Período Fértil

Dra Claudiani Branco explica sobre as características do período fértil da mulher. Imagem: Artem Beliakikin no Pexels.

O ciclo menstrual é um processo natural que ocorre de modo cíclico em todas as mulheres férteis. Todo ciclo em que ocorre uma ovulação inicia-se e termina com a menstruação. A menstruação é um sinal que mostra que a mulher ovulou, mas este óvulo não foi fecundado.

A primeira menstruação da vida da mulher chama-se menarca. A última chama-se menopausa.

Por convenção, o ciclo menstrual (ciclo ovulatório) inicia-se no primeiro dia da menstruação, durando, em média, 28 dias e terminando no primeiro dia da menstruação seguinte. Algumas mulheres têm períodos mais curtos de até 21 dias, enquanto outras possuem períodos mais longos, indo até 35 dias. Mulheres adolescentes com menarca recente podem ter ciclos de até 45 dias, uma vez que seu sistema reprodutor ainda está amadurecendo.

O mesmo prolongamento pode ocorrer com mulheres próximas da menopausa, quando já começa a haver sinais de falência dos ovários.

Ao contrário dos homens que produzem seus espermatozoides continuamente ao longo de toda a vida, as mulheres nascem com um número contado de óvulos. São cerca de 450.000 e eles ficam estocados nos ovários, sendo liberados, na maioria das vezes, apenas um por ciclo.

Enquanto os homens são férteis por toda a vida, as mulheres só podem engravidar entre o período de anos que compreende a menarca e a menopausa.

Os órgãos reprodutores das mulheres consistem em dois ovários, duas trompas, um útero e a vagina.

Para facilitar o entendimento, vamos considerar o ciclo normal aquele com 28 dias, começando e terminando sempre no primeiro dia da menstruação.

O ciclo menstrual é regido pelos hormônios FSH e LH, produzidos na hipófise, glândula localizada no cérebro, e pelos hormônios estrogênio e progesterona, produzidos pelos ovários. Todo o processo hormonal tem duas funções: provocar a ovulação e preparar o útero para receber o feto, caso o óvulo seja fecundado.

O que ocorre durante o ciclo menstrual?

  • Durante os primeiros dias do ciclo, o cérebro produz o hormônio FSH que provoca o amadurecimento dos folículos, que por sua vez, passam a produzir estrogênio.
  • Enquanto os folículos vão ficando maduros, o estrogênio age no útero, fazendo com sua parede (endométrio) cresça e se torne um local propício para a implantação do óvulo, caso este seja fecundado.
  • 14 dias antes da próxima menstruação, quando pelo menos um dos folículos já se encontra suficientemente maduro, a hipófise lança na corrente sanguínea um outro hormônio, chamado LH, que dentro de 36 horas provocará a ovulação.
  • Quando a mulher ovula, lança seu óvulo em direção as trompas e o ovário começam a produzir um novo hormônio, a progesterona, que será responsável em manter o útero rico em nutrientes e circulação de sangue, à espera do feto.
  • Se o óvulo não for fecundado, ele se degenera e a concentração de todos estes hormônios começa a cair. Sem hormônios, a parede espessa do útero não tem como se manter, e ela desaba. Isto é a menstruação. Agora, um novo ciclo se reinicia.

Dia da Ovulação

Nas mulheres com ciclo menstrual regular, é possível prever o período fértil, pois em 95% dos casos, a ovulação ocorre nos quatro dias anteriores ou posteriores ao ponto médio do ciclo. 30% das mulheres ovulam exatamente no meio ciclo.

Ou seja, mulheres com ciclo regular de 28 dias têm o ponto médio do ciclo com 14 dias. 30% delas irão ovular exatamente no 14º dia de ciclo. No restante, o dia da ovulação costuma ocorrer entre os dias 11 e 18 do ciclo.

Por quantos dias a mulher permanece fértil?

O óvulo, após a ovulação, tem uma vida útil muito curta, cerca de 12-24 horas. Por isso, se a mulher ovular hoje, o espermatozoide tem um prazo máximo de 24 horas até encontrá-lo.

Como o espermatozoide tem uma vida muito mais longa, cerca de 3 a 7 dias, as maiores chances de fecundação ocorrem quando a relação sexual acontece 24 a 48 horas antes da ovulação. O ideal é que, quando o óvulo chegue à trompa, já exista uma grande quantidade de espermatozoides à sua espera.

Levando-se em conta a vida média do óvulo e dos espermatozoides, na prática, o período fértil acaba por compreender, em média, os 5 a 6 dias antes da ovulação até o dia seguinte à mesma.

As relações sexuais ocorridas dentro das 48 horas antes da ovulação são aquelas com maior chance de gerar uma gravidez.

Estudos mostram que as chances de engravidar de acordo com a data da relação sexual são as seguintes:

  • Até cinco dias antes da ovulação – 4%.
  • Até dois dias antes da ovulação – 25 a 28%.
  • Durante as 24 horas após a ovulação – 8 a 10%.
  • Para o restante do ciclo – 0%

Dicas de como Engravidar

Trabalhos atuais mostram que a qualidade do sêmen é maior quando ocorre intervalo de 2 a 3 dias entre as ejaculações. Por isso, para quem deseja engravidar, indica-se o coito dia sim, dia não, ou pelo menos, a cada 2 dias.

Quando não é fácil prever o dia da ovulação, sugere-se aos casais que queiram engravidar ter relações sexuais três vezes por semana, iniciando-as logo após o fim da menstruação. Deste modo garante-se pelo menos 3 relações dentro do período fértil, com um sêmen de boa qualidade.

A posição em que se pratica o sexo e a presença ou não de orgasmo na mulher não influenciam na probabilidade de concepção. Do mesmo modo, ficar com as pernas para o alto ou qualquer outro tipo de posição ao final da relação sexual também não têm influência nenhuma. Nada indica que ocorra diminuição das chances de fecundação se a mulher retomar suas atividades logo após o fim do coito. Não é por falta de acrobacias ou devido a sua posição sexual favorita que você vai deixar de engravidar.

