolau);
  • Evitar fumar, beber em excesso e usar drogas, pois essas atividades debilitam o sistema de defesa do organismo, tornando a pessoa mais susceptível ao HPV.

TRATAMENTOS E CUIDADOS

Na maioria dos casos, o HPV não causa sintomas e é eliminado espontaneamente pelo corpo. Entretanto, de 30 a 40% dos tipos existentes de HPV podem afetar as áreas genitais de ambos os sexos, provocando lesões como as verrugas genitais e as alterações pré-cancerígenas no colo do útero. A forma de tratamento deverá ser escolhida levando-se em conta a idade da paciente, o tipo de HPV, a extensão e a localização das lesões.

Verrugas genitais

O tratamento para as verrugas genitais é bastante trabalhoso, já que elas podem voltar a aparecer várias vezes em até 50% dos casos, exigindo muitas aplicações, ao longo de semanas ou meses. É importante ter disciplina e paciência. Pode ser feito por laser, crioterapia (congelamento) ou cirurgia com uso de anestésicos locais. Podem ser utilizadas substâncias químicas diretamente nas verrugas, como a podofilina e seus derivados, e o ácido tricloroacético. Além disso, existem compostos que estimulam o sistema imune quando aplicados topicamente.

Câncer de colo de útero

O tratamento depende do estágio do câncer. Em alguns casos em que o câncer está restrito ao revestimento do colo do útero, o médico pode conseguir removê-lo completamente, por meio de bisturi ou excisão eletrocirúrgica.

Como o câncer pode recidivar, os médicos aconselham as mulheres a retornarem ao controle e à realização do exame de Papanicolau e da colposcopia a cada seis meses. Após dois resultados negativos, o seguimento passa a ser a cada três anos.

Quando o câncer se encontra em um estágio mais avançado, a histerectomia radical (cirurgia para a retirada do útero e das estruturas adjacentes) e a remoção dos linfonodos são necessárias. A radioterapia é altamente eficaz no tratamento do câncer de colo do útero avançado que não se disseminou além da região pélvica. Apesar de a radioterapia geralmente não provocar muitos problemas imediatos, pode afetar o reto e a vagina. Uma lesão tardia da bexiga ou do reto pode ocorrer e, geralmente, os ovários deixam de funcionar. Quando há disseminação do câncer além da pelve, a quimioterapia é algumas vezes recomendada.

Cuidados

Usar camisinha em todas as relações sexuais é importantíssimo para prevenir a transmissão do HPV e outras doenças. No caso do HPV, existe ainda a possibilidade de contaminação por meio do contato de pele com pele, e pele com mucosa. Isso significa que qualquer contato sexual – incluindo sexo oral e masturbação – pode transmitir o vírus. O contágio também pode ocorrer por meio de roupas e objetos, o que torna a vacina um elemento relevante da prevenção, bem como a prevenção e tratamento em conjunto do casal.

A vacina contra o HPV pode prevenir diversas doenças causadas pelo vírus. Conheça as indicações aprovadas pela Anvisa no Brasil, segundo o Guia do HPV:

Vacina CepaIndicaçãoDosesPrevine qual Câncer
BivalenteHPV 16 e 18.Mulheres de 10 a 25 anos.3
(hoje, 1 mês e 6 meses)
Previne Câncer do Colo do útero em até 70% dos casos.
QuadrivalenteContra HPV 6, 11, 16 e 18.Mulheres e Homens de 9 a 26 anos.3
(hoje, 2 meses e 6 meses)
Colo do útero: até 70% dos casos.
Vulva: até 50% dos casos.
Vagina: até 60% dos casos.
Ânus: até 90% dos casos.
Verrugas genitais:
até 90% dos casos.

Conviver com qualquer doença exige responsabilidade. Muitas vezes, receber um diagnóstico de uma doença sexualmente transmissível tem um impacto emocional muito negativo. Por isso, é importante fazer o acompanhamento ginecológico recomendado e seguir o tratamento conforme orientação médica.

Além disso, busque maneiras de falar sobre isso, com amigos, familiares e profissionais de saúde de sua confiança. Para manter uma vida sexual saudável e prazerosa, é preciso cuidar de si mesmo e do parceiro, encarando as situações difíceis com responsabilidade.

CONVIVENDO

A infecção genital por HPV por si só não contraindica uma gravidez. Se existirem lesões induzidas pelo HPV (tanto verrugas genitais como lesões em vagina e colo), o ideal é tratar primeiro e depois engravidar.

Se ocorrer a gravidez na presença dessas lesões, não existem grandes problemas; porém, as verrugas podem se tornar maiores em tamanho e quantidade devido ao estímulo hormonal característico da gestação. Nessa situação, podem existir maiores dificuldades no tratamento, e o médico avaliará se é possível a realização de parto normal ou não.

Existe a possibilidade de o HPV ser transmitido para o feto ou recém-nascido e causar verrugas na laringe do recém-nascido e/ou verrugas na genitália. O risco parece ser maior nos casos de lesões como as verrugas genitais. Mesmo nesses casos, o risco de ocorrer esse tipo de transmissão é baixo.

É muito importante que a gestante informe ao seu médico, durante o pré-natal, se ela ou seu parceiro sexual já tiveram ou têm HPV.

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