O uso de alguns lubrificantes vaginais inibe a motilidade dos espermatozoides e podem reduzir as chances de fecundação. Para casais com dificuldade em engravidar, sugere-se evitá-los.

Como saber se estou ovulando?

Existem algumas maneiras de se estimar o momento da ovulação. Como já foi dito, nas mulheres com ciclo menstrual muito regular é possível prever a data da próxima menstruação, prevendo, assim, que aproximadamente 14 dias antes será o dia da ovulação. O problema é que a maioria das mulheres não possui ciclos tão regulares que permitam utilizar essa técnica tão bem.

Logo após o pico de LH que induz a ovulação, a temperatura corporal das mulheres se eleva discretamente, cerca de 0,5ºC, permanecendo assim por mais 10 dias.

Infelizmente esse método é pouco útil na prática. A medição da temperatura é um método bom para saber retrospectivamente se a mulher ovulou recentemente, mas essa subida costuma ocorrer tardiamente em relação a ovulação, não servindo para indicar o momento certo da relação sexual. Como o óvulo tem vida muito curta, quando se identifica a subida da temperatura, este praticamente já não está mais viável.

Outro modo de pesquisar a ovulação é através do muco vaginal. Alguns dias antes da ovulação, o muco produzido pelo útero se altera, tornando-se mais espesso e elástico. Este muco é chamado de muco fértil, pois favorece a mobilidade dos espermatozoides em direção ao útero e às trompas.

Muitas mulheres conseguem detectar essa alteração nas características do seu muco, sendo uma indicação de que a ovulação está próxima de acontecer.

Algumas mulheres apresentam dor no momento da ovulação. A ruptura do folículo ovariano para liberar o óvulo, pode causar uma discreta irritação do peritônio, causando dor no lado onde está o ovário que ovulou. Esta síndrome é chamada de mittelschmerz, que significa dor no meio (do ciclo) em alemão.

Na prática, o modo mais simples para se identificar o período fértil é a dosagem do LH, uma vez que este se eleva 36 horas antes da ovulação. Já existem testes de urina, que podem ser adquiridos em farmácias, para detecção dos picos do LH pré-ovulatórios. É preciso salientar, porém, que existem falsos positivos.

Se você tem dificuldade em engravidar, o ideal é que este processo de acompanhamento da ovulação seja feito por um médico em uma consulta de infertilidade. Através da ultrassonografia o médico consegue visualizar diretamente os seus ovários e descobrir se há algum folículo maduro, pronto para romper-se e liberar um óvulo. O médico também pode estimular a ovulação com medicamentos, tornando o período fértil bastante previsível.

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Anemia e Miomas Uterinos

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre o risco do Mioma gerar anemia. Imagem: Cassi Josh no Unslpash.

O aumento do fluxo menstrual causado pela presença dos miomas uterinos pode levar ao desenvolvimento de quadros de anemia.

Essa condição caracteriza-se pelos baixos níveis de ferro no organismo que podem gerar complicações como, fraqueza, cansaço, tonturas, queda de cabelo e também prejudica a concentração e a memória.

Por isso, é fundamental acompanhar os níveis de ferritina no sangue. Tais marcadores apontam a quantidade de ferro estocada pelo fígado e disponível para o corpo.

Caso seja diagnosticada carência dessa substância é imprescindível que profissionais da saúde investiguem as causas para impedir que a carência evolua para ausência desses marcadores.

Com o diagnóstico correto da anemia é possível orientar o tratamento adequado para o problema.

Atenção especial deve ser dada à alimentação durante o tratamento da anemia causada pelos miomas. Vegetais e frutas, como espinafre, couve, rúcula, brócolis, laranja e limão são ótimas opções para casos de carência de ferritina.

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Dispareunia e Fisioterapia

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre a Dispareunia causada pela Endometriose. Imagem: Keenan Constance no Unsplash.

A dispareunia, caracterizada pela dor durante o contato íntimo, é um desdobramento muito comum das disfunções osteomusculares em função da endometriose. 

endometriose é uma doença difícil de ser diagnosticada. Estimativas apontam que transcorrem cerca de 10 anos entre o início dos sintomas, o diagnóstico correto e, finalmente, o tratamento.

Durante todo esse tempo, a paciente convive com dores severas sem diagnóstico, o que muitas vezes resulta em complicações secundárias como as disfunções psicológicas e musculoesqueléticas.

As alterações ósseas, musculares e articulares representam agravamento e perpetuação dos sintomas da dor. 

Problemas com a musculatura do períneo ou nas articulações sacro-ilíacas e seus respectivos ligamentos também prejudicam as pacientes em sua vida sexual, afinal tais disfunções podem irradiar dores para o períneo ou vagina.

Inclusive, a adoção da postura antálgica (realizada por indivíduos no intuito de evitar ou diminuir a dor) por longos períodos de tempo também podem ocorrer junto com os sintomas citados acima.

O desequilíbrio da musculatura é capaz de aplicar força de alongamento constante sobre os músculos do assoalho pélvico que, por sua vez, pode causar a flacidez desses grupos musculares e intensificar quadros de dispareunia mesmo durante ou depois dos tratamentos da doença.

A fisiologia pélvica é comprometida pelas tentativas instintivas de ajustar o corpo para evitar a dor. Quadris, membros inferiores e a própria pelve, quando desalinhadas, causam danos fisiológicos e disfunções dos músculos do assoalho pélvico.

A Dispareunia

A dispareunia pode ser dividida em dois tipos: dispareunia superficial e a dispareunia profunda. Em alguns casos, pode ocorrer também a dispareunia tardia, que acontece depois das relações sexuais.

Em pacientes com endometriose, principalmente profunda, identificamos geralmente a dispareunia de profundidade. Ela é resultado da inflamação e distensão dos tecidos da pelve que podem causar útero em retroversão fixa, pressão sobre os ovários ou prejuízos aos ligamentos uterossacros e da região retrocervical.

Por causa da dispareunia, muitas pacientes têm sua satisfação sexual prejudicada ou mesmo optam pela abstinência das relações sexuais.

O Tratamento da Dispareunia

Fisioterapeutas especializados em saúde feminina podem indicar diferentes métodos de tratamento para as pacientes com disfunções nos músculos do assoalho pélvico e com alterações posturais desencadeadas pela endometriose e pela dor pélvica crônica.

O objetivo do tratamento é normalizar o tônus muscular, aumentar a consciência corporal e propriocepção da musculatura pélvica, diminuir os pontos de dor na vagina e melhorar o padrão postural das pacientes.

A liberação miofacial é um dos métodos terapêuticos mais utilizados pois possibilita a liberação das camadas profundas das fáscias, o que favorece a troca de viscosidade das camadas miofasciais de um músculo para o outro, bem como a composição das interligações fibrosas das regiões afetadas.

Com o acompanhamento correto é possível tonificar os músculos e dessensibilizar os pontos de dor que causam a dispareunia e tantas outras disfunções musculoesqueléticas.

Assim sendo, reduzir os quadros dolorosos e possibilitar melhorias significativas na qualidade de vida das pacientes é possível com o auxílio de fisioterapeutas capacitados.

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Sangramento Excessivo e Miomas Uterinos

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre o sangramento excessivo causado pelo mioma uterino. Imagem: Nadezhda Morya no Pexels.

É considerável o número de mulheres que nem sabem que possuem miomas uterinos. Esses tumores benignos têm origem durante a idade reprodutiva e podem aumentar em tamanho ou quantidade com o passar do tempo.

Ainda não existem maneiras cientificamente comprovadas de evitar o desenvolvimento dos miomas. Todavia, pesquisas apontam que mulheres obesas possuem mais chances de serem acometidas por esse tipo de lesão uterina.

Existem outros fatores que favorecem o desenvolvimento dos miomas. A saber:

  • histórico familiar (mais risco para parentes de primeiro grau);
  • nuliparidade (quem ainda não teve nenhum filho);
  • menarca precoce;
  • cor da pele negra.

Outra peculiaridade dos miomas é que muitas vezes eles são assintomáticos, o que dificulta um diagnóstico precoce. 

Porém, quando os sintomas se manifestam, o mais comum deles é o sangramento excessivo durante a menstruação, seguido pela dor pélvica, cólicas menstruais, dor nas relações íntimas ou ao evacuar. Em alguns casos o mioma também pode causar infertilidade.

Diagnóstico e Tratamento.

O diagnóstico dos miomas geralmente é realizado por meio de exames ginecológicos e confirmados com auxílio de ultrassom.

O tratamento, por sua vez, costuma ser cirúrgico. O procedimento pode ser feito para retirar apenas o mioma (miomectomia) ou, em casos extremos, o útero (histerectomia).

Anos atrás esse tipo de cirurgia era realizada por laparotomia, técnica em que o abdômen é aberto com um corte semelhante ao utilizado em cesáreas.

Nos dias de hoje existem outras possibilidades de cirurgias minimamente invasivas. Quando as características do caso permitem e há disponibilidade de recursos, a cirurgia laparoscópica pode ser indicada.

Nesse tipo de procedimento, uma micro-câmera é introduzida junto aos equipamentos cirúrgicos, através de pequenas incisões. A histeroscopia segue o mesmo preceito minimamente invasivo, porém é indicada quando a lesão cresce para dentro da cavidade uterina.

Essas técnicas mais recentes apresentam as vantagens de um pós-operatório menos incômodo e uma recuperação mais rápida.

Outra possibilidade que a medicina moderna oferece é a embolização dos miomas. Entretanto, esse tipo de procedimento é indicado apenas quando existem dificuldades consideráveis ou mesmo a impossibilidade de acessar as lesões com as outras técnicas minimamente invasivas supracitadas.

Quanto aos sangramentos excessivos, existem alguns medicamentos capazes de diminuir o fluxo da menstruação, mas são difíceis de serem encontrados no Brasil e não representam um tratamento para a cura. O objetivo único é controlar o sangramento, mas seu uso pode fazer com que a cirurgia seja descartada.

Procure seu médico de confiança caso perceba um fluxo intenso na menstruação ou qualquer outra manifestação anormal em seu organismo.

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Pólipos Endometriais

Dra Claudiani Branco Ginecologista fala sobre os pólipos endometriais. Imagem: Evie S no Unsplash.

Os pólipos endometriais caracterizam-se pelo crescimento hiperplásico das glândulas endometriais, e de seu estroma, ao redor de um núcleo vascular, formando uma projeção séssil ou pediculada a partir da superfície do endométrio. Podem ser únicos ou múltiplos, com tamanho variando de poucos milímetros a vários centímetros de diâmetro.

Trata-se de afecção rara entre as mulheres com menos de 20 anos de idade, no entanto, sua incidência aumenta progressivamente com o aumento da idade, atingindo sua máxima incidência na quinta década de vida, e regredindo gradualmente após a menopausa. A prevalência de pólipos endometriais é de 10 a 24 por cento em mulheres submetidas à biópsia endometrial ou histerectomia.

A maioria dos pólipos endometriais é benigna, mas a malignidade pode ocorrer em algumas mulheres. Em revisão sistemática que incluiu mais de 10.000 mulheres observou-se que a incidência de doenças malignas ou pré-malignas (hiperplasia simples ou complexa – com e sem atipias – e pólipos endometriais com hiperplasia) associada aos pólipos foi significativamente maior na pós-menopausa em comparação com as mulheres na pré-menopausa(5,4% x 1,7%, respectivamente; RR 3,86, IC 95% 2,9-5,1) e também naqueles nas mulheres com sangramento em comparação com aquelas sem sangramento (4,2% e 2,2%, respectivamente; RR 2,0, IC 95% 1,2-3,1) [22]. O estudo não permitiu concluir sobre a possível associação entre o tamanho dos pólipo e a malignidade. 

O uso de tamoxifeno, em mulheres após a menopausa, é um factor de risco para o desenvolvimento de pólipos endometriais, com incidência mais elevada e variando de 8% a 36% [2]. Nestas mulheres os pólipos podem ser grandes (> 2 cm),múltiplos, e mostrar alterações vasculares sugestivas dos processos hiperplásicos. 

A transformação maligna dos pólipos parece ocorrer mais freqüentemente nas mulheres em uso de tamoxifeno (3% a 11%) do que em outras mulheres [2].Não há evidências sobre a associação entre malignidade e tamanho dos pólipos ou duração da terapia com tamoxifeno

Fisiopatologia 

A fisiopatologia dos pólipos endometriais ainda é incerta, no entanto vários mecanismos moleculares têm sido propostos para justificar o desenvolvimento dos pólipos endometriais. Estes incluem a hiperplasia endometrial monoclonal [7], a super-expressão da aromatase p450 no endométrio [8,9], presença de mutações de genes responsáveis pela proliferação celular, bem como daqueles responsáveis pelo processo apoptótico. 

A ausência de receptores de progesterona nos pólipos sugere que, como no tecido endometrial normal, a progesterona pode exercer uma função anti-proliferativa nos pólipos. Isto foi recentemente demonstrado em um subgrupo de mulheres com pólipos submetidas ao tratamento tamoxifeno.

Enquanto no endométrio os andrógenos podem causar a atrofia endometrial, um estudo observacional em mulheres na pós-menopausa sugere que a testosterona não substitua a atividade progestacional nos pólipos. Tal pensamento foi confirmado nesta coorte de pacientes na qual evidenciou-se que a reposição de estrogênio mais testosterona foi associada a um risco aumentado de hiperplasia endometrial simples.

Os Sintomas 

Os pólipos endometriais são responsáveis por aproximadamente um quarto dos casos de sangramento genital anormal em mulheres na pré-menopausa e na pós-menopausa.

A metrorragia e a mancha intermenstrual (“spotting”) é o sintoma mais freqüente em mulheres com pólipos endometriais, ocorrendo em cerca de metade dos casos sintomáticos. Outros sintomas menos frequentes incluem sangramento na pós-menopausa e sangramento de escape durante a terapia hormonal. Deve-se ressaltar no entanto que muitos pólipos são  assintomáticos e seu diagnóstico se faz somente como achado ocasional em exames de imagem realizados durante a visita de rotina anual ao ginecologista.

As opções de diagnóstico diferencial de sangramento genital em mulheres na pós-menopausa são menos amplas que as observadas em muheres na menacme, pois as várias causas de sangramento anormal nesta faixa etária, como a anovulação, são menos relevantes.

Os achados histológicos mais frequentes em mulheres com sangramento anormal na pós menopausa são:

  • Atrofia (59%)
  • Pólipos (12%)
  • Câncer de endométrio (10%)
  • Hiperplasia de endométrio (9,8%)
  • Reposição hormonal (7%)
  • Câncer do colo uterino (< 1%)

É controverso se o pólipo endometrial contribuir para a infertilidade ou mau prognóstico gestacional, como abortamento. O achado de uma anomalia uterina não é, em si, uma indicação de intervenção cirúrgica, pois não há a comprovação das repercussões desta anomalia sobre os aspectos funcionais da fertilidade. No entanto, quando um mioma submucoso, um pólipo endometrial, o útero septado ou sinéquias uterinas são descobertos em uma paciente com dificuldades para engravidar ou com abortos de repetição, a terapia cirúrgica com remoção, ou correção destas afecções deve ser considerada.

Sugere-se que a remoção histeroscópica de pólipos endometriais possa  aumentar a taxa de gravidez em mulheres submetidas à inseminação intra-uterina. Assim, considerando-se estes dados e outras evidências de que a distorção da cavidade uterina por miomas submucosos e, possivelmente, intramurais possa diminuir a taxa de gestação a termo, recomenda-se a remoção dos pólipos endometriais antes de um ciclo de FIV.

Diagnóstico

O diagnóstico definitivo dos pólipos endometriais só se obtém por meio do exame microscópico amostras de tecido obtidas por meio da curetagem uterina, da biópsia endometrial, da histeroscopia diagnóstica ou terapêutica, ou eventualmente do próprio útero obtido em cirurgia de histerectomia. A excisão dos pólipos permite o diagnóstico e cura destas lesões. 

Não obstante saber-se que os métodos de diagnóstico por imagem, ultrassonografia e histeroscopia, não detém o poder de distinguir de forma confiável os pólipos benignos dos malignos, o emprego destes métodos na atualidade é altamente recomendado na rotina diagnóstica do sangramento uterino anormal. 

A histerossonografia (ultrassonografia pélvica transvaginal que aplica a infusão intra-uterina de soro fisiológico) é outra modalidade minimamente invasiva útil para avaliar pólipos em mulheres com sangramento uterino anormal. Trata-se de procedimento mais preciso que a ultrassonografia pélvica transvaginal no diagnóstico dos pólipos endometriais  (93%  e 65%, respectivamente).

Em casos duvidosos, em pacientes com sangramento uterino anormal, a histeroscopia diagnóstica ainda é o exame padrão ouro para a confirmação das lesões intra-cavitárias. O advento da histeroscopia cirúrgica ambulatorial tem permitido a realização simplificada e simultânea do diagnóstico e remoção dos pólipos endometriais de dimensões pequenas ou moderadas.

Evolução Clínica

São escassos os estudos que tratam da história natural dos pólipos endometriais. Assim, pouco se sabe sobre a possível regressão ou recorrência dos pólipos endometriais. Em estudo prospectivo que avaliou 64 mulheres assintomáticas em idade reprodutiva, que apresentavam sangramento uterino anormal, identificou-se que 7 delas (10%) apresentavam pólipos endometriais. O acompanhamento destas pacientes demonstrou a regressão das imagens sugestivas de pólipo endometrial em quatro das sete mulheres com diagnóstico prévio de pólipo endometrial. Novos pólipos foram diagnosticados nestas mulheres após dois anos e meio de seguimento.

A formação de novos pólipos endometriais, apesar de rara, deve ser encarada com mais prudência na confirmação histológica das lesões e na técnica cirúrgica empregada na remoção dos mesmos. Nesses casos, deve-se redobrar os cuidados técnicos, certificando-se da remoção completa dos mesmos, com remoção superficial do endométrio e do miométrio adjacente aos pólipos. Fica, portanto, limitada a definição de protocolos de conduta adequados para estas situações clínicas. Uma opção terapêutica a ser considerada nestas situações é o emprego de terapia hormonal com progestogênios como, por exemplo, acetato de medroxiprogesterona, 10 mg por dia durante três a seis meses. O uso do dispositivo intra-uterino medicado com levonorgestrel é outra alternativa adequada para os casos de recorrência dos pólipos repetidas vezes. A ablação histeroscópica do endométrio é também uma opção a ser considerada para mulheres que não desejam mais gestação.

Tratamento 

O seguimento clínico (2 a 52 meses) das pacientes submetidas a polipectomia demonstram melhora dos sintomas em 75% a 100% das pacientes operadas. O método mais eficaz para a remoção dos pólipos endometriais é a histeroscopia cirúrgica, que pode ser realizada de forma ambulatorial com o set de Bettocchi ou hospitalar com o ressectoscópio. Outras técnicas como a curetagem ou a aspiração manual intra-uterina, são menos eficazes na remoção completa dos pólipos, permitindo por consequência maior porcentagem de reformação dos mesmos. 

Recomenda-se a utilização rotineira da histeroscopia cirúrgica para a remoção dos pólipo endometriais pois as outras técnicas, em especial a curetagem uterina, pode “perder”ou não identificar pequenos pólipos ou outras anormalidades estruturais uterinas.

O emprego dos análogos do GnRH, em pacientes com desejo de gestação, foi relatado por alguns autores em algumas situações especiais e deve ser considerada como terapia de exceção pois os sintomas podem reaparecer após a descontinuação da terapia medicamentosa. 

A polipectomia pode melhorar a fertilidade em mulheres subférteis com pólipos endometriais assintomáticos. Esta conduta encontra suporte na literatura em estudo que demonstrou que a remoção histeroscópica dos pólipos endometriais em mulheres submetidas a inseminação artificial intra-uterina, melhorou significativamente a taxa de gravidez (63% e 28%, respectivamente). Esta conduta conduta é referendada por outros estudos observacionais e séries de casos que propõe a polipectomia histeroscópica em mulheres inférteis, mesmo na ausência de sangramento anormal.

Considerando que não existem dados de ensaios clínicos randomizados para orientar a terapia nas mulheres assintomáticas portadoras de pólipos endometriais. Sugere-se portanto a remoção de pólipos endometriais de qualquer tamanho em mulheres assintomáticas com fatores de risco para hiperplasia endometrial ou carcinoma, como por exemplo: na pós-menopausa ou na menacme com história familiar ou pessoal de câncer de ovário, de mama, de cólon, na usuárias de tamoxifeno, nas anovuladoras crônicas, nas obesas, nas usuárias de terapia estrogênica e naquelas com antecedente de  hiperplasia endometrial antes). Em mulheres assintomáticas sem fatores de risco, recomenda-se realizar a polipectomia quando há múltiplos pólipos ou, em mulheres na pré-menopausa, um pólipo único superior a 2 cm ou, em mulheres na pós-menopausa, um pólipo único superior a 1 cm.

Em mulheres na menacme, e na ausência de fatores de risco para hiperplasia endometrial / câncer, os pólipos assintomáticos com menos de 2 cm podem regredir e, por isso, são passíveis de acompanhamento clínico com conduta expectante.

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Vulvodínia

A vulvodínia, também conhecida como vestibulite vulvar, é uma situação caracterizada pela dor e/ou desconforto crônico na região da vulva da mulher e que dura pelo menos três meses. Além disso, é comum que na vulvodínia a mulher apresente vermelhidão e sensação de picada na região genital, o que pode fazer com que seja confundida com outras situações como dermatose e infecções na região genital, por exemplo.

A vulvodínia é uma situação bastante desconfortável para a mulher e a dor pode durar horas ou dias após a relação sexual. Por isso, é importante que a mulher consulte o ginecologista para que seja feita uma avaliação e possa ser indicado o tratamento mais adequado para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Dra Claudiani Branco para sobre os cuidados e tratamento para a Vulvodinia, também chamada vestibulite vulvar.

Sintomas de vulvodínia

Os sintomas de vulvodínia normalmente estão presentes por mais de três meses e podem ser constantes ou não. Normalmente a dor e o desconforto são mais intensos após a relação sexual, podendo durar horas ou dias após a relação e podendo dificultar a realização de atividades diárias básicas, como sentar, por exemplo. Os principais sintomas de vulvodínia são:

  • Dor ao toque e irritação na região da vulva;
  • Vermelhidão e sensação de picada na região genital;
  • Sensibilidade aumentada;
  • Sensação de picada e queimação na região da vulva;
  • Dificuldade para inserir tampões ou aplicadores vaginais;
  • Dor durante a relação sexual.

É importante que na presença desses sintomas a mulher consulte o ginecologista, que irá realizar exames de observação e toque, para identificar os pontos de sensibilidade ou dor.

Além disso, são normalmente indicados exames que ajudem a descartar outras situações como infecção genital, dermatose, neoplasia na região genital e alterações neurológicas, e, assim, confirmar o diagnóstico de vulvodínia e indicar o tratamento mais adequado.

Possíveis causas

As causas da vulvodínia ainda não são totalmente esclarecidas, no entanto acredita-se que pode acontecer devido a uma combinação de fatores, como por exemplo:

  • Dor neuropática;
  • Fatores genéticos;
  • Problemas ou disfunções no assoalho pélvico;
  • Alterações hormonais;
  • Alterações nas vias nervosas.

Além disso, o surgimento desta doença encontra-se também associado a outros fatores que incluem fibromialgia, síndrome do intestino irritável, estresse pós-traumático, depressão, enxaqueca ou candidíase recorrente.

Como é feito o tratamento

O tratamento para a vulvodínia pode variar de acordo com a intensidade dos sintomas apresentados pela mulher e tem como objetivo aliviar os sintomas e promover a qualidade de vida, uma vez que não tem cura.

Assim, o tratamento pode envolver o uso de remédios com estrogênio, que podem ajudar no alívio dos sintomas, antidepressivos ou antiepilépticos que ajudam a relaxar a musculatura da região. Além disso, o médico pode indicar o uso de lubrificantes e anestésicos tópicos, como o gel de lidocaína, por exemplo, antes e durante a relação sexual, além de também poder ser aplicado nos dias em que a dor é mais intensa.

Nos casos mais graves, em que não há melhora dos sintomas com o uso de remédios, pode ser recomendada a realização de uma cirurgia chamada vestibulectomia. Além disso, os cuidados diários com a região genital também são muito importantes, especialmente os cuidados com a pele e higiene da vulva, uma vez que a utilização de produtos agressivos ou irritantes podem agravar os sintomas.

O tratamento também pode ser complementado através da realização de fisioterapia ginecológica com aparelhos como TENS para diminuir a dor e exercícios que fortaleçam o assoalho pélvico, como exercícios de Kegel, pompoarismo ou com cones vaginais.

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APARELHO GENITAL FEMININO

O aparelho genital feminino é formado pelos órgãos genitais internos e externos. Os órgãos internos são: vagina, ovários, trompas de Falópio(ou tubas) e útero.

Dra Claudiani fala sobre o aparelho genital feminino

Os órgãos externos são: monte de Vênus (monte púbico) e vulva, que engloba os grandes lábios, os pequenos lábios e o clitóris.

O sistema reprodutor feminino, além de produzir os hormônios sexuais e óvulos, é onde se dá a fecundação. É no seu interior que o feto se desenvolve por nove meses.

A vagina é um espaço tubular fibromuscular, recoberto por uma mucosa pregueada, com aproximadamente 10 centímetros de comprimento. Ela que faz a comunicação entre a vulva e o útero. Sua função é dar saída ao fluxo menstrual, receber o pênis durante a relação sexual e formar o canal do parto. Devido a essa última função, a vagina possui grande elasticidade.

Os ovários são as gônadas femininas, e produzem os hormônios femininos (estrogênio e progesterona). São pequenas estruturas ancoradas por ligamentos como mesovário e o ligamento útero-ovárico. É neles que o óvulo se desenvolve.

Dra Claudiani fala sobre o aparelho genital feminino

O útero é um órgão oco, com paredes musculares espessas. Serve como caminho para os espermatozoides chegarem à tuba uterina para a fertilização e também abriga o feto durante o seu desenvolvimento. O seu volume pode chegar até cinco litros. Em seu interior, na parte superior, encontra-se o colo do útero. É ligado às tubas uterinas ou Trompas de Falópio.

Trompas de Falópio são tubas compostas por um canal, com forma de funil, recoberto em sua extremidade por franjas, as fímbrias, por uma ampola e por um istmo.

Dra Claudiani fala sobre o aparelho genital feminino

Fazendo parte dos genitais externos, está o monte de Vênus, ou monte púbico, uma elevação de tecido adiposo, recoberto por pelos, que protege a superfície ósseo-cartilaginosa.

Os grandes lábios são dobras constituídas de pele e tecido adiposo, recobertas por pelos. Os pequenos lábios são tecidos sem gordura. Na parte superior dos pequenos lábios encontra-se o clitóris, uma massa de tecido erétil de aproximadamente 2 cm de comprimento. O clitóris tem a função exclusiva de proporcionar prazer sexual.

Entre os pequenos lábios fica a abertura da vagina, que é recoberta por uma fina membrana altamente vascularizada chamada de hímen. É importante perceber que o hímen não “fecha” o canal: ele está presente ao redor do orifício. As mulheres que nascem com o canal obstruído por esse tecido precisam passar por cirurgia corretora, para que o fluxo menstrual possa ser eliminado do organismo. O hímen não necessariamente ainda estará presente na primeira relação sexual, pois pode desaparecer bem antes da puberdade, em atividades como abrir as pernas na ginástica, andar de bicicleta, masturbação, entre outros. Outro mito sobre o hímen é que ele será rompido na primeira relação: em muitas mulheres, a penetração vaginal não leva ao rompimento do hímen e ao sangramento, especialmente se for feita com delicadeza.

O que são as CONTRAÇÕES DE BRAXTON HICKS?

As contrações de Braxton Hicks, também conhecidas como contrações de treinamento ou falso trabalho de parto, são contrações uterinas que podem ser percebidas habitualmente a partir do terceiro trimestre de gravidez.

Dra Claudiani Branco fala sobre As contrações de Braxton Hicks. Foto: Pelayo Arbues no Unsplash.

Apesar de frequentemente causarem alguma apreensão na grávida, essas contrações são inocentes, não provocam mal ao bebê e não têm nenhuma relação como o início do trabalho de parto.

As contrações de Braxton Hicks foram descritas pela primeira vez em 1872, pelo médico John Braxton Hicks, e são consideradas uma forma do útero “treinar” para o momento do parto; elas não são contrações expulsivas e, portanto, não acarretam em risco de parto prematuro. Nenhuma gestante entra em trabalho de parto devido as contrações de Braxton Hicks.

As contrações de treinamento já podem estar presentes desde o primeiro trimestre de gravidez, porém, na maioria dos casos, elas são discretas e a grávida só passa realmente a percebê-las a partir do final do segundo trimestre. À medida que a gravidez avança, as contrações de Braxton Hicks tendem a se tornar cada vez mais comuns, estando presentes até as suas últimas semanas da gestação.

As contrações de Braxton Hicks são curtas e ocorrem em intervalos irregulares e imprevisíveis. Situações triviais podem desencadeá-las, tais como aumento da atividade por parte da mãe ou do bebê, palpação do abdômen, relações sexuais, desidratação ou ter a bexiga cheia.

DIFERENÇAS ENTRE AS CONTRAÇÕES DE BRAXTON HICKS E AS CONTRAÇÕES DO PARTO

Umas das diferenças mais marcantes entre as contrações de Braxton Hicks e as contrações do parto é o fato da primeira ser habitualmente indolor e de frequência irregular. As contrações de treinamento podem até ser incômodas em alguns casos, mas elas são bem diferentes das intensas e dolorosas contrações do trabalho de parto.

A forma de descrever as contrações de treinamento pode ser diferente de mulher para mulher. Há algumas grávidas que descrevem as contrações de treinamento como algo semelhante a leves cólicas menstruais ou cólicas intestinais, apesar desta não ser apresentação mais comum. Na maioria dos casos, o que as mulheres descrevem mesmo são apenas contrações uterinas indolores.

Como já referido, as contrações de Braxton Hicks são irregulares, os seus intervalos são imprevisíveis e elas não vão se tornando cada vez mais fortes e frequentes com o passar das horas, que é exatamente o comportamento das contrações do parto.

Outro fato que é típico das contrações de treinamento é o alívio das contrações após uma simples mudança de posição. Se a mulher está em pé, muitas vezes basta ela sentar-se ou deitar-se para que as contrações desapareçam. Deitar-se de lado também costuma ajudar.

De maneira oposta, durante o trabalho de parto, mudar de posição não tem nenhum efeito sobre as contrações. Quando se iniciam as contrações expulsivas, nada funciona para aliviá-las.

Características das contrações de Braxton Hicks:

  • São habitualmente indolores.
  • Surgem poucas vezes por dia.
  • Não surgem mais do que 2 vezes por hora.
  • São irregulares e imprevisíveis.
  • São de curtas, geralmente com duração menor que 30 segundos.
  • Não vão se tornando mais intensa com o passar das horas.
  • Quando uma contração é intensa, a contração a seguir costuma ser mais fraca.
  • Costumam estar localizadas em apenas uma parte do abdômen, geralmente na porção frontal.
  • Melhoram com mudanças de posição.
  • Melhoram com hidratação ou com micção.

Características das contrações normais do trabalho de parto:

  • São dolorosas.
  • Quando surgem, elas não param de vir.
  • Vão se tornando progressivamente mais fortes.
  • Vão se tornando progressivamente mais frequentes e previsíveis.
  • Os intervalos entre as contrações vão se tornando cada vez mais curtos.
  • Têm duração de 30 a 70 segundos.
  • Não melhoram com mudança de posição ou hidratação.
  • Costumam se localizar nas costas e na frente do abdômen (pode começar atrás e migrar para frente ou o inverso).

O QUE FAZER PARA ALIVIAR AS CONTRAÇÕES?

Apesar das contrações de Braxton Hicks serem tipicamente indolores, elas podem ser desconfortáveis. Para aliviar esse desconforto, algumas medidas podem ser tentadas:

  • Mude de posição. Se você está em pé, sente-se; se está sentada, fique em pé.
  • Beba bastante água.
  • Urine se tiver vontade.
  • Evite fazer esforços.
  • Tome um banho morno.
  • Tente comer.
  • Utilize técnicas de relaxamento (caso conheça alguma).

Não se preocupe com as contrações de treinamento. Elas são benignas e fazem parte de uma gestação saudável. E, se mesmo assim, ainda tiver dúvidas sobre o assunto, converse comigo usando os canais abaixo:

Tireoide

A tireoide é uma glândula localizada na frente dos anéis da traqueia, entre o pomo de adão e a base do pescoço e pesa entre 15 e 25 gramas no adulto. Tem a forma de um H ou de um escudo e consiste num istmo central com dois lobos, um de cada lado. Está fixada à laringe por um tecido conjuntivo e se movimenta com a deglutição.

Dra Claudiani Branco fala sobre os distúrbios da Tireóide. Foto: Taylor Deas no Unsplash.

Produz os hormônios tireoidianos (T3 e T4), responsáveis por diversos controles do organismo, como os batimentos cardíacos, os movimentos intestinais, a capacidade de concentração do cérebro, o tônus da musculatura, a regulação dos ciclos menstruais, do humor e da respiração celular. Controla, também, o armazenamento e a utilização de iodo e cálcio.

A tireoide também recebe comandos de outra glândula, a hipófise, que fica no cérebro e libera o hormônio estimulador da tireoide (TSH).

Essas siglas não merecem ser conhecidas à toa. Em geral, se os níveis de TSH não batem com o que é esperado para os hormônios tireoidianos, se suspeita de algo errado — são exames de sangue que apuram isso. TSH alto com T3 e T4 baixos é sinal de hipotireoidismo, desequilíbrio que, pelas estimativas, afeta um em cada dez brasileiros. No hipertireoidismo, presente em 2% da população, acontece o contrário: há tanto T3 e T4 no sangue que o TSH, que instiga a tireoide a trabalhar, é menos necessário e acaba diminuindo.

As projeções sobre o número de pessoas acometidas por esses problemas não são precisas, pois os critérios utilizados nos estudos e as características do grupo examinado podem variar —pessoas com uma dieta deficiente em iodo, por exemplo, correm maior risco, tanto é que o mineral é adicionado ao sal de cozinha.

Um exame de sangue tira a dúvida, mas, antes dos 40 anos, idade a partir da qual a encrenca se torna mais comum, é difícil fazer um check-up da tireoide. A solução passa por uma boa investigação médica em que o paciente deve informar, entre outras coisas, se tem histórico familiar de disfunções e procedimentos na glândula.

Distúrbios da Tireoide.

Hipotireoidismo

A glândula produz menos hormônio do que deveria. Como a tireoide regula o metabolismo, quando isso ocorre o organismo tende a ficar mais devagar. O tratamento é a reposição hormonal pelo resto da vida.

Sintomas:

  • pele ressecada;
  • sonolência;
  • dores nas articulações;
  • sensação de frio;
  • lentidão na fala;
  • prisão de ventre; 
  • ressecamento ou queda de cabelo; 
  • menstruação irregular;
  • inchaço facial; 
  • pálpebras caídas;
  • aumento de peso;
  • retenção de líquido; 
  • depressão;
  • palidez; 
  • batimentos cardíacos mais lentos;
  • fadiga;
  • falhas de memória;
  • mãos e pés frios; 
  • unhas frágeis; 
  • baixa libido.

Hipertireoidismo

É o oposto: a tireoide libera hormônios demais, acelerando o metabolismo. A detecção é um pouco mais fácil, uma vez que os sintomas são mais específicos (caso da perda de peso). Remédios e outras terapias equilibram esta disfunção.

Sintomas:

  • alterações no ritmo cardíaco (arritmia, taquicardia ou palpitações); 
  • insônia;
  • suor excessivo; 
  • sensação de cansaço; 
  • ansiedade; 
  • irritabilidade; 
  • fraqueza muscular; 
  • menstruação irregular (por vezes muito curta ou com pouco fluxo); 
  • diarreia; 
  • aumento do apetite;
  • queda de cabelo; 
  • tremores nas mãos;
  • perda de peso;
  • pele quente e intolerância ao calor;
  • dificuldade de raciocínio e concentração;
  • aumento visível da glândula (bócio) ou presença de nódulos na região;
  • agitação e hiperatividade;
  • olhos inchados ou saltados;
  • unhas quebradiças.

Nódulos

Costumam aparecer com o envelhecimento e, em geral, são benignos e pequenos, sem gerar risco nem exigir remoção. Pode ser necessário fazer acompanhamento caso aumentem de tamanho ou passem por transformações.

Câncer

Quando o nódulo é maligno, o caminho normalmente é extrair a tireoide. A maioria dos tumores ali é pouco agressiva e tem alta taxa de cura. Após a retirada da glândula, é preciso fazer reposição hormonal pela vida inteira também.

Quem deve ficar mais atento

Embora problemas na tireoide não dependam de sexo nem idade, alguns grupos são mais suscetíveis:

Mulheres

São dez vezes mais reféns de disfunções na glândula —o que pode prejudicar o sonho de ser mãe. As alterações costumam pintar na gestação e aumentam em incidência com a menopausa.

Idosos

Pessoas a partir de 65 anos devem ficar atentas, mas nem todos os casos de hipotireoidismo necessitam de tratamento, uma vez que o organismo tende a ficar mais lento com o envelhecimento.

Bebês

O teste do pezinho, feito em recém-nascidos, detecta o hipotireoidismo congênito. Se confirmada, a disfunção deve ser tratada o mais rápido possível para evitar sequelas e impactos no desenvolvimento.

Casos na família

Quem tem histórico familiar de problemas na tireoide e outras doenças autoimunes (psoríase, artrite reumatoide, diabetes tipo 1 etc.) precisa acompanhar mais de perto a situação da glândula.

Expostos à radiação

Ela eleva o risco de câncer e distúrbios na tireoide caso o indivíduo sofra muita exposição durante a infância. Os raios ionizantes utilizados em diagnósticos de imagem não são nocivos.

Profissões de risco

A preocupação rondaria pessoas que trabalham expostas cronicamente à radiação. Mas, com os devidos cuidados, médicos apontam que isso representa menos perigo que outros fatores.

PAra entender o impacto de alterações na TIreóide em mais detalhes, agende uma conversa comigo através dos canais abaixo:

Principais fases do trabalho de parto

As fases do trabalho de parto normal ocorrem de forma seguida e, incluem, de forma geral, a dilatação do colo do útero, período expulsivo e a saída da placenta. Geralmente, o trabalho de parto inicia-se espontaneamente entre as 37 e as 40 semanas de gestação e, existem sinais que indicam que a grávida vai entrar em trabalho de parto, como a expulsão do tampão mucoso, que é a saída de um líquido gelatinoso, rosado ou acastanhado pela vagina e a rotura da bolsa das águas, que é quando começa a sair o líquido amniótico transparente.

Dra Claudiani Branco fala sobre as fases do parto. Foto: Carlo Navarro no Unsplash.

Além disso, a grávida começa a ter contrações irregulares, as quais vão se intensificando, até ficarem regulares e com intervalos de 10 em 10 minutos. 

 1ª Fase – Dilatação

A primeira fase do parto é caracterizado pela presença de contrações e ao processo de dilatação do colo do útero e do canal de parto até que atinja 10 cm.

Esta fase é dividida em latente, em que a dilatação do colo do útero é menor que 5 cm e é caracterizada pelo aumento gradual da atividade uterina, presença de contrações uterinas irregulares e aumento das secreções cervicais, havendo perda do tampão mucoso, e ativa, em que a dilatação é superior a 5 cm e a mulher já começa a apresentar contrações regulares e dolorosas.

A duração da primeira fase do trabalho do parto pode variar de mulher para mulher, no entanto dura em média 8 a 14 horas. Durante esse período é comum que a mulher sinta dores devido às contrações, que ficam mais regulares e com intervalo menor entre uma e outra à medida que é verificada maior dilatação do colo do útero e do canal vaginal.

2ª Fase – Expulsão

O seguimento da fase ativa do trabalho de parto se dá pela fase de expulsão, em que o colo do útero já atingiu a dilatação máxima e se inicia a fase do período expulsivo, que pode demorar entre 2 e 3 horas.

O início da fase de expulsão recebe o nome de período de transição, que é relativamente curta e bastante dolorosa e o colo do útero adquire uma dilatação entre 8 e 10 cm ao final do período. Ao ser verificada dilatação adequada, a mulher deve começar a fazer força para a descida da apresentação fetal. Além disso, a posição para realização do parto pode ser escolhida pela gestante, desde que esteja confortável e que favoreça a segunda fase do trabalho de parto.

 3ª Fase – Dequitação: Saída da placenta

A fase da dequitação é a fase 3 do trabalho de parto e ocorre depois do nascimento do bebê, sendo caracterizada pela saída da placenta, que pode sair espontaneamente ou ser retirada pelo médico. Nessa fase é normalmente feita a administração de ocitocina, que é um hormônio que favorece o trabalho de parto e o nascimento do bebê.

4ª Fase – Quarto período

Essa última fase é definida como a primeira hora após a saída da placenta. Trata-se de um momento de observação da mãe pela equipe médica com o objetivo de evitar hemorragias. Depois desse período, o útero já está bem contraído.  

 Algumas mães podem se sentir nas “nuvens”, pois o organismo libera ocitocina, conhecido como “o hormônio do amor” e responsável por influenciar no vínculo entre a mãe e o bebê.

Dúvidas?

